terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Hamburgo quer proibir circulação de carros até 2034

O projeto 'Rede Verde' possibilitaria locomoção através de bicicletas e a pé


Imagine um mundo sem carros. Nenhum ruído, sem trânsito, sem emissão de carbono e sem ciclistas amedrontados. Hamburgo, a segunda maior cidade da Alemanha, está tentando fazer isso se tornar realidade. As autoridades esperam banir todos os carros do centro da cidade ao longo dos próximos 20 anos realocando os passageiros em bicicletas e transporte público.

Nos termos de um esquema de desenvolvimento urbano audacioso chamado “Rede Verde”, não existirá mais veículos no centro da cidade de Hamburgo em 2034. ”Nós prevemos uma rede que não apenas vai ajudar os moradores a ir do ponto A para o B de uma forma sustentável, mas vai oferecer às pessoas oportunidades para caminhar, nadar, desfrutar de piqueniques, restaurantes e observar a natureza”, disse a porta-voz da cidade de Hamburgo, Angelika Fritsch.

Olhar para o mapa do projeto ajuda a explicar o que os planejadores ambientais de Hamburgo têm em mente. A cidade é rodeada de espaços verdes que são cortados por caminhos que levam ao centro da cidade, assim como o rio Elba tem seus afluentes funcionando como vias adicionais. Cerca de 30 urbanistas estão atualmente trabalhando para a reestruturação da cidade, na “rede” que terá cerca de 17 mil hectares.

Cidades como Londres têm um cinturão verde, mas a “Rede Verde” será única na cobertura de uma área da periferia para o centro da cidade. Segundo Fritsch, em 15 a 20 anos, será possível explorar a cidade exclusivamente por bicicleta ou a pé. A única grande cidade europeia a ter tentado algo semelhante é Copenhague, que está atualmente construindo 26 “auto-estradas de bicicleta”, que se espalham do centro da cidade para a periferia. O projeto faz parte do objetivo da capital dinamarquesa em emitir zero carbono até 2050.

Além de fazer de Hamburgo uma cidade mais verde, o principal objetivo da “Rede Verde” é ajudar a cidade a absorver as emissões de carbono e, no processo, evitar inundações e tempestades. O Partido Verde da Alemanha tem feito muito para aumentar a consciência pública sobre o desafio colocado pelo aquecimento global. A cidade é um importante porto do Mar do Norte, rodeada por água. As temperaturas médias de Hamburgo subiram 1,2°C para 9°C ao longo dos últimos 60 anos. Os níveis do mar subiram 20 centímetros no mesmo período.

No ponto de vista econômico, a Rede Verde tem seus críticos. Alguns argumentam que os espaços poderiam ser melhor ocupados com habitação ou desenvolvimento de negócios.


Fontes: The Independent-Auto ban: How Hamburg is taking cars off the road

domingo, 26 de janeiro de 2014

A destruição da infância

por Vicenç Navarro (*)


Está acontecendo algo muito grave que não vem sendo debatido: uma grande deterioração do meio cultural no qual as crianças estão submersas.


Está acontecendo algo sobre o qual não se comenta muito nos fóruns midiáticos e políticos do país (Espanha), e que está causando impacto enorme na qualidade de vida em nosso presente e em nosso futuro. Estou me referindo à grande deterioração do meio cultural no qual a criança está submersa. Um indicador disso, entre outros, é o mundo midiático ao qual as crianças estão expostas. E não me refiro somente ao número de horas que passam diante da televisão ou de outras mídias de entretenimento, o que continua sendo um problema grave (nos Estados Unidos, onde este tipo de estudo é sistematicamente realizado, o tempo de exposição subiu de uma hora e meia nos anos 1970 para cerca de quatro horas atualmente). Estou me referindo, além do tempo de exposição, à evidente deterioração dos conteúdos de produção midiática. A destruição no conteúdo educativo dos programas televisivos ou dos videogames tem sido eminente, com um aumento notável da promoção do consumismo, do individualismo, da violência, do narcisismo, do egocentrismo e do erotismo como instrumentos de manipulação.

A evidência de que isto se dá dessa maneira é assustadora. Estes conteúdos – que configuram de forma muito negativa os valores sociais – estão espalhados por toda a sociedade, incluindo os adultos. Mas o que é ainda mais preocupante é que muitos desses valores se apresentam com mais intensidade nos programas voltados para o público infantil. E a situação está piorando. Vou me explicar.

Em meados da década de 1970, foi feito um estudo sobre o conteúdo dos programas de televisão para meninos e meninas nos EUA. Foi realizado por pesquisadores da Johns Hopkins University. Nesta pesquisa, constatou-se que a violência, muito generalizada nos Estados Unidos, estava inclusive mais presente, paradoxalmente, na programação infantil. Tal estudo provocou uma revolta considerável naquele país. E fui eu a apresentá-lo no Congresso dos EUA, não enquanto professor realizador do estudo, mas como dirigente da Associação Americana de Saúde Pública (American Public Health - APH, segundo a sigla original), tendo sido escolhido entre o corpo diretivo pelos 50 mil membros dessa Associação.

O Comitê de Assuntos Sociais do Congresso dos EUA organizou uma série de depoimentos para analisar o que estava acontecendo nos programas de televisão orientados para crianças. E convocou uma sessão em que estavam, de um lado, os presidentes das três cadeias de televisão mais importantes do país (CBS, ABC e NBC) e, de outro, o representante da APHA (que era eu). Para sempre me lembrarei daquele momento. Ali estava eu, filho de La Sagrera, bairro popular por excelência de Barcelona, Espanha, com o enorme privilégio (em um país de imigrantes) de representar meus colegas da APHA e defender os interesses da população norte-americana diante de três das pessoas mais poderosas dos EUA, que durante seu depoimento tentavam ridicularizar o meu, alegando que eu estava exagerando quanto ao impacto desses programas nas crianças norte-americanas.

Como não podiam questionar os dados que documentavam a enorme violência dos programas infantis, centravam-se em negar que tiveram impacto nas crianças. Este argumento foi fácil de destruir, com a pergunta que lhes fiz diante do Congresso:

“Se vocês acreditam que seus programas não têm impacto entre as crianças, por que cada anúncio comercial que aparece nestes programas custa quase um milhão de dólares?”. Não responderam. Negar que tais programas tenham um impacto nos espectadores é absurdo. O Congresso dos EUA, por certo, não fez nada, pois não ousava contrariar estes grupos poderosos.

A situação está se deteriorando

E a situação está inclusive pior atualmente. Esta fixação infantil pela mídia audiovisual está amplamente estendida, agora por meio dos videogames, que estão substituindo a televisão. O grau de exposição das crianças aos videogames alcançou um nível que ultrapassa em muito o tempo à frente da televisão. A transmissão dos valores por meio dos jogos eletrônicos, citados anteriormente, é massiva. É o equivalente ao fast food no universo psicológico, cultural e intelectual.

Tanto que, em vários países europeus, se considera proibir a importação de videogames dos EUA (que são extraordinariamente mais violentos), que destroem massivamente meninos e meninas. Acredito que as autoridades públicas espanholas deveriam considerar sua proibição, como já acontece em vários países da Europa.

Porém, para além da destruição que muitos desses videogames provocam na infância, a exposição a essa cultura tira as crianças de outras atividades. Existe evidência de que, quanto maior o tempo dedicado aos videogames, menor é a capacidade de leitura e de compreensão de textos. A leitura de livros – dos clássicos da infância, de Heidi ao Pequeno Príncipe – está diminuindo muito rapidamente. Serei criticado sob a alegação de que este texto denota nostalgia, o que não é certo, pois minha crítica não é ao fato de não lerem esses textos, mas sim à ausência de leitura desse tipo de texto, em que a narrativa conecta o indivíduo com a realidade que o cerca, ajudando a desenvolver uma visão solidária, amável e coletiva da sociedade. Enfatizar a força, o ego, o “eu” e a satisfação rápida e imediata do desejado, sem freios, levará todos nós a um suicídio coletivo.

E me preocupa o fato de que isto já esteja acontecendo. Se desejam ver seu futuro, vão agora aos Estados Unidos e o verão. As mudanças sofridas desde a década de 1980, quando se iniciou o período neoliberal com Reagan e Thatcher, foram enormes. O neoliberalismo, a exaustação ao "êxito" sem freios, ao individualismo, ao narcisismo, ao darwinismo, inundaram todas as áreas da cultura da infância.

As meninas como objeto sexual

Outro elemento da deterioração da cultura infantojuvenil está na reprodução dos estereótipos, por trás da qual há uma relação de poder. Um dos mais marcados é o que reproduz a visão machista da sociedade, apresentando as mulheres como objetos eroticamente desejados, e que, notavelmente, afeta a infância. Essa visão já alcançou dimensões patológicas. Nos países mais machistas (e a Espanha está no topo da lista), a mulher está sempre muito decotada (e cada vez mais) e, se não, vejam os noticiários diários. Por que os homens não vão decotados à televisão quando dão as notícias, mas sim as mulheres?

A imagem erótica, com uma definição de beleza estabelecida pelo homem, está alcançando nível tamanho de exagero, que começa inclusive com as bonecas Barbie. Vários países europeus – como a França – estão pensando em proibir tais tipos de boneca. Está chegando a um nível que exige uma mobilização, protestando contra essa destruição por meio da promoção de valores que são prejudiciais à infância e à população em geral. Espero que o leitor se some a essas mobilizações. Se você ama seu país, sugiro que faça algo. Não deixe que manipulem nem a você, nem a seus filhos, filhas, netos e netas. Indigne-se! Faça algo!


(*) Professor de Políticas Públicas. Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona, e professor da Johns Hopkins University. Site pessoal: www.vnavarro.org

fonte: Carta Maior



sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Conexões Globais debaterá mobilização social e cultura digital


Evento que começa hoje (24) e deve reunir gestores públicos, comunicadores e ativistas


Nesta sexta-feira, 24, e sábado, 25, acontece a edição 2014 do Conexões Globais. O evento, que ocorre paralelamente ao Fórum Social Temático, reunirá gestores públicos, comunicadores e ativistas dos mais diferentes movimentos sociais mundiais para discutir temas como democracia 2.0, Marco Civil da Internet, soberania na rede, cultura digital e mobilização social na era da internet. As atividades são gratuitas e acontecem na Casa de Cultura Mario Quintana (Rua dos Andradas, 736), com transmissão ao vivo pela internet, cobertura colaborativa via redes sociais e espaço para a participação de internautas.

Além dos debatedores presenciais, cada um dos seminários Diálogos Globais trará um webconferencista. Serão seis debates (três a cada dia), que acontecerão no Teatro Bruno Kiefer, sempre a partir das 14h. Atividades culturais e artísticas, como shows musicais e exposição de artes visuais também estão programadas. Grupos artísticos vão ocupar a Travessa dos Cataventos com esquetes teatrais, música e dança. Músicos nacionais e internacionais estarão nos palcos do Teatro Carlos Carvalho e do Teatro Bruno Kiefer.

Neste ano, o Conexões Globais abre as portas para receber programadores, designers e outros profissionais ligados ao desenvolvimento de software para uma maratona. O objetivo do Encontrão Hacker é desenvolver aplicativos inovadores que ampliem o acesso às informações e dados governamentais. A edição 2014 do evento é uma realização da Associação Software Livre, com apresentação do Governo do Rio Grande do Sul e da Secretaria Geral da Presidência da República.

fonte: Coletiva.net


quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Nova indústria produzirá derivados do soro de leite em Três de Maio

A joint venture entre a BRF e grupo irlandês Carbery investirá 120 milhões de reais

Prefeita em exercício Eliane Fischer recepcionou
representantes da nova indústria

TRÊS DE MAIO - A BRF-Brasil Foods anunciou que firmou joint venture para processamento de proteínas de soro de leite com o grupo irlandês Carbery. As duas empresas investirão US$ 50 milhões para construir uma unidade de produção de ingredientes nutricionais de alto valor agregado a partir do soro do leite, que é um subproduto da fabricação de queijos.

"A parceria está alinhada com o plano estratégico da BRF, que visa ser líder no mercado brasileiro de queijos", disse a empresa em comunicado, acrescentando que utilizará tecnologia da Carbery para processar o soro gerado nas operações de queijos. "Estes ingredientes são utilizados por consumidores na alimentação infantil e alimentação esportiva, entre outros".
A Carbery emprega mais de 500 pessoas no mundo e é líder na fabricação de ingredientes de soro de leite.

Nesta manhã (22), representantes da BRF estiveram reunidos com a prefeita em exercício, Eliane Terezinha Zucatto Fischer, para encaminhar o protocolo do projeto da construção da planta da nova indústria.

O investimento abrange a instalação de uma unidade de 4.800 m², com vários níveis e uma torre com cerca de 30 metros de altura. Ali serão produzidos derivados do soro do leite. “A fábrica vai tratar e secar o soro, produzindo a proteína concentrada do soro”, explica Jefferson Thomaz, da BRF. O produto é utilizado, principalmente, por fabricantes de alimentos infantis e de suplementos alimentares para atletas. 

A fabricação do soro do leite pela Nutrifont será a pioneira no processamento do soro do leite com esta tecnologia na América Latina. A construção da fábrica deve iniciar em breve, com previsão de iniciar a fase de testes dos equipamentos já no final deste ano. Devem ser gerados em torno de 70 empregos diretos. “A BRF vai construir o prédio e fornecer a matéria-prima e as utilidades. A produção será gerenciada pela empresa irlandesa Carbery, que detém a tecnologia”, informa Thomaz.

Além da primeira planta do complexo da BRF, a qual já está produzindo leite em pó e processando 600 mil litros diariamente, a segunda planta, responsável pela produção de queijo mussarela, requeijão e derivados, iniciou a fase de testes dos equipamentos há cerca de 20 dias. Esta unidade será responsável por processar 800 mil litros/leite/dia.

UFFS abre concurso público para cargos técnico-administrativos em educação

A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) publicou nesta quarta-feira (22) novo edital de concurso público para provimento de vagas da carreira técnico-administrativa em educação (Edital nº 13/UFFS/2014). São ofertadas 58 vagas para os seis campi da Universidade. O período de inscrição inicia hoje (22) e se estende até as 23h59min do dia 20 de fevereiro de 2014.

Neste concurso estão previstas vagas para cargos da carreira técnico-administrativa em educação nível de classificação D e nível de classificação E. O cargo com mais vagas é o de Assistente em Administração (Nível D), que tem 21 vagas disponíveis distribuídas entre os seiscampi da UFFS: Chapecó (SC) 13 vagas; Cerro Largo (RS) duas vagas; Erechim (RS) uma vaga; Passo Fundo (RS) uma vaga; Realeza (PR) duas vagas; Laranjeiras do Sul (PR) duas vagas; e uma vaga para portador de necessidades especiais. Além disso, também são ofertadas vagas para Analista de Tecnologia da Informação; Assistente Social; Economista; Engenheiro/Área: Eletricista; Farmacêutico; Fisioterapeuta; Nutricionista; Psicólogo; Sanitarista e Tecnólogo/Formação: Química, todos de nível E. Já para o nível de classificação D são oferecidas vagas de Técnico em Laboratório/Área: Edificações; Técnico em Laboratório/Área: Informática; Técnico de Tecnologia da Informação; Técnico em Audiovisual; Técnico em Eletrotécnica; e Tradutor e Intérprete da Linguagem Sinais.

A remuneração prevista para os cargos é de R$ 2.285,99 para nível de classificação D e R$ 3.511,70 para os cargos de nível de classificação E.

O valor da inscrição para os cargos de nível de classificação D é de R$ 70 e para vagas de nível de classificação E é de R$ 100. A inscrição deve ser feita através do próprio site da UFFS, no link localizado no menu inferior direito (Concursos > Concursos Abertos). Nesse link também é possível consultar o edital do concurso.

O concurso será composto de prova objetiva, de caráter eliminatório e classificatório. Para todos os cargos a prova terá duração de quatro horas e a data provável para sua realização é 16 de março de 2014, em local e horário a ser informado. O edital ainda prevê a realização das provas, simultaneamente, nas cidades de Chapecó (SC), Erechim e Cerro Largo (RS) e Laranjeiras do Sul e Realeza (PR), devendo o candidato, no momento da inscrição, optar por uma delas.


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Conheça mais a patronesse da 10ª Feira do Livro

Conheça a nova patronesse da 10ª Feira do Livro de Santa Rosa.
A seguir, entrevista completa com Lara Luft, concedida em abril de 2013, veiculada na edição #40 da Revista Afinal.
Confira!

Sonhos e Literatura


“E quando meus sonhos não cabiam mais na cabeça, eles passaram para o papel de forma tão inusitada que até hoje eu fico um pouco atônita com tudo isso. Mas é simples assim, quando algo é grandioso demais e não cabe dentro de mim, eu escrevo. Escrevo e a partir daí eu vejo que aquilo que foi para o papel já não é só meu, é como se eu fosse uma porta-voz dos que não conseguem organizar as ideias para passá-las para o papel. É nesse momento que ser escritor se torna tão gratificante quanto qualquer outra profissão do mundo!”

Lara Luft nasceu em Santa Rosa, tem 16 anos e é escritora. Aluna do Colégio Salesiano Dom Bosco, ela cursa o 2º ano do ensino médio. Obteve destaque nos seus textos escolares e começou a publicá-los em coletâneas a partir de 2004. Adora ficção e seus contos já foram publicados pela Andross Editora.



Como tudo começou?

[Lara Luft] Logo na primeira série, quando estudava na escola Paul Harris, tive dois textos selecionados para comporem a coletânea de texto da escola. Mais adiante na terceira série, foi a vez de um poema. Depois disso, passaram-se anos, eu mudara de escola e só em 2010, quando estava na sétima série produzindo uma revista junto com a minha turma, foi que vieram outras publicações. Gostei da ideia de escrever para uma revista e em 2011 repeti o feito, junto com a criação do meu blog. Em 2012, publiquei o conto “O Último Sonho” na antologia “Dias Contados – vol.3”. Em janeiro deste ano, publiquei mais três contos na antologia “Quimera” e um no livro “Corações Entrelaçados”, sendo todas estas publicações feitas pela Andross Editora.


Qual a tua relação com os teus colegas de escola? Como eles encaram ter uma colega escritora?

[Lara Luft] Tenho uma relação amigável com todos os meus colegas, mas eu sei que sou um pouco fora dos padrões deles. Não há diferenciação por eu ser escritora e também não quero que isso aconteça, eles me tratam como sempre me trataram e é isso que importa.


Quais as pessoas que te motivam a escrever?

[Lara Luft] Eu estive pensando sobre isso há dias, e eu presumo que hoje, quem me motiva escrever são os meus leitores. É tão bom escutar as críticas, os elogios e tudo mais o que eles têm a dizer dos contos, por que, querendo ou não é dessa forma que eles me motivam para seguir em frente. Eu também me automotivo, ou melhor, eu me autodesafio e é preciso que isso aconteça, pois eu sei que se não for assim, eu também não saio do chão.


Quais os temas que tu gostas de abordar em teus livros? Por quê?

[Lara Luft] Ficção, ficção, ficção. (risos) E também romance. Eu não vejo nada melhor do que fantasiar tudo o que vivemos, instigar a mente a pensar coisas que possuam um sentido mais complexo. Isso é tão bom, dá ânimo para a minha escrita. E o romance, bom, não é amor que deveria mover o mundo? Então ele não pode ficar de fora da literatura.


Quais os teus escritores preferidos?

[Lara Luft] Do lado brasileiro estão: Mário Quintana, Martha Medeiros, Clarice Lispector e mais a grande lista de amigos escritores. Do lado mundial: William Shakespeare, Nicholas Sparks, Sidney Sheldon, Fernando Pessoa, Antonie de Saint Exupèry… Todos que considerei aqui escreveram algo que mexeu comigo quando eu estava lendo. Pode ter sido apenas uma única frase, mas se me fez pensar, se me fez sentir algo diferente, já é motivo suficiente para estar nesta lista.


Quais os escritores que influenciam a tua escrita?

[Lara Luft] Tudo o que eu leio acaba influenciando a minha escrita de alguma forma. Mas, os grandes contistas, os meus amigos escritores, os livros da literatura brasileira que é preciso ler para o vestibular. Enfim, não há restrição para autores específicos e muito menos obras, há apenas aquelas obras que por eu estar lendo em determinado momento, acabam por influenciar o conto que estou escrevendo. E isso acaba sendo muito interessante, pois é outra visão sobre determinado tema que passa a ser registrada.


E o futuro? Pretendes prosseguir a carreira de escritora?

[Lara Luft] Se eu te dissesse que ‘não’, eu estaria mentindo. Pois eu não consigo ver o meu futuro, sem os meus livros juntos. São planos de curto e longo prazo que venho alimentando a cada dia mais e correndo a atrás deles, para que o pessoal passe a conhecer mais a minha literatura. Escuto de muitos ‘você não deve parar, deve seguir em frente’. É exatamente isso que estou fazendo, seguindo em frente, dando continuidade a minha carreira literária.


Qual o que curso pretendes seguir?

[Lara Luft] Pretendo cursar, Letras – inglês/comunicação social – hab. editoração/agenciamento literário, pois são áreas ligadas aos livros, nenhuma foge deles e eu penso que será muito proveitoso tudo isso. Agora resta apenas decidir por onde começar. (risos)


Por que os jovens leem pouco?

[Lara Luft] A literatura ainda é muito forçada por aqui, além do que, a que é cobrada em vestibular, é considerada cansativa pelos jovens. E os programas de incentivo a leitura são falhos também. O Brasil não dá vez e voz para novos escritores, não incentiva, é por isso que os jovens que amam ler preferem os livros estrangeiros, claro que a ideia de estrangeirismo vem junto, mas basta perguntar, “quantos escritores brasileiros de ficção você conhece?” para justificar uma boa parcela disso.


O que farias para ampliar o percentual de leitura dos jovens?

[Lara Luft] Eu não faria. Eu vou fazer, aulas de escrita. Pois é só mostrando aos jovens como eles devem olhar para a literatura que a coisa muda. A maioria define ‘o que é literatura?’ através de visões de pessoas que odeiam ler, então por que você acha que eles se distanciam dos livros? Já quem aprende a ler com quem ama livros é diferente, pois o amor por alguma coisa contagia as pessoas e no momento que algo te contagia você se encanta e não larga mais.


O computador é impeditivo para a leitura de livros?

[Lara Luft] De maneira alguma, os e-books passaram a ser incentivos à leitura. Só é preciso saber que existe diferenças entre o livro digital e o livro impresso. Cada um possui certas ‘regras de criação’, diga-se de passagem, e é necessário obedecê-las. O livro digital deve ser animado, conter alguma música que te situe na cena tratada, já o impresso, deve ter suas regras de diagramação, enfim, deve ser como conhecemos. O que fica chato de ler e que não passa nem perto do livro digital mesmo, são os PDFs diagramados para serem livros impressos. Não tem coisa mais chata do que ler naquela tela branca com uma diagramação feita para livro impresso.


Qual o futuro do livro?

[Lara Luft] Tenho dúvidas ainda sobre o ‘desaparecimento’ do livro impresso, pois acho que eles dividirão espaço no mercado com os e-books, tendo suas diferenças de ‘regras de criação’, como disse anteriormente.


O que estará fazendo daqui a 10 anos?

[Lara Luft] Eu fazia planos e mais planos quando era menor “para daqui 10 anos”. Tudo se tornou diferente do que eu pensava, jamais imaginava estar publicando e escrevendo cada vez mais. Eu tenho algumas ideias, mas elas mudam conforme o vento, então decidi fazer planos mais curtos, planos que eu consiga de alguma maneira alcançar agora. E eu não tenho a mínima ideia do que eu estarei fazendo daqui a 10 anos.

A jovem escritora Lara Luft escolhida patronesse da Feira do Livro de Santa Rosa

A escritora Lara Luft foi escolhida para ser a patronesse da 10ª Feira do Livro de Santa Rosa. Lara disputou com mais quatro escritores: Tereza Christensen, Maria Inês Pedroso, Maira Engers e Jacó Petry.

O três-maiense Charles Kiefer será o escritor homenageado.

A 10ª edição da Feira do Livro ocorrerá de 13 a 16 de agosto em espaços cobertos na rua em frente à antiga prefeitura, no centro de Santa Rosa.

A Secretaria de Cultura e Turismo é responsável pelo evento.



Lara Luft

É estudante do terceiro ano do Ensino Médio, palestrante e ministra clubes de escrita na escola de inglês Hey Peppers!

Teve publicações em coletâneas de textos da escola nos anos de 2004 e 2006. Em 2010 e 2011 teve publicações na revista Alunos & Ideias. Publicou nos livros “Dias Contados” – Vol.3, “Quimera”, “Corações Entrelaçados”, “Amores Impossíveis”, “Sonhos Lúcidos” e “Livre para Voar” pela Andross Editora.

Em dezembro de 2013 lançou novos contos.

Para saber mais acesse o blog da escritora: Write and be Happy

http://write-and-be-happy.blogspot.com.br/


Ela foi tema de reportagem na edição #40 da Revista Afinal. Veja aqui.


sábado, 18 de janeiro de 2014

Projeto Cidade digital chega a Horizontina

Horizontina assina convênio Cidade Digital com Ministério de Ciência e Tecnologia

Recurso da ordem de R$ 460 mil modernizará acesso aos serviços públicos

Prefeito Nildo Hickmann

Na última quarta-feira (15), o prefeito Nildo Hickmann assinou convênio que garante a liberação dos recursos mediante apresentação do projeto e definição das políticas de uso do programa Cidade Digital.
 
O Programa Cidades Digitais tem o objetivo de modernizar a gestão e o acesso aos serviços públicos nos municípios brasileiros. Para isso, atua na construção de redes de fibras ópticas que possibilitem a conexão entre os órgãos públicos, o acesso da população a serviços de governo eletrônico e a espaços de uso de internet. O projeto inclui a implantação de aplicativos de e-gov nas áreas financeira, de tributação, educação e saúde, bem como a capacitação dos servidores municipais para o uso e gestão da rede.

Outra ação do programa Cidades Digitais é a oferta de pontos de acesso à internet para uso livre e gratuito em espaços públicos de grande circulação, como praças, parques e rodoviárias. No ano passado, após passar por reformulações, o Cidades Digitais foi incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, o que assegurou um reforço de R$ 100 milhões no orçamento. O projeto conta, entre outros, com a parceria do Ministério do Planejamento, da Telebras, do Inmetro e do BNDES.

A rede das Cidades Digitais é composta por um anel de fibra óptica que interliga os órgãos públicos locais. Empresas integradoras, contratadas por meio de pregão eletrônico, serão responsáveis pelo fornecimento de equipamentos, serviços de instalação, suporte técnico e capacitação da administração municipal.


fonte: Olinda FM

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Três gaúchos selecionados para o Berlinale Talents

Davi de Oliveira Pinheiro (E), Leo Garcia (C) e Thais
Fernandes - Foto: Isidoro B. Guggiana / Divulgação.

Três cineastas gaúchos participam da 12ª edição do Berlinale Talents (ex-Berlinale Talent Campus), programa internacional de residência do Festival Internacional de Cinema de Berlim, destinado ao aprimoramento de jovens talentos do audiovisual, que acontece de 8 a 13 de fevereiro de 2014, na Alemanha. 

O diretor Davi de Oliveira Pinheiro (“Porto dos Mortos”), o roteirista Leo Garcia (“Ed”) e a montadora Thais Fernandes (“Contrato de Amor”) foram selecionados para atividades que incluem oficinas, palestras, workshops, seminários e conferências. 

Esta edição reunirá 300 talentos de 79 países (onze brasileiros), escolhidos entre mais de quatro mil inscritos, que estudarão com especialistas do mundo todo, sob o tema ”Pronto para jogar? Quebrando as regras”.

Davi de Oliveira Pinheiro é diretor, produtor e roteirista do longa-metragem ”Porto dos Mortos” (2011), vencedor de treze prêmios internacionais e selecionado em mais de setenta festivais ao redor do mundo. Igual marca alcançada pela animação ”Ed” (2013) de Gabriel Garcia, coroteirizada e coproduzida por Leo Garcia. Thais Fernandes é diretora e montadora do premiado curta-metragem ”Contrato de Amor” (2012), que rodou o mundo em festivais no ano passado. “O Berlinale Talents é um dos mais importantes eventos de qualificação do cinema de arte mundial e pode ser determinante na carreira de cineastas e filmes durante o ano cinematográfico e esse recorde local abre novos caminhos para todos realizadores gaúchos”, acredita o cineasta Davi de Oliveira Pinheiro.

fonte: SUL21


Traçando histórias

Artesesc apresenta: 
8ª Traçando Histórias


Santa Rosa recebe, até o dia 31 de janeiro, a exposição 8ª Traçando Histórias que revela a riqueza da ilustração de livros de literatura infantil e juvenil publicados no País. A mostra “Traçando Histórias”, promovida pelo Arte Sesc – Cultura por toda parte, apresenta o trabalho de 39 ilustradores que utilizam as mais diversas técnicas e estilos.


A atividade, com entrada franca, está no Sesc Santa Rosa (Rua Concórdia, 114), de segunda a sábado, das 8h às 22h. 

Outras informações podem ser obtidas no Sesc pelo telefone (55) 3512-6044.

Mostra de filmes infantis no SESC

Nueva Mirada chega em Santa Rosa

Mostra difunde educação em filmes infanto-juvenis





O "Arte Sesc - Cultura por toda parte" traz a Santa Rosa a Mostra “Nueva Mirada”, mostra itinerante de filmes infanto-juvenis. A exibição dos filmes ocorrerá nas segundas, quartas e sextas-feiras dos meses de janeiro e fevereiro 2014 , sempre às 15 horas, oferecendo a crianças e jovens a oportunidade de assistir a longas e curtas-metragens que estão fora dos circuitos comerciais da tevê e do cinema.

Educação
Para propor um novo olhar sobre a vida, a Mostra Itinerante Internacional de Cinema Nueva Mirada faz uma panorama da infância e juventude de diversos países com a exibição de filmes de animação. São longas e curtas metragens que ensinam companheirismo, solidariedade e responsabilidade.

Considerada pelo governo da Argentina como uma entidade de interesse cultural e educativo nacional, a Nueva Mirada é uma associação civil sem fins lucrativos, especializada em cultura, indústria cultural e comunicação, membro da Aliança Global para a Diversidade Cultural e da Unesco e do Centro Internacional de Cinema para a Infância e a Juventude (Cifej).

O objetivo da Nueva Mirada é contribuir para o desenvolvimento cultural e educativo de crianças, adolescentes e jovens, pela capacitação audiovisual, na formação de valores, promoção de direitos, conhecimento e compreensão da diversidade cultural. A instituição é responsável pela produção e difusão de obras audiovisuais e artísticas infanto-juvenis, e por publicações e obras que apoiem esforços dos profissionais de várias disciplinas que trabalham com crianças, adolescentes e jovens.

Com uma programação organizada por idades, de 4 a 8 anos, de 9 a 12 anos, de 13 a 15 anos e de 16 anos em diante, o Festival Internacional de Cinema Nueva Mirada é uma oportunidade para a comunidade educativa mostrar as famílias um caminho alternativo para aprender através de filmes.
Entrada Franca


quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Festival Internacional de Música em Pelotas



De 19 a 31 de janeiro ocorre em Pelotas o IV Festival Internacional Sesc de Música. É um dos maiores eventos da área na América Latina. Durante 13 dias, a “capital nacional do doce” vai respirar música, tanto nos tradicionais espaços, quanto nas ruas e bairros variados da cidade. O evento conta com ampla e selecionada programação cultural com mais de 40 espetáculos gratuitos divididos em recitais solo, de música de câmara, orquestra sinfônica acadêmica, banda sinfônica acadêmica, ópera, espetáculos de grupos convidados e concertos didáticos, além de dezenas de cursos de instrumentos e canto.

19 a 31 de janeiro/2014

IV Festival Internacional Sesc de Música

Local: Pelotas/RS

Realização: Arte Sesc – Cultura por toda parte – Sesc/RS, entidade pertencente ao Sistema Fecomércio/RS

Apoio institucional: Prefeitura Municipal de Pelotas

Apoio cultural: Universidades Federal e Católica, Faculdade Senac, Empresa Embaixador, Bibliotheca Pública Pelotense, Unisinos e Ospa

Entrada Franca

Quem será o patrono da 10ª Feira do Livro?

O três-maiense Charles Kiefer será o escritor
homenageado na 10ª Feira do Livro

Santa Rosa define hoje o patrono da 10ª Feira do 
Livro

A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Santa Rosa reúne hoje representantes de diversas entidades com atuação na área cultural e educacional do município, para definir quem será o patrono da 10ª Feira do Livro. A reunião será a partir das 18h30min, no Centro Cívico Cultural Antônio Carlos Borges.

Estas mesmas entidades foram responsáveis pela indicação de alguns escritores, que por sua vez, aceitaram concorrer ao posto. São eles: Jacob Petry, Lara Luft, Maira Engers, Maria Inez Pedroso e Teresa Christensen.

A coordenação da 10ª Feira do Livro de Santa Rosa confirmou o nome do três-maiense Charles Kiefer como escritor homenageado do evento. A 10ª Feira do Livro ocorrerá entre os dias 13 e 16 de agosto, na Praça da Bandeira.


terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Drogas: projeto equivocado

por Luiz Matias Flach*

Nada evidencia mais as políticas públicas sobre drogas de um país do que a sua legislação. Ainda mais quando é minuciosa, centralizadora e abrangente como o projeto de lei nº 7.663/10, de autoria do deputado federal Osmar Terra, aprovado na Câmara dos Deputados. A legislação proposta inicia a sua trajetória no Senado Federal (PLC 37/13) e altera e acrescenta disposições à vigente lei 11.343/06, que regula a matéria, vindo a afetar, também, a outras legislações.

São fundadas as críticas à forma, espírito e conteúdo do projeto. Introduz um sistema autoritário, centralizador, com pesada burocracia. Modifica e substitui a legislação e políticas existentes de atenção integral aos usuários e dependentes de álcool e outras drogas. Pulveriza a harmonia intersetorial e ações concertadas da União, Estados e Municípios. Cria um aparatoso sistema de financiamento para clínicas e comunidades terapêuticas, inclusive com a ampliação das internações involuntárias, em clima de estrita vigilância dos usuários e dependentes de drogas.

Estabelece insuspeitadas medidas de vigilância e controles em relação aos usuários e dependentes, propondo medidas atentatórias à dignidade das pessoas e a seus direitos fundamentais.

Cria duas novas e mal formuladas causas de aumento das penas, que, na maioria dos casos já são desproporcionais na vigente lei, propiciando penas despropositadas.

Reitere-se a característica autoritária e centralizadora da proposta. Após minuciosas diretrizes para a elaboração das políticas sobre drogas e saúde integral, cria-se um sistema nacional de avaliação das mesmas. Os gestores, operadores e unidades do sistema de políticas sobre drogas, públicos e privados, ficam sujeitados a severas punições administrativas, independentemente das responsabilidades civil e criminal, no caso do desrespeito, mesmo que parcial, ou do “não cumprimento integral às diretrizes e determinações desta Lei, em todas as esferas…”. São distribuídas medidas de fechamento de unidades e interdição de programas, afastamento de seus dirigentes, com comunicação ao Ministério Público. Volta-se a enunciados como sancionar condutas de concurso, “sob qualquer forma, direta ou indireta, para o não cumprimento desta Lei…”.

Ao contrário do afirmado pelo autor do projeto, é piorada a situação dos portadores de drogas para uso próprio e usuário de maneira geral. A vigente lei 11.343/06 prevê como penas para os usuários, a prestação de serviços à comunidade e medidas educativas pelo prazo de 5 meses. Em caso de reincidência: 10 meses. O projeto aumenta para 6 a 12 meses. Em caso de reincidência: de 12 a 24 meses de cumprimento. E introduz para o usuário a restrição de direitos relativos à frequência de determinados lugares ou imposição de cumprimento de horários. O Poder Público estaria obrigado a acompanhar o cumprimento da pena, devendo a sentença designar responsável pelo cumprimento.

Cabe, ainda, referir obrigatórios programas de tratamento de usuários não infratores ou dependentes, as internações involuntárias requeridas “por terceiros”, as majorantes a significarem aumento de penas para miseráveis.

Tudo a desaconselhar a aprovação da equivocada proposta legislativa.



* Juiz de Direito aposentado, ex-presidente do Conselho Federal de Entorpecentes (Confen) e ex- Secretário Nacional de Entorpecentes
Artigo publicado no jornal O Sul em 13/01/14.

fonte: AJURIS


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

NÃO VAI TER SHOPPING

por Ivana Bentes especial para o MÍDIA NINJA




Os shoppings de São Paulo conseguirem na Justiça uma liminar para impedir os rolêzinhos, encontros de jovens marcados pelo Facebook para se divertirem, paquerar, beijar e zoar em grupo. O que sempre foi divertimento e lazer virou crime!

Os shoppings sempre foram vistos como espaços de “exclusividade” e zonas de conforto climatizadas, perfumadas e vigiadas para deixar de fora os pobres, ex-pobres e emergentes. O que era “velado” se tornou explícito com a reação desproporcional aos rolêzinhos, mobilizando o Estado e a segurança privada para reprimir brutalmente os consumidores indesejáveis.

As mesmas armas e truculência usada nas ruas em 2013 contra os manifestantes agora bombardeiam menores de idade e a garotada da periferia que “não sabe o seu lugar” deixando claro que “ultrapassaram a faixa amarela” que os tolerava fazendo a faxina, atendendo, vendendo nas lojas, mas nunca como frequentadores e clientes do shopping. Apartheid insustentável vendido como comodidade para o consumidor branco de classe media se sentir “seguro” e “especial”!

A racialização do consumo chegou ao absurdo: Bombas de gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral, balas de borracha foram usadas pela Polícia Militar para reprimir o "rolêzinho" realizado no shopping Itaquera, na zona leste de São Paulo no dia 11/01/2014

O shopping Iguatemi, um dos mais luxuosos de São Paulo, foi mais longe: portas blindadas, cassetetes e uma liminar! Já proibiu a entrada de “menores de idade desacompanhados” e barrou a entrada até mesmo de funcionários, obrigando qualquer cliente a apresentar identidade na entrada. Pegos “fazendo rolêzinho” o garoto ou garota terá que pagar uma multa de R$ 10 mil (!).

Mas quem decide quem está comprando, olhando, passeando, zoando ou dando um rolê? Os seguranças, lojistas e clientes, muitos deles francamente racistas e preconceituosos?

A reação da Casa Grande diante da mobilidade urbana e do direito de ir e vir da juventude popular brasileira é assustadora. A juventude negra e periférica não é bem vinda nos espaços de consumo da classe media branca? O Estado de exceção e a violência contra os pobres nas favelas terá uma igualmente vergonhosa policia de comportamento como foi a repressão ao funk?

A incapacidade do mercado e do estado de entender as novas formas de socialibidade e mobilidade dos jovens traz a cena o velho horror das classes populares e o apartheid racial, social e cultural. A racialização da repressão nas favelas se acrescenta o seu complemento e suprema perversão: a racialização dos espaços de consumo!

O que é insuportável para certa classe média é ter a periferia negra e pobre nos seus espaços de exclusividade e de poder, frequentando a Casa Grande (os shoppings, as companhias aéreas, a Universidade com as cotas, fazendo midia e nos espaços de poder/lazer) e se apropriando e ressignificando e zoando com o mundinho de distinção das grifes, marcas, autores, músicas.

O rolêzinho também expõe a crise das cidades e a privatização dos espaços públicos e o desinvestimento nos equipamentos de lazer, parques, pistas, quadras e praças.

O Occupy Shopping da periferia é uma manifestação politica, com ou sem intenção. O esquema de segurança dos shopping é a ostentação do fracasso do Estado e da sociedade na partilha da cidade.

2014 começa com uma fratura exposta. Se a sociedade brasileira não redistribuir renda e valor só vai agravar o processo de produção de crime e desigualdades. É uma democracia minima essa: partilhar o conforto, o ar condicionado e a praça de alimentação ou "não vai ter shopping" !

Partiu rolêzinho!

Eu vou entrar aqui, não vou embora, não quero ir! OccupyShopping! #Rolêzinho#NaoVaiterShopping

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

7º Canto Missioneiro com inscrições abertas




O lançamento oficial do 7º Canto Missioneiro e do 6º Piá Missioneiro de Santo Ângelo ocorreu ontem (08) à noite, no Arena Grill. Os eventos serão realizados dias 27, 28 e 29 de março do corrente ano no Teatro Antônio Sepp e no Centro Histórico.

Considerado um dos principais festivais nativistas do Rio Grande do Sul, o Canto Missioneiro da Música Nativa é realizado pela Nova Produções e Eventos em parceria com a Prefeitura de Santo Ângelo - através da Secretaria de Cultura, Lazer e Juventude -, com incentivo do Sistema Pró-Cultura da Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul.

INSCRIÇÕES

As inscrições para os artistas interessados em participar do festival iniciaram nesta quarta-feira, 1º de janeiro, e prosseguem até 15 de fevereiro. A participação será efetivada com o envio da Ficha de Inscrição - disponibilizada no site www.cantomissioneiro.com.br, no link do Regulamento -, devidamente preenchida para o endereço eletrônico cantomissioneiro@bol.com.br.

São permitidas inscrições de qualquer compositor nas etapas Geral e Local para o 7º Canto Missioneiro da Música Nativa. No entanto, a Etapa Local é exclusiva para autores e intérpretes nascidos ou radicados em Santo Ângelo.
Já para o 6º Canto Piá Missioneiro são permitidas inscrições para artistas de até 16 anos com premiação em duas categorias Juvenil (nascidos entre 1998 e 2001) e Mirim (nascidos a partir de 2002).
Em 2013, o 6º Canto Missioneiro recebeu 900 inscrições em três modalidades. Foram 831 canções inscritas para a categoria Geral, 33 para a Local e 26 para o 5º Canto Piá Missioneiro.
Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (55) 3313.6321.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Minha Casa, Minha Vida entrega 96 unidades em Três de Maio

MINHA CASA, MINHA VIDA BENEFICIA 96 FAMÍLIAS
Empreendimento recebeu investimento de mais de R$ 5,4 milhões




Amanhã, dia 9 de janeiro, ocorre a entrega de 96 unidades habitacionais do Residencial Santa Maria. A cerimônia iniciará às 10 horas e contará com a presença do prefeito municipal, Olívio José Casali, do superintendente regional da Caixa, Ruy Fernando Fajardo Kern, e demais autoridades municipais.

O Residencial Santa Maria é um empreendimento realizado através do Programa Minha Casa, Minha Vida, oriundo do Programa de Aceleração de Crescimento II (PAC II), e recebeu um investimento de R$ 4.538.880,00 com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR); mais R$ 315.992,02 de contrapartida da Prefeitura Municipal para viabilizar o calçamento, drenagem, pavimentação e passeios da Rua Monsenhor Testani, que passa junto ao Bairro, e para pavimentação na Rua das Araras. 

Além destes valores, a aquisição do terreno de 12,5 hectares custou ao município o investimento de R$ 316.875,00. Fora isso, o montante de R$ 311.166,30 foi destinado para obras de infraestrutura, recuperação de área, equipamentos comunitários e trabalho social, através de repasses da OGU (Orçamento Geral da União). Somando todos os dígitos, o investimento total no Residencial Santa Maria abrange mais de R$ 5,4 milhões.

O Residencial beneficiará 380 pessoas que residiam em área de risco, com 96 residências privativas de 44,54m², divididos em dois quartos, sala, banheiro e cozinha, com piso cerâmico em todos os ambientes. O empreendimento ainda conta com energia solar e cerca em todas as unidades habitacionais, água, luz, passeios, calçamento e praça infantil com brinquedos.

Segundo o prefeito municipal, Olívio José Casali, o Residencial Santa Maria foi o maior investimento conquistado em Brasília e a maior obra na história de Três de Maio.


Inscrições para o Prêmio Histórias Curtas da RBS TV estão abertas

Interessados podem enviar seus projetos até dia 14 de março para a RBS TV RS


Estão abertas as inscrições para a 14ª edição do Prêmio Histórias Curtas, da RBS TV. Os projetos podem ser inscritos até as 18h do dia 14 de março. O edital selecionará oito curtas entre ficção, animação e documentário, que receberão o valor de R$ 40 mil cada, além da utilização de equipamento de gravação e finalização. Os filmes devem ter entre 10 e 12 minutos de duração, exceto para a animação, cuja duração poderá ser de sete a 12 minutos.

O processo de seleção terá três etapas. A primeira é uma pré-seleção de até 16 projetos entre os inscritos e habilitados. Na segunda etapa, uma comissão designada pela RBS TV analisará os projetos escolhidos. Na terceira etapa, cada diretor dos pré-selecionados fará uma defesa oral do seu projeto. Ao final dessa etapa, a comissão se reunirá e escolherá os oito selecionados que serão divulgados no dia 20 de maio de 2014 nos veículos do Grupo RBS. A exibição dos projetos será em outubro e novembro de 2014 na RBS TV.

A inscrição deverá ser encaminhada para a RBS TV (Rua Rádio e TV Gaúcha, 189 - Morro Santa Teresa, CEP 90.850-080 - Porto Alegre).


Confira o regulamento do Prêmio Histórias Curtas 2014 e a ficha de inscrição.



terça-feira, 7 de janeiro de 2014

SAÚDE DO HOMEM




por Alexsander Kucharski*

No mês passado (N.E.: o texto foi escrito em dezembro) tivemos vários eventos referentes ao “novembro azul”. Assim como temos o “outubro rosa”, que é um mês dedicado a prevenção do câncer de mama, novembro é dedicado a prevenção do câncer de próstata. 


O câncer de próstata é um tumor em que a incidência aumenta gradativamente com o avançar da idade, principalmente após os 50 anos. Sua prevalência é maior em homens com parentes de primeiro grau que tiveram a doença. Sua evolução é lenta, o que em tese permitiria um planejamento do tratamento com certa tranquilidade, mas infelizmente muitas vezes o diagnóstico é feito tardiamente e por isso, para essas pessoas a letalidade é alta. Isso acontece devido à relação que os homens têm com seu corpo, fazendo com que retardem a ida ao médico para fazer o exame de próstata e outros exames de rotina. 

No século passado as mulheres iniciaram um grande movimento social para mudar a visão que a sociedade tinha das mesmas. Graças a este movimento as mulheres tiveram o direito a trabalhar, direitos políticos para poderem votar e serem votadas, e direitos em relação ao seu corpo. Por incrível que pareça, as mulheres não tinham direito aos cuidados consigo mesmas, a ter o número de filhos que quisessem e até mesmo ao prazer sexual. Por isso, no setor de saúde houve toda uma reestruturação para o cuidado com a mulher tais como planejamento familiar, com distribuição de métodos anticonceptivos, programas de prevenção dos cânceres de mama e colo de útero, e de pré-natal e puericultura. Por tudo isso a mulher de hoje não é a mesma de outrora. 

Os homens, por sua vez, passaram este período como espectadores passivos da evolução das mulheres, e continuaram a se comportar da mesma forma, sem questionar seu papel na sociedade.

Por isso ainda hoje existe uma ideia prevalente de que os homens (e em especial os gaúchos) devem sair em seus carros pelas ruas pensando que são os caudilhos da revolução farroupilha. São machos, cheios de testosterona, andando em alta velocidade, sempre prontos para enfrentar o perigo, e não dispensando uma boa peleia. 

Para essa figura estereotipada de homem não há espaço para qualquer tipo de sofrimento físico ou mental, nada pode abalar essa imagem de “forte”. Por isso a negação das doenças, pela não procura dos profissionais de saúde. Não fazem revisões periódicas e quando é detectado algum problema, abandonam o tratamento. 

Os homens adoecem e morrem mais por acidentes domésticos, de trânsito, da prática de esportes e de trabalho, por violência, uso de drogas (álcool, cigarro e outras), doenças sexualmente transmissíveis e doenças crônicas muito mais que as mulheres. Quem quiser comprovar vá a um baile de terceira idade e veja a proporção entre homens e mulheres. 

O homem de hoje sofre porque, ao contrário das mulheres, não fez sua mudança interna, não se atualizou, é o mesmo de sempre. E sofre calado, porque “homem não chora”. 

Por esse motivo o Ministério da Saúde lançou um programa específico para o cuidado com a saúde do homem, enfocando todos os aspectos citados anteriormente. 

O mundo mudou, e se nós, homens, não acompanharmos esses avanços vamos ficar para trás e sofrer as consequências. Nenhum homem é mais homem que outro por fumar ou beber ou usar outras “cositas” a mais, por transgredir leis de trânsito ou não levar desaforo para casa; e ninguém vai deixar de ser homem se comer umas folhas verdes nas refeições, se fizer exercícios, se admitir que as vezes sofre por dor física ou mágoa, e se de vez em quando consultar com um médico e fizer uns exames de rotina entre eles o tão temido “exame de próstata”.


*Alexsander Kucharski é médico de Família e Comunidade. Atende na Clínica Ostaclin, em Santa Rosa.

Horizontina prepara o 16º Jepp Country

SMICT abre edital para expositores do Jeep Country 2014


HORIZONTINA Está aberto até 27 de janeiro, o edital para as empresas interessadas em expor na feira Horizontina em Exposição fazerem sua habilitação, junto a Secretaria da Indústria e Comércio, o que confere as mesmas o direito à exposição gratuita no Pavilhão II do Parque de Eventos João Borges.

A feira Horizontina em Exposição acontece em paralelo ao 16º Jeep Country, promoção tradicional do Jeep Clube Horizontina e que traz ao município apreciadores do esporte 4x4 off Road de quatro estados brasileiros e países vizinhos como a Argentina e Paraguai.

O evento será dia 28 de fevereiro, 01 e 02 de março. Para habilitar-se aos espaços gratuitos e que são limitados, a empresa expositora deverá cumprir alguns requisitos, comprovando os mesmos com documentação pertinente.

Podem habilitar-se aos incentivos previstos no edital 001/2014, empresas estabelecidas no município de Horizontina e que apresentarem: Cópia de estatuto ou contrato social; cartão do CNPJ; Certidão Negativa de Débitos referentes a tributos federais, estaduais e municipais e Certidão Negativa de Débitos de INSS e FGTS.

A classificação será por ordem de entrega da documentação exigida. Mais informações podem ser obtidas junto a Secretaria da Indústria Comércio e Turismo, na avenida Uruguai, antiga sede da Caixa Federal.

O 16º Jeep Country tem entre os promotores além do Jeep Clube Horizontina fundador do evento; Aciap e Prefeitura Municipal, com apoio da Câmara Municipal de Vereadores e Rádio Olinda FM.

O Sicredi Noroeste é uma das primeiras organizações empresariais que garantiu presença como patrocinador âncora do evento, que reúne anualmente entre 20 e 30 mil pessoas oferecendo acesso gratuito ao público em todas as atrações esportivas, culturais e de negócios realizadas durante os três dias no parque de exposições.


Fonte: Paulo Roberto Staziaki/Rádio Olinda FM


Acampamento deverá reunir cerca de 500 jovens em Três de Maio


São aguardados jovens de várias regiões do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Argentina





O município de Três de Maio receberá a partir da próxima semana, cerca de 500 jovens que deverão participar do 31º Acampamento Jovem Repartir Juntos, evento promovido pela Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), que ocorrerá de 15 a 19 de janeiro.
A programação concentrada no Parque de Exposições Germano Dockhorn prevê a realização de palestras, dinâmicas, oficinas, lazer, esporte e cultura. Na quinta-feira, 16, haverá uma caminhada noturna, do Parque até o centro da cidade, com saída prevista para às 21h30.
Domingo, dia 19, culto na Comunidade São Paulo.
Informações dos organizadores do evento confirmam a vinda de jovens oriundos do Planalto gaúcho, Oeste de Santa Catarina, da Campanha Centro Sul (Santa Maria e Santa Cruz do Sul) e da Província de Missiones (Argentina). Pastor Renato Küntzer, anfitrião do evento, enfatiza no seu perfil do Facebook que "é sempre um privilégio poder contar com um público tão importante que são os jovens".


Histórico

O primeiro Acampamento Repartir Juntos, realizado há trinta anos atrás, foi uma iniciativa dos pastores Rui Bernhard e Arnoldo Maedche que repartiam o pastorado de Santo Ângelo. Eles tiveram a colaboração de moradores da região e organizaram o encontro nas proximidades das Ruínas de São Miguel, em campo aberto, à beira de um capão de mato e às margens de um pequeno afluente do Rio Jacuí.

O Acampamento Repartir Juntos levou aos jovens a proposta de uma espiritualidade com engajamento social. "Queríamos participar na construção de uma sociedade mais justa, em que todas as pessoas alcançassem o direito de opinar livremente sobre decisões que lhes diziam respeito e onde todos tivessem supridas suas necessidades básicas de vida digna" - relata o Pastor Sílvio Meinke.

Em 1981, um dos pontos altos do Acampamento de Languiru, foi a participação de Adolfo Perez Esquivel. Ele fora agraciado um ano antes com o Prêmio Nobel da Paz, por causa da sua resistência não violenta, a exemplo de Mahatma Gandhi, à ditadura militar argentina, e do seu engajamento em favor dos Direitos Humanos.

Para mais informações, acesse: http://acampamentorepartirjuntos.blogspot.com.br/




Obesidade quadruplica em países em desenvolvimento

Composição das dietas mudou de cereais e grãos para consumo de mais gorduras, açúcar, óleos e produtos de origem animal

O número de adultos acima do peso ideal ou obesos nos países em desenvolvimento quase quadruplicou desde 1980, diz um relatório divulgado hoje na Grã Bretanha.

De acordo com o estudo, quase um bilhão de pessoas vivendo nesses países - nações como China, Índia, Indonésia, Egito e Brasil - estão acima do peso.

O relatório prevê um "enorme aumento" em casos de ataques cardíacos, derrames e diabetes à medida que os hábitos alimentares no mundo em desenvolvimento se aproximam dos padrões de países desenvolvidos, com mais consumo de açúcar, gordura animal e alimentos industrializados na dieta.

O estudo, feito pelo Overseas Development Institute, um dos principais centros de estudo sobre desenvolvimento internacional da Grã-Bretanha, comparou dados de 1980 com dados de 2008, e verificou que na América Latina, por exemplo, o percentual de pessoas acima do peso recomendado era de 30% em 1980 e de quase 60% 18 anos depois.

Obesidade globalizada

Globalmente, o percentual de adultos que apresentavam sobrepeso ou obesidade - que têm um Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 25 - cresceu de 23% para 34% entre 1980 e 2008. Em números absolutos, isso representa um crescimento de 250 milhões de pessoas em 1980 para 904 milhões em 2008.

A maior parte deste aumento foi visto no mundo em desenvolvimento, especialmente nos países onde os rendimentos da população cresceram, como o Egito e México.

O relatório do ODI diz que a composição das dietas nestes países mudou de cereais e grãos para o consumo de mais gorduras, açúcar, óleos e produtos de origem animal.

Isso se compara a 557 milhões em países de alta renda. No mesmo período, a população mundial quase dobrou.

Ao mesmo tempo, no entanto, a subnutrição é ainda reconhecida como um problema para centenas de milhões de pessoas no mundo em desenvolvimento, particularmente as crianças.

As regiões do Norte da África, Oriente Médio e América Latina apresentaram grandes aumentos nas taxas de sobrepeso e obesidade, para cerca de 58% da população geral, um nível em pé de igualdade com a Europa.

Enquanto a América do Norte ainda tem o maior percentual de adultos com excesso de peso, 70%, regiões como a Austrália e sul da América Latina não ficam muito atrás, com 63%.

O maior crescimento em pessoas com sobrepeso ocorreu no sul da Ásia oriental, onde a percentagem triplicou a partir de um ponto de partida mais baixo, de 7%, para 22%.

Entre os países, o relatório descobriu que a taxa de sobrepeso e obesidade quase dobrou na China e no México, e aumentou em um terço na África do Sul desde 1980.

Muitos países do Oriente Médio também registraram um alto percentual de adultos com excesso de peso.

'Publicidade, influências da mídia'

Um dos autores do relatório, Steve Wiggins, apontou para várias razões explicando os aumentos.

"Com renda mais alta, as pessoas têm a possibilidade de escolher o alimento que eles querem. Mudanças no estilo de vida, o aumento da disponibilidade de alimentos processados, publicidade, influências da mídia... tudo isso levou a mudanças na dieta", adverte.

Wiggins vê o fenômeno especialmente em economias emergentes, onde uma maior classe média vive em centros urbanos e faz pouco exercício físico.

O resultado, diz ele, é "uma explosão de sobrepeso e obesidade nos últimos 30 anos", o que poderia levar a sérias implicações para a saúde.

O estudo cita países que conseguiram evitar aumentos da obesidade graças à valorização de dietas tradicionais à base de cereais e vegetais, como Peru e Coreia do Sul.


Fonte: BBC Brasil


segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Jornalismo: deformação na formação

Jornalistas já saem “deformados” das faculdades. Foi isso que identificou uma pesquisa realizada pela Universidade São Paulo (USP) com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Foram entrevistados 538 profissionais e os dados podem ser encontrados no e-book As Mudanças no Mundo do Trabalho do Jornalista (Editora Salta).

A pesquisa foi dirigida por Roseli Fígaro, coordenadora do Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).

São Paulo abriga cerca de 30% dos profissionais em atividade no jornalismo. E o que se pode constatar é que as faculdades, principalmente as privadas, prevalece na formação do estudante a lógica do mercado. A maioria dos entrevistados se formou em faculdades particulares e veem o jornalismo como um negócio qualquer. Como vender balas ou bebidas em bares.

Ainda segundo a pesquisa, apenas 5% dos entrevistados não concluíram o ensino superior e 65% possuem pós-graduação (especialização). Também se constatou que o jornalista começa a trabalhar ainda antes de terminar a faculdade e segundo a pesquisadora, os estudantes possuem certo desprezo pela faculdade. Vale o que se “aprende” no dia a dia e só.

É comum, pelo menos em Alagoas, vermos redações repletas de estagiários que atuam como se fossem profissionais formados e, como ainda não são jornalistas por formação, recebem entre R$ 200 e R$ 400 para trabalharem mais horas do que o acordo da categoria no estado estipula que são cinco horas diárias.

Ainda segundo a pesquisa, parte dos profissionais possui uma capacidade ruim contextualizar fatos e dados historicamente, social e política. Algo previsível, pois o que orienta os donos dos meios de comunicação em geral é a mesma visão empresarial de um negócio qualquer: lucro.

A pesquisa também constatou que apenas os jornalistas sindicalizados e os freelancers consideram os meios de comunicação como instrumento de cultura e informação. E apenas os primeiros enxergam a informação como um direito. Os demais, entre eles osfreelancers, como um produto.

Jornalismo não pode ser tratado como um negócio qualquer. Ele tem toda uma responsabilidade social que o diferencia de outros ramos empresariais. O principal é o fortalecimento da democracia. Não como querem os barões da mídia, quando o tema da democratização dos meios vem à tona, que apenas querem ter liberdade de empresa, sem nenhum compromisso com o jornalismo.

Não se trata de defender a possibilidade da imparcialidade. Isso é um mito e serve apenas para vender cartilha a calouros nos cursos de Jornalismo e que, contraditoriamente, logo são deixados de lado, quando se inicia a busca desenfreada por estágios. Se não se abrir o olho, logo os cursos de jornalismo se tornarão escolas de redação, fotografia e de noções de informática.

fonte: Blog do Cadu



O analfabeto midiático

por Celso Vicenzi*

Ele ouve e assimila sem questionar, fala e repete o que ouviu, não participa dos acontecimentos políticos, aliás, abomina a política, mas usa as redes sociais com ganas e ânsias de quem veio para justiçar o mundo. Prega ideias preconceituosas e discriminatórias, e interpreta os fatos com a ingenuidade de quem não sabe quem o manipula. Nas passeatas e na internet, pede liberdade de expressão, mas censura e ataca quem defende bandeiras políticas. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. E que elas – na era da informação instantânea de massa – são muito influenciadas pela manipulação midiática dos fatos. Não vê a pressão de jornalistas e colunistas na mídia impressa, em emissoras de rádio e tevê – que também estão presentes na internet – a anunciar catástrofes diárias na contramão do que apontam as estatísticas mais confiáveis. Avanços significativos são desprezados e pequenos deslizes são tratados como se fossem enormes escândalos. O objetivo é desestabilizar e impedir que políticas públicas de sucesso possam ameaçar os lucros da iniciativa privada. O mesmo tratamento não se aplica a determinados partidos políticos e a corruptos que ajudam a manter a enorme desigualdade social no país.

Questões iguais ou semelhantes são tratadas de forma distinta pela mídia. Aula prática: prestar atenção como a mídia conduz o noticiário sobre o escabroso caso que veio à tona com as informações da alemã Siemens. Não houve nenhuma indignação dos principais colunistas, nenhum editorial contundente. A principal emissora de TV do país calou-se por duas semanas após matéria de capa da revista IstoÉ denunciando o esquema de superfaturar trens e metrôs em 30%.

O analfabeto midiático é tão burro que se orgulha e estufa o peito para dizer que viu/ouviu a informação no Jornal Nacional e leu na Veja, por exemplo. Ele não entende como é produzida cada notícia: como se escolhem as pautas e as fontes, sabendo antecipadamente como cada uma delas vai se pronunciar. Não desconfia que, em muitas tevês, revistas e jornais, a notícia já sai quase pronta da redação, bastando ouvir as pessoas que vão confirmar o que o jornalista, o editor e, principalmente, o “dono da voz” (obrigado, Chico Buarque!) quer como a verdade dos fatos. Para isso as notícias se apoiam, às vezes, em fotos e imagens. Dizem que “uma foto vale mais que mil palavras”. Não é tão simples (Millôr, ironicamente, contra-argumentou: “então diga isto com uma imagem”). Fotos e imagens também são construções, a partir de um determinado olhar. Também as imagens podem ser manipuladas e editadas “ao gosto do freguês”. Há uma infinidade de exemplos. Usaram-se imagens para provar que o Iraque possuía depósitos de armas químicas que nunca foram encontrados. A irresponsabilidade e a falta de independência da mídia norte-americana ajudaram a convencer a opinião pública, e mais uma guerra com milhares de inocentes mortos foi deflagrada.

O analfabeto midiático não percebe que o enfoque pode ser uma escolha construída para chegar a conclusões que seriam diferentes se outras fontes fossem contatadas ou os jornalistas narrassem os fatos de outro ponto de vista. O analfabeto midiático imagina que tudo pode ser compreendido sem o mínimo de esforço intelectual. Não se apoia na filosofia, na sociologia, na história, na antropologia, nas ciências política e econômica – para não estender demais os campos do conhecimento – para compreender minimamente a complexidade dos fatos. Sua mente não absorve tanta informação e ele prefere acreditar em “especialistas” e veículos de comunicação comprometidos com interesses de poderosos grupos políticos e econômicos. Lê pouquíssimo, geralmente “best-sellers” e livros de autoajuda. Tem certeza de que o que lê, ouve e vê é o suficiente, e corresponde à realidade. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e o espoliador das empresas nacionais e multinacionais.”

O analfabeto midiático gosta de criticar os políticos corruptos e não entende que eles são uma extensão do capital, tão necessários para aumentar fortunas e concentrar a renda. Por isso recebem todo o apoio financeiro para serem eleitos. E, depois, contribuem para drenar o dinheiro do Estado para uma parcela da iniciativa privada e para os bolsos de uma elite que se especializou em roubar o dinheiro público. Assim, por vias tortas, só sabe enxergar o político corrupto sem nunca identificar o empresário corruptor, o detentor do grande capital, que aprisiona os governos, com a enorme contribuição da mídia, para adotar políticas que privilegiam os mais ricos e mantenham à margem as populações mais pobres. Em resumo: destroem a democracia.

Para o analfabeto midiático, Brecht teria, ainda, uma última observação a fazer: Nada é impossível de mudar. Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual.


O analfabeto político

O pior analfabeto, é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, não participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
O preço do feijão, do peixe, da farinha
Do aluguel, do sapato e do remédio
Depende das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que
Se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política.
Não sabe o imbecil,
Que da sua ignorância nasce a prostituta,
O menor abandonado,
O assaltante e o pior de todos os bandidos
Que é o político vigarista,
Pilanta, o corrupto e o espoliador
Das empresas nacionais e multinacionais.

Bertold Brecht

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*Celso Vicenzi é jornalista, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas/SC, Prêmio Esso de Ciência e Tecnologia (1985). Atuou em rádio, TV, jornal, revista e assessoria de imprensa. Autor de "Gol é Orgasmo", editora Unisul - ilustrações de Paulo Caruso. Escreve humor no tuíter: @celso_vicenzi. Para contato: vicenzi@newsite.com.br


sábado, 4 de janeiro de 2014

PEQUENO EXPERIMENTO DE MUNDO

PEQUENO EXPERIMENTO DE MUNDO
Resquício de vir e estar




por Mariana Corteze*




Eis uma boa filosofia: tudo é viagem.
É viagem o que está à vista, o que se esconde,
É viagem o que se toca e o que se divinha,
É viagem o estrondo das águas caindo e esta sutil dormência que envolve os montes.

[Saramago]




O limite, a fronteira mostra-se não como uma linha a ser ultrapassada, mas como um espaço no qual o sentido pode reverberar e multiplicar-se, fragmentar-se. Entendo assim, essa fase de intercâmbio cultural como um lugar intervalar, de cruzamento onde se revela a descontinuidade e a diferença através de uma reescrita pessoal.

Pensar no que se vivencia significa transpor, é contestar a tradição local, assim venho passando por várias camadas de invenção própria e do mundo, caminhos que desconstroem meus deslocamentos. Desde que sai de Três de Maio, em 2011 e fui cursar Artes Visuais na Universidade Federal de Pelotas senti um pouco disso tudo, mas nada comparado ao que venho experienciando à cerca de um ano e meio, quando obtive a possibilidade de cruzar o Oceano Atlântico e ficar a mais de 10 mil quilômetros do meu lar.

Ao chegar em terras lusitanas, vi meus princípios cômodos imediatamente desmancharem, fui aos poucos aprendendo a olhar o panorama novo que me rodeava e defrontei com o que já fazia parte da minha cultura. Visto que não se fala mais em cultura, mas sim em culturas, quando confrontamos as visões do mundo antagônicas, os homens e suas diversas ideologias colocadas em conflito, que naturalmente resultará em algo nem sempre pacífico, devido a estranheza, a dificuldade de entendermos a alteridade (já estudada desde a antiguidade, como por exemplo Heródoto ao facear a diferença entre os gregos e os povos bárbaros, sendo sensível a diferença, a fronteira existente entre o ocidente e oriente). Deste modo, pensar o “eu” é pensar no “outro” ao qual desconhecemos, mas isso desencadeia uma variedade problemática quando nos deparamos com o fenômeno da globalização, que acaba achatando a diversidade cultural.

Portugal é um país que tem presente sua tradição em monumentos, história e cultura obtida desde os tempos da sua expansão territorial determinada pela navegação marítima e seu conjunto de descobrimentos, o que desencadeou na lenda da criação do termo “saudade”, cunhado nesta época, quando os portugueses estavam longe de suas casas e viviam em terras estranhas, já hoje vem a designar a atmosfera do povo local, como uma nação eternamente saudosa e esse princípio pode ser visualizado na arte portuguesa, como a poesia e música popular, o fado.

Às vezes sinto que parte de mim sai correndo pelas paisagens e conecta-se com o ambiente, somente com a materialidade presente e assim gosto de desmantelar a realidade imposta na visão portuguesa de que fomos descobertos e colonizados por eles, e inverto essa “verdade” me colocando imaginativamente na versão feminina e brasileira de Pedro Álvares Cabral, simplesmente procedi o caminho inverso e vim à terras desconhecidas, habitada por um povo estranho e ainda não civilizado. Pode soar um tanto brusco aludir isso, mas há muita hostilidade e juízo de valores incluso no pensamento de um português sob um imigrante brasileiro.

Toda experiência sensível de um indivíduo é agente da transfiguração identificadora e assim, posso afirmar que desde o momento em que me desloquei e agora permaneço em viagem não percorrendo apenas um país, mas também sua história, seu trajeto que constrói e reconstrói a memória e fundamenta a identidade deste povo em que convivo. Interpreto a minha habitação em Portugal de modo transitório com relações ao nomadismo e sua marca de peregrinação ao infinito, deste modo, vejo o mundo através de fragmentos, em função dos outros e em uma dimensão do mundo plural, multicultural.

Por fim, gostaria de compartilhar do sentimento de Gonçalves Dias, ao escrever a Canção do Exílio quando se encontrava em uma situação semelhante a minha, estudava direito na mesma Universidade em que estudo, morava em Coimbra e em 1843 escreveu sobre saudade de sua terra natal em contraste com a paisagem européia.



"Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá;

As aves que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.



Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,

Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.



Em cismar, sozinho, à noite,

Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.



Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá;

Em cismar - sozinho, à noite -

Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.



Não permita Deus que eu morra,

Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores

Que não encontro por cá;

Sem que ainda aviste as palmeiras,

Onde canta o Sabiá."



[Gonçalves Dias]






*Mariana Corteze

Licencianda em Artes Visuais pela Universidade Federal de Pelotas, Brasil
Licencianda em Estudos Artísticos pela Universidade de Coimbra, Portugal
Bolsista do Programa de Licenciaturas Internacionais / CAPES.