quarta-feira, 22 de julho de 2015

Educação Básica SETREM incorpora Mind Lab à prática pedagógica

Organização é líder mundial no campo do raciocínio e desenvolvimento de habilidades


Professores da Educação Infantil e Ensino Fundamental da SETREM participaram nesta semana de formação promovida pelo Mind Lab, organização de Israel que atua no Brasil desde 2006, especializada em sistemas de aprendizagem para desenvolver habilidades que a vida moderna exige. O Programa de Ensino foca na importância de preparar a pessoa para uma vida inteira de aprendizado, disponibilizando metodologias e práticas mais eficazes para o processo de ensino-aprendizagem.

A formação teórico-prática foi realizada pelos instrutores Karina Campello e Jorge Alves. Segundo a Vice-diretora do Ensino Fundamental e Médio da SETREM, Marilei Zart Assini, o Mind Lab consolida-se como um Programa que vem a agregar muito à prática pedagógica da SETREM, representando mais um importante diferencial enquanto Instituição.

A instrutora Karina explica que os jogos de raciocínio lógico visam estimular as crianças a aprenderem a aprender. “O objetivo é desenvolver habilidades, trabalhar em equipe, dividir, aprender a ganhar, aprender a perder e desenvolver valores e respeito pelo colega e pelo professor. Tem a questão do espaço lúdico, mas o produto final que objetivamos são as habilidades priorizadas. Essa metodologia fortalece o Desenvolvimento da Consciência, o Desenvolvimento da Habilidade de Raciocínio, o Fortalecimento de Habilidades Sociais e Emocionais e a Transferência Interdisciplinar”, destaca.

Alves complementa, ressaltando que o jogo é o exemplo perfeito para novas experiências, pois é divertido, envolvente e emocionante e, portanto, estimula o envolvimento. “Também proporciona um terreno fértil para a formação e aplicação das habilidades de raciocínio e habilidades para a vida. Há vários estudos que mostram que esta metodologia contribui para o desenvolvimento de linguagens e para a questão da tranquilidade de trabalhar sob pressão. Uma prova que exige controle muito forte de tempo, como o ENEM, faz com que o aluno, mesmo sabendo o conteúdo, não consiga responder. Isso é trabalhado a partir dos jogos e gera excelentes resultados nos estudantes”.



Instrumentalização


Karina ressalta que todas as aulas são detalhadas com os métodos que serão utilizados e, mesmo muitas vezes envolvendo um mesmo jogo, priorizada diferentes habilidades naquela aula. “Na Educação Infantil, por exemplo, vai trabalhar primeiro cores, depois a linha, a coluna, diagonal e depois o espaço da criança”, exalta. Alves explica que são três os livros utilizados: “O livro do professor, que vai auxiliar no planejamento; o livro do aluno, que vai trabalhar atividades em sala de aula; e o livro para a família, que promoverá esse espaço de socialização em casa”, conclui.



Divisão por nível

Na Educação Infantil o trabalho é focado nas necessidades inerentes à primeira infância: muito uso do simbólico, do faz de conta, do psicomotor, da construção de noções de base, da imersão significativa nos elementos da cultura. No Ensino Fundamental I, séries iniciais (1º e 2º anos), o processo tem como foco a alfabetização (entendida como construção dos instrumentos internos para lidar com linguagem, matemática, jogo, etc.) e a formação de conceitos básicos, organização inicial de procedimentos investigativos e de operações concretas.

Nas séries finais do Ensino Fundamental I, o foco passa a ser o uso dos instrumentos internos em situações-problema concretas. A passagem de ciclos ocorre durante o 6º ano, acompanhando a organização da Educação no Brasil. Durante o Fundamental II, o processo é focado nas necessidades próprias à entrada na adolescência (aspectos sociais e emocionais), como por exemplo: tomada de decisões para o planejamento do futuro, uso dos instrumentos internos em situações-problemas mais complexos, maior abstração etc. Mais informações emwww.mindlab.com.br.



quinta-feira, 16 de julho de 2015

NÃO SE PODE COMPRAR OU VENDER. PORTANTO, NÃO VALE NADA





Essa lógica é a origem e a causa dos principais problemas da nossa época.
No decorrer dessa semana de chuvas intensas e ameaça iminente de novas enchentes históricas nas margens do Rio Uruguai, somos levados a refletir sobre a questão das barragens. Embora alguns apregoem que elas seriam úteis para evitar enchentes, o que temos observado na prática é justamente o contrário. As enchentes têm aumentado em número e intensidade, e as empresas que administram as barragens não hesitam em abrir as suas comportas em momentos críticos, mesmo sabendo que a vazão das águas afogará plantações, criações, lares, sonhos e esperanças da população ribeirinha.
Enquanto as grandes empresas e seus acionistas comemoram o aumento da produção da energia mais barata do mundo, os trabalhadores seguem pagando a tarifa mais cara do mundo.

A contradição não é diferente da que ocorre com as metalúrgicas da região. Apesar dos lucros estrondosos que tiveram nos últimos anos, ao primeiro sinal de uma oportuníssima “crise”, demitem trabalhadores em massa.
Os bancos, em nível nacional, já estão demitindo e aumentando a sobrecarga de trabalho sobre as vidas e a saúde dos trabalhadores mesmo com o aumento constante dos lucros. Não é difícil imaginar o que ocorrerá caso a “crise” atinja os bancos.
Fato é que as vidas humanas não têm preço, certo? Logo, não valem nada. Essa é a lógica.
Que respeitemos a ergonomia e as normas de segurança do trabalho, que tomemos a medicação psiquiátrica receitada pelos profissionais de qualquer especialidade, que sejamos produtivos, que cumpramos as (nossas?) metas, que sejamos fortes, sejamos dignos, cultos, equilibrados, racionais... Que neguemos nossa humanidade enquanto aguentarmos, e depois...

Absolutamente tudo pode ser relativizado, exceto a necessidade de aumento do lucro das grandes empresas e o crescimento do PIB de alguns países.
Não precisa ser um gênio da matemática pra entender que esse modelo não se sustenta sem guerras, genocídios, miséria e destruição ambiental. Não precisa ser comunista pra entender o quanto o capitalismo é desumano. Não precisa ser historiador pra saber que nem sempre foi assim e não será assim pra sempre.
Superar esse modelo é o nosso papel histórico, enquanto classe trabalhadora. É nossa responsabilidade. Afinal, que mundo deixaremos pras futuras gerações?


*Letícia Raddatz é bancária, dirigente sindical, advogada, estudante de história, socialista e feminista.


segunda-feira, 13 de julho de 2015

De office-boy a Juiz de Direito

O três-maiense que superou as dificuldades e hoje é uma referência na magistratura gaúcha


O três-maiense Sidinei José Brzuska é juiz de direito
e responsável pela fiscalização das casas prisionais
da Região Metropolitana de Porto Alegre.

Ele foi office-boy, borracheiro, lavador de carros, frentista, agente de segurança da Justiça Federal até assumir a função de juiz de Direito. O três-maiense Sidinei José Brzuska, 45 anos, responsável pela fiscalização das casas prisionais da Região Metropolitana de Porto Alegre (RS) tem muita história para compartilhar. 

Em entrevista exclusiva para o editor da Revista Afinal, Dr. Sidinei relata a sua infância e adolescência em Três de Maio, revela o motivo principal que lhe levou a cursar a Faculdade de Direito e tornar-se juiz, sua trajetória profissional e ainda o gosto pela fotografia. Formado em 1993 pela PUCRS, ele é juiz desde os 29 anos.


Minha história em Três de Maio

Morei os primeiros 18 anos da minha vida em Três de Maio, possivelmente os mais felizes da minha existência. Morava na Rua Santa Catarina, nº 50. A casa está lá até hoje, próximo do Bairro Santa Rita, na época chamada de Vila Popular. Tive uma infância feliz. Muito brinquei. Os campinhos eram de grama. E costumávamos jogar futebol descalços, pois nem todos tinham tênis. Banhos de rio e idas a pé até o Caça e Pesca eram frequentes. A fome era saciada com frutas, retiradas das taperas que existiam pelo caminho. Os meus avós maternos moravam no KM 10, uns três quilômetros depois da ponte do rio Santa Rosa. Ali, naquele interior, passava as férias do colégio. Os primeiros anos de estudo foram no Colégio Dom Hermeto. Quando fiquei sem bolsa de estudo, voltei para o Pio XII, atualmente Colégio Estadual Cardeal Pacelli, onde terminei 1º grau e concluí o 2º grau.



Ele foi office-boy, borracheiro, lavador de carros,
frentista. agente de segurança da Justiça Federal até assumir
a função de Juiz.

REVISTA AFINAL: Por que escolheu Direito?

SIDINEI BRZUSKA: Não entendia a razão de ser de algumas fórmulas matemáticas. Era questionador. Queria saber a origem e o porquê delas. As professoras não sabiam me explicar. E eu não conseguia compreender. Para piorar, algumas vezes fui mandado "para o quadro", na frente de todos, para fazer exercícios que não sabia elaborar. Isso me criou uma certa resistência em relação às ciências exatas. A escolha do curso do 2º grau, de técnico em administração, já foi para fugir da matemática. Nesse curso havia uma matéria de noções básicas de Direito, cujo professor era o advogado Lauri Ângelo Pase. O Pase era um professor apaixonado. Dava uma aula eloquente e tinha um vozeirão. Um belo dia perguntei a ele se a matemática era muito puxada no curso de Direito. Quando ele respondeu que no Direito não tinha matemática, defini o curso que queria. Em síntese, sou juiz porque não aprendi fazer contas.

REVISTA AFINAL: Antes de ser Juiz, quais foram suas atividades?
SIDINEI BRZUSKA: Aí em Três de Maio eu trabalhei como borracheiro, lavador de carros e frentista em posto de combustível. Em Porto Alegre, fui office boy e agente de segurança.

REVISTA AFINAL: Relate sua trajetória como juiz de direito.
SIDINEI BRZUSKA: Decidi que seria Juiz aos 21 anos, no 2º semestre da faculdade de Direito. Tracei uma meta de estudos, até aos 30 anos. Tomei posse com 29 anos. Estudei sozinho, sem nenhum curso preparatório. Este ano completo 15 anos de carreira na magistratura, mas já tenho 29 anos de contribuição para a previdência. Comecei a carreira de juiz na cidade de Santo Ângelo. Cruzei pelas cidades de Santa Rosa e Santa Maria, antes de chegar na capital.


 Em audiência com os presos.

REVISTA AFINAL: O que ficou na lembrança dos tempos de Três de Maio?
SIDINEI BRZUSKA: Ficaram aquelas lembranças da infância, as boas. Não tenho mais parentes próximos em Três de Maio. Vou com alguma frequência à cidade, uma vez por ano, mas não conheço mais as pessoas por quem passo e nem elas a mim. Apenas dou umas voltas pelas ruas para recordar os tempos de guri. A minha avó paterna, que foi uma segunda mãe, está sepultada em Três de Maio. É ela quem visito.

REVISTA AFINAL: Lado positivo e lado negativo de ser Juiz?
SIDINEI BRZUSKA: O lado positivo é que a profissão permite que você faça o bem para as outras pessoas. A realização daquela sensação de Justiça que todos nós carregamos. O lado negativo é que você não para de trabalhar nunca. As pessoas sempre procuram o juiz quando estão com problemas e não conseguiram ou não puderam resolvê-los. Assim, o Juiz torna-se um receptáculo de problemas alheios, muitos problemas graves, outros gravíssimos. E vários sem solução. E não é possível deixá-los trancados no fórum. Eles acompanham o Juiz. Ficam atormentando-o, em casa, na família, no sono, em toda parte. Aliás, esta é a única razão, no meu ver, que justifica o Juiz ter dois períodos de férias. Para tentar desligar um pouco. O Juiz tem que ser uma pessoa descansada e feliz. É péssimo para o jurisdicionado quando isso não acontece.

REVISTA AFINAL: O que o senhor diria aos acadêmicos de Direito que pretendem seguir carreira no Judiciário?
SIDINEI BRZUSKA: Caso não sejam vocacionados, não sigam a carreira da magistratura. Não a busquem por status, salário, segurança. Não compensa.

REVISTA AFINAL: Suas fotos chamam a atenção pelo inusitado. Qual foi a motivação?

SIDINEI BRZUSKA: As fotos começaram porque as famílias pobres, na qual estão inseridos praticamente todos os presos, praticamente não possuem fotografias familiares, pelo menos antes da era digital. Assim, passei a tirar fotos familiares, em dias de visita na prisão. Depois, dava-as para os presos. Percebi que os presos que grudavam na parede da cela uma foto da família cuidavam mais daquele lugar. E a família é peça fundamental na ressocialização dos condenados. A plasticidade das imagens, como forma de abrir um pouco o sistema, mostrando-o para a população, é coisa mais recente, de uns três anos para cá.


Hobby: fotografia.

REVISTA AFINAL: Como foi a sua passagem por Santa Rosa?
SIDINEI BRZUSKA: Fiquei em Santa Rosa de 1998 até 2002. Foi um período muito bom. Mantenho laços de amizade com vários santa-rosenses, com quem sigo mantendo contato. Pais, avós, tios, seguem morando em Santa Rosa.

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[Depoimento do Dr. João Batista da Costa Saraiva]



Juiz que honra a Magistratura Gaúcha
Conheço Sidinei Brzuska há quase 20 anos. Ele começou a carreira de Juiz em Santo Ângelo, nos anos 90. Se tivesse que definir como juiz em uma palavra, diria: vocacionado. Mas seria insuficiente. Sidinei reúne um conjunto de qualidades que fazem dele um homem especial. Inteligente, sensível, equilibrado, corajoso, preparado. 

Deixou um emprego que na época lhe pagava um salário melhor que o de Juiz para assumir o cargo de Magistrado. Vocação. Logo passou a dedicar sua atenção especial ao tema da execução penal, e isso tem sido a marca de sua carreira na magistratura, com reconhecimento em todo o País.

Não apenas enquanto colega, que já seria motivo suficiente de justo orgulho, mas como amigo, muito especial, não hesitaria em dizer que Sidinei Brzuska honra a Magistratura Gaúcha, em um tempo que se enfatiza a produtividade, a quantidade em detrimento da qualidade. Sidinei é um Juiz que congrega essas duas coisas e sabe que o Direito só interessa se for instrumento de Justiça.

Dr. João Batista da Costa Saraiva

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* Matéria publicada na edição nº 44 da Revista Afinal que circulou em março de 2014.

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quinta-feira, 9 de julho de 2015

11º Santa Rosa em Dança com inscrições abertas

Estão abertas as inscrições para o 11º Festival Santa Rosa em Dança, que este ano distribuíra R$ 8.200,00 em premiações.

Poderão participar solistas, duos, trios e grupos, divididos nas categorias infantil, juvenil e adulto. As coreografias devem encaixar-se numa das seguintes modalidades: dança de rua, jazz, dança de salão, folclórica, contemporânea, estilo livre, dança clássica.

O júri será composto por Magno Dutra (Campinas - SP), Márcio Alves (Mogi das Cruzes - SP) e Eduardo Fonseca Menezes (Curitiba - PR).

O 11º Festival Santa Rosa em Dança acontecerá nos dias 15, 16 e 17 de outubro (quinta, sexta e sábado), no Centro Cívico Cultural Antônio Carlos Borges.

As inscrições poderão ser efetivadas até o dia 8 de outubro, através do e-mail danca@santarosa.rs.gov.br. O regulamento e a ficha de inscrição podem ser encontrados no site do Festival: danca.santarosa.rs.gov.br.

O Santa Rosa em Dança é uma realização da Prefeitura de Santa Rosa, através da Secretaria de Cultura e Turismo.


Pré-Conferência de Cultura / Santa Rosa


O Conselho Municipal de Política Cultural de Santa Rosa e a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo convidam os artistas, gestores, agentes culturais e a comunidade em geral para participarem da Pré-Conferência de Cultura, a ser realizada neste sábado, 11 de julho, das 14h às 17h, no SESC Santa Rosa.

Na pauta, a apresentação e aprovação do Plano Municipal de Cultura, parte integrante do Sistema Municipal de Cultura. Para tal propósito, contaremos com o auxílio de Margarete Costa Moraes, chefe da Representação Regional Sul do Ministério da Cultura.

É importante salientar que o Plano foi construído ao longo dos três últimos anos, de forma participativa e com orientação do Ministério da Cultura e da UNESCO. Foram mais de 30 reuniões com gestores e sociedade civil para chegar-se ao presente documento.

Na ocasião, também será apresentada a proposta de um Projeto de Lei para nortear a instalação de esculturas e monumentos em locais públicos de nosso município.

A presença de todos integrantes do Conselho, titulares e suplentes, é fundamental.



quarta-feira, 8 de julho de 2015

Guerra, Formigas e Palhaços no SESC



O Grupo Estação de Teatro apresenta o espetáculo adulto "Guerra, Formigas e Palhaços", dia 11 de agosto, às 20h, no Teatro do Sesc Santa Rosa. 

O espetáculo vai circular por 17 estados brasileiros, percorrendo 34 cidades do Brasil, através do Palco Giratório/SESC.

Sobre o espetáculo
Voltado para o público adulto e com texto de César Ferrario, "Guerra, Formigas e Palhaços" é conduzido pelos atores Rogério Ferraz, Enio Cavalcante e Pedro Queiroga. Com forte teor político e filosófico, sem abrir mão da ludicidade, da subversão e da comicidade, o espetáculo conta a saga de dois militares, últimos remanescentes de um batalhão de combate, que se encontram perdidos em uma guerra à espera de reforços. Porém, quando todas as saídas parecem se fechar, um fato inusitado acontece: o batalhão de dois homens finalmente se depara, estupefato, diante daquele que pode carregar o último fio de esperança. Classificação: 12 anos

Sobre o Grupo
O Grupo Estação de Teatro surgiu em 2009, na cidade de Natal, formado pelos atores Rogério Ferraz, Nara Kelly, Caio Padilha e Manu Azevedo. Comprometidos com a qualidade artística e o respeito ao público, iniciaram uma pesquisa em contação de histórias, que resultou em dois espetáculos infantis, intitulados "Em Cada Canto Um Conto" e "Estação dos Contos". Em 2013, o grupo monta o espetáculo "Guerra, Formigas e Palhaços", dessa vez voltado para o público adulto. Estão também no repertório o infantil "Um Sonho de Rabeca no Reino da Bicharada" e o espetáculo para rua "Quintal de Luís", este viabilizado pelo Edital Natal em Cena 2014. Atualmente o grupo se completa com três novos integrantes: a produtora Tatiane Fernandes, a jornalista e atriz Joanisa Prates e o ator e cenógrafo Davidson Lacerda.

O Grupo Estação de Teatro está no Facebook: https://www.facebook.com/grupoestacaodeteatro


SERVIÇO

ESPETÁCULO: GUERRA, FORMIGAS E PALHAÇOS (teatro)

DATA: 11 DE AGOSTO DE 2015 - TERÇA-FEIRA

LOCAL: TEATRO DO SESC SANTA ROSA (Rua Concórdia, 114)

HORÁRIO: 20 HORAS

INGRESSOS: ? (a confirmar)


fonte: G1/RN


Violas Brasileiras

Sonora Brasil traz ao Estado concertos musicais sobre o tema Violas Brasileiras

No RS, dez cidades recebem as atrações neste ano. Santa Rosa entre as cidades que receberão os concertos





O Sonora Brasil, que a chega a sua 18ª edição, levará uma série de apresentações musicais a dez cidades do interior gaúcho, neste segundo semestre do ano. Sonoros ofíciosViolas brasileiras e cantos de trabalho serão os temas desenvolvidos no biênio 2015-2016, com a participação de quatro grupos em cada tema. O projeto, promovido pelo Sesc, foi lançado em maio na cidade de Vitória (ES), e anunciou os mais de 480 concertos que serão realizados em mais de 130 cidades brasileiras.

No Rio Grande do Sul, as cidades de Canoas, Montenegro, Camaquã, Pelotas, Alegrete, Ijuí, Santa Rosa, Passo Fundo, Porto Alegre e Carazinho recebem as apresentações a partir de agosto sobre Violas Brasileiras. O tema traça um panorama da viola e de variantes do instrumento que apresentam características peculiares e regionalizadas, relacionadas a práticas musicais restritas a ambientes geográficos pouco abrangentes. Ao total, serão quatro circuitos nas nove cidades gaúchas decorrentes do assunto: Violas Singulares no mês de agosto; Viola Caipira em setembro e outubro; Violas de Concerto em outubro e Viola Nordestina em outubro e novembro. Já o tema Cantos de trabalho circula pelas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste em 2015 e chega ao Estado apenas em 2016.

O Sonora Brasil cumpre a missão de difundir o trabalho de artistas que se dedicam à construção de uma obra não comercial. A formação de plateia é o que se busca por meio do contato do público com a qualidade e a diversidade da música, estimulando o olhar crítico sobre a produção e os mecanismos de difusão da música no país. O projeto busca despertar um olhar crítico sobre a produção e sobre os mecanismos de difusão da música no país, incentivando novas práticas e novos hábitos de apreciação musical, promovendo apresentações de caráter essencialmente acústico, que valorizam a autenticidade sonora das obras e de seus intérpretes.
Violas Brasileiras traça um panorama da viola de cinco ordens e de variantes que apresentam características peculiares e regionalizadas do instrumento, relacionadas a práticas musicais restritas a ambientes geográficos pouco abrangentes. A viola caipira/sertaneja será representada por Paulo Freire e Levi Ramiro (SP); a viola do nordeste, reconhecida por acompanhar repentistas, será apresentada por Ivanildo Vilanova, Antônio Madureira e Cássio Nobre (PE e BA); a viola de concerto, apresentada por Fernando Deghi e Marcus Ferrer (PR e RJ); e as violas singulares, com suas peculiaridades e suas claras referências regionalizadas, serão apresentadas por Sidnei Duarte, Maurício Ribeiro e Rodolfo Vidal (MT, TO e SP).

Serviço

Show: Violas Singulares

Data: 08 de agosto de 2015 - sábado

Horário: 20 horas

Local: Teatro do SESC Santa Rosa

Ingressos: gratuito




Água é o tema do Festival de Cinema de Três Passos


CINEMA AO ALCANCE DE TODOS

Edição 2015 de Festival busca financiamento coletivo na NET

O 2º Festival de Cinema de Três Passos/2015 é um evento cultural dedicado à exibição de obras audiovisuais de curta-metragem, de caráter educativo, competitivo e informativo, até 25 minutos. A programação, de 12 a 14 de novembro, divide-se em mostras Competitiva, nas categorias ficção, documentário, animação, experimental, temática ambiental e Não Competitiva.

As inscrições são gratuitas. Todas as informações podem ser acessadas no sitio www.cinematrespassos.com.br ou na comunidade Festival de Cinema de Três Passos, no Facebook.

Com o tema ÁGUA e o slogan IDEIAS VERTENTES motivados pela origem da designação do nome Três Passos, associados ao debate em evidência sobre a preservação e uso racional da água para a vida no planeta, e, pelo entendimento de que o ato de criação começa a partir de uma ideia, o evento se propõe a ser um espaço de difusão das criações cinematográficas enquanto modalidade artística, uma vertente de estímulo a novas ideias, olhares e ações em favor do multiculturalismo, do desenvolvimento sociocultural e sustentável.


Objetivo Geral

Apresentar ao público filmes de curta-metragem produzidos na atualidade, objetivando:
- A divulgação e a circulação da produção brasileira desse formato;

- O acesso ao filme de curta-metragem à população do interior do Estado do RS, em especial ao público jovem;

- O fomento à atividade cinematográfica enquanto modalidade artística, formando novas plateias e produtores;

- O debate sobre cinema com a participação de cineastas;

- O incentivo à participação de obras audiovisuais relacionadas ao tema do Festival - ÁGUA e à produção local/regional;

- A premiação das melhores produções no formato curta-metragem, avaliadas pelos júris técnico e popular, dentre as selecionadas para a mostra competitiva.


Objetivos Específicos

- acesso gratuito a todas as programações e atividades paralelas do Festival;

- patrocínios e apoios para operacionalização do Projeto do Festival;
- parceria com Prefeituras Municipais e Escolas Públicas e Privadas da região visando à participação de estudantes de Ensino Médio e Fundamental nas atividades do Festival;

- capacitar e incentivar a produção audiovisual por meio da oferta de oficina de produção audiovisual, exibição itinerante de curtas selecionados no 1º FCTP/2014 em escolas e/ou espaços públicos de Três Passos;

- motivar ações na área ambiental e desenvolvimento sustentável realizando atividades em parceria com Prefeitura Municipal e instituições apoiadoras sobre o tema do Festival - ÁGUA, tais como: conhecimento e divulgação do potencial hídrico existente em Três Passos; programas municipais em execução; reflexão sobre a preservação e o uso racional da água para a vida no planeta;

- reconhecimento do Festival como atração turística.



Na primeira edição, em 2014, o Festival de Cinema de Três Passos caracterizou-se pelo trabalho voluntário, acolhida da comunidade três-passense e de realizadores de curtas-metragens de 21 estados brasileiros e do Distrito Federal, possibilitando de forma inédita a um grande público distante das grandes metrópoles, o acesso a obras diferenciadas, raras e de qualidade, que expressaram a pluralidade do cinema contemporâneo.
A exibição de 71 obras - 61 na Mostra Competitiva e 10 na Mostra Não Competitiva, dentre as 251 inscritas, credencia a afirmação de que o 1º Festival de Cinema de Três Passos desempenhou importante papel: o de cultivar a diversidade cultural e audiovisual, ampliando as possibilidades de acesso do público a outras linguagens, estilos e estéticas existentes na cinematografia e contribuindo para o aprimoramento do gosto dos espectadores, repercutindo positivamente na comunidade local/regional. A experiência vitoriosa motivou a realização da segunda edição em 2015, novamente, com a marca do voluntariado, a participação da comunidade, empresas, instituições e apoio do Poder Público.


Financiamento Coletivo (crowdfunding)

O custeio parcial do projeto tem proposta fácil e moderna: arrecadação de doações via redes sociais. Essa inovação de financiamento coletivo, popularmente é chamada “vaquinha eletrônica” ou crowdfunding, em inglês. A campanha “Cinema ao alcance de Todos”, que está disponível no endereço eletrônico www.kickante.com.br oferece a oportunidade de apoio a internautas de todo o planeta, pagas através de cartão de crédito ou boleto bancário. Todas as doações recebem recompensas. Vale a pena conferir.


terça-feira, 7 de julho de 2015

O negócio chamado comunicação

Por Leonardo Rodrigues*

Antes, uma entre as muitas definições do jornalista era a de reportar ao grande público informações e imagens do que acontecia nas ruas. Atualmente, qualquer adolescente com seu smartphone pode em segundos enviar fotos e textos para qualquer pessoa ou veículo, e em qualquer parte do mundo. Existem hoje aparelhos e aplicativos que permitem ao cidadão comum viver seu momento de repórter. Condições e capacitações recomendáveis à profissão passaram, com os anos, de obrigatórias para opcionais. Mas, em que momento a tecnologia relativiza o jornalismo e o ameaça?

As mudanças não apenas tornaram mais difícil conceituar os profissionais de comunicação, como trouxeram crise aos negócios. As empresas que tinham por hábito procurar profissionais com “tarimba” para a eles associar suas marcas, atualmente pesquisam referências de popularidade com o objetivo de expandir seu alcance e aumentar o número de cliques.

Os reflexos do cenário são perceptíveis. Isso porque qualquer veículo de comunicação é, antes de tudo, um negócio, e como tal preza por fontes de receita. Mas tais fontes se sustentam, e em grande parte, na publicidade, que por sua vez se abriga onde há audiência. Em paralelo, o fenômeno de as pessoas se informarem mais por redes sociais do que por veículos tradicionais de informação faz a receita com a propaganda se dispersar, em velocidade crescente. Isso obriga as grandes mídias a cortar gastos, a enxugar a folha de pagamento e, em alguns casos, ao encerramento das atividades.

Na maioria das vezes, os jornalistas não trabalham para outro jornalista. Antes, se reportam a um empresário. O fato revela hierarquia e aponta para quem tem a última palavra. A tomada de decisão é, em geral, coerente com o que ele entende por prioridade.

Não se pretende aqui sinalizar que a tecnologia e seus avanços são algo ruim. O desenvolvimento de novas ferramentas propicia um processo de quebra de paradigmas. Tal processo, por estar ainda em ebulição, promove mudanças de mercado que, neste instante, não nos permitem vislumbrar novos modelos de negócio/comunicação ainda não criados, ou mesmo imaginados. Há hoje mais dúvidas que respostas. Algo não muito palatável, mas natural do movimento de renovação na era da informação.

O comunicador moderno se percebe diante da necessidade de dar novos significados ao que já tinha por concreto. Reflexões sobre novas medições de feedbacks, sobre avaliações do que se entende por sucesso no jornalismo atual, ou ainda sobre a busca de sincronia entre ser ao mesmo tempo rentável e relevante vieram substituir outros questionamentos que faziam parte da sala de aula nas faculdades de comunicação social, como, por exemplo, a existência de imparcialidade, ou não. Os tempos são outros, as questões também. E ainda não há respostas prontas.

A ameaça ao futuro do jornalismo não está no avanço da tecnologia. Antes, os riscos se encontram se o universo acadêmico não se apresentar como espaço pensante para novas ideias e buscas (ou construção) de novas respostas. Há certo tempo, as instituições tidas por academias abriram mão do experimento e da criação. Com isso deixaram de oxigenar o mercado para apenas produzir profissionais pasteurizados e em fôrmas. É cada vez mais rara a originalidade na academia. Cada vez mais os diferenciais das faculdades evaporam, para se apresentarem como irmãs gêmeas.

É preciso ousar. O risco, o pensar, o cair e o levantar cabem à atmosfera das universidades. Elas precisam se mostrar como esperança na construção de novos horizontes. Para a comunicação, o exterminador do futuro não são as máquinas, mas a acomodação. A essas instituições roga-se ousadia para não se conformarem com o status quo. Assim como a tecnologia, devem quebrar paradigmas e assegurar vida longa ao negócio chamado comunicação.

*Leonardo Rodrigues é jornalista e chargista.



27ª Mostra Artistas da Terra vem aí




A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e a Associação de Artistas Plásticos de Santa Rosa (AAPLAS) convidam a todos artistas plásticos das regiões Noroeste e Missões a botar a mão na massa e participar da 27ª Mostra Artistas da Terra.

A Mostra acontecerá no período de 28 de julho a 28 de agosto de 2015, e inclui também a 6ª Mostra Infantojuvenil, destinada a jovens dos 7 aos 16 anos. Serão aceitos trabalhos nas categorias pintura, desenho, gravura, escultura, porcelana, fotografia, cerâmica, videoarte, instalação, infogravura, arte objeto e intervenção urbana.

O evento, como de praxe, premiará as melhores obras em cada categoria. Este ano, porém, para que tenhamos um painel mais completo sobre o estágio atual de nossa produção artística, serão aceitas também obras fora de concurso.

O regulamento e a ficha de inscrição das mostras podem ser encontrados no site da Secretaria de Cultura e Turismo (http://culturaeturismo.santarosa.rs.gov.br) ou no Centro Cívico Cultural Antônio Carlos Borges. As obras deverão ser entregues, acompanhadas da ficha de inscrição preenchida, entre os dias 20 e 24 de julho, no Centro Cívico Cultural. Maiores informações pelo fone 3511-5112.

A 27ª Mostra Artistas da Terra e a 6ª Mostra Infantojuvenil são uma realização da Prefeitura de Santa Rosa, através da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, com o apoio da Associação de Artistas Plásticos de Santa Rosa (AAPLAS).


sábado, 4 de julho de 2015

MIRKA ALMEIDA - Homenagem

Matéria publicada na Revista Afinal em 2010. Reprisamos a matéria como homenagem à artista falecida ontem, dia 02/07/15, em Cuiabá (MT).

Um dos grandes nomes das artes plásticas do Rio Grande do Sul vive só e distante de sua paixão


por Márcio Leandro da Slva

A melhor obra está lá, quase que esquecida, como se adormecida na casa simples da Rua Joaquim Rodrigues, no bairro Cruzeiro, em Santa Rosa. Quase só, lá está a velha obra feita de lembranças, na mente de uma referência em artes plásticas no Estado, Mirka Heinze de Almeida, 80 anos. Ela própria, a melhor arte. Há três anos sem saber o que é pegar numa espátula e dar cores ao mundo feito de relevos, de vento em tela. Agora, só paisagem murcha à espera de alguém que chegue e de tantos outros que já nem lembram. As estações já foram outras entre janeiros e setembros na casa da artista, entre maios e outubros.Mas num daqueles dias em que algo acontece, numa daquelas estações estranhas, como se Primavera/Outono, Mirka viu o chão e não mais sentiu o lado direito do corpo, quase um fim se não houvesse no meio do caminho, Mirka. Um Acidente Vascular Cerebral (AVC) tirou o movimento de todo o braço direito, guia mestre dos olhos e do coração da artista. Sem mão para pintar, sem Norte, ela decidiu ancorar. Descobriu-se doente e com sérios problemas de dicção. A vida, que até então era vista em detalhes, tornou-se amplidão contida pela casa, ora nas salas, ora varanda, ora no quarto, tudo dividido na mente. “Ai,ai,ai... Eu não lembro!”, repetia a artista, para perguntas simples. A senhora começou a pintar na infância? “Ai,ai,ai...”A demora é entendida, não há mais pressa, nem bagagem, nem convite para viajar pela Europa mostrando seus quadros. Muitos trabalhos da artista estão espalhados pelo mundo, adquiridos por colecionadores da boa arte, comprados em atelier italiano e alemão. Mas onde ficou Mirka e sua sensibilidade de cores do real? Ela, que era capaz de olhar e reproduzir um momento, um Bresson de saias em telas – o instante decisivo – imortalizado na imagem exposta feita de tinta e espátula. 

Nas paredes da casa verdadeiras obras de gênio, algumas já danificadas pelo tempo, pela exposição incorreta, luzes inadequadas, quadros pregados nas paredes. Falta um atelier, uma sala de exposição, um olhar urgente para não perder o que restou. Falta reconhecimento de quem pode fazer e não faz e a arte se esvai feito areia entre os dedos. Todas as manhãs Mirka tem atendimento especial, é cuidada pela vizinha que divide as atividades de zelo com um sobrinho da artista. Onde antes era lugar de tintas, quadros e mesas, agora ferramentas e peças de mecânica. Mesmo assim, com cuidado, Mirka desce da cadeira e recusa o braço como apoio, quer continuar com as próprias pernas. Da porta olha, espia por uma fresta da memória os dias em que ficava ali a maior parte do tempo, pintando entre a casa e a piscina hoje misturada às folhas trazidas pelo vento e água em tom marrom, cor de abandono em tempos de sobra. Quem vê os quadros entende. Ali tem mais que imagem, tem conteúdo. A maioria saído de paisagens reais, passeios mundo afora. Como na Alemanha, em que mulheres e seus saiões viraram arte colhendo flores num campo e até de um inverno em que a nevasca foi intensa. Ao lado, um barco, o Manoelito, aconrado num porto qualquer de Portugal. Entre as belezas expostas, a lateral de uma casa, onde a artista ficou hospedada na Argentina. Mas um lugarzinho especial na sala de estar guarda um retrato da própria Mirka feito pelas mãos da filha. Como carícia na parede um quadro com fotos dos netos e também uma Xuxa sorridente abraçada à artista, fotos-lembranças. Nem mesmo um bom observador seria capaz de notar um quadro de aproximadamente dois metros de altura ser porta de acesso à outra área da casa, ou o que aparenta ser apenas uma bela paisagem na parede, surgir como mesa de um barzinho, detalhes moldados à base de criatividade e beleza.O acúmulo de homenagens e prêmios soma uma contabilidade feliz na vida da artista e não poderia ser diferente. Na mesa da sala, Troféu Cultura Gaúcha 2004, Artista da Terra, entre outros, dão a sutileza e o significado de sua obra. “Buscava inspiração na minha própria vida e na forma de ver as coisas, a pintura foi uma maneira de expressá-las”, garante. Além da saudade dos três filhos que moram longe, Mirka sente o vazio do esquecimento, do vácuo que separa passado e presente. “Não vem ninguém. Ai,ai,ai... São poucas pessoas que vem conversar”, lamenta. Com muita dificuldade para se expressar, ela ainda afirmou: - Gostaria de estar pintando (olhos cheios de lágrimas). Mostra a mão esquerda e, com gestos, diz que não consegue. “Só com a direita, imobilizada. A esquerda não faz nada”, silencia.Mas lá está ela, na Rua Joaquim Rodrigues, no bairro Cruzeiro em Santa Rosa, em silêncio vivendo um dia depois do outro. Á espera de tantos que teimam em esquecê-la, mesmo não entendendo porque a arte é tão perturbadora, tal qual um grito nos desertos de cada um. Forte Mirka, a melhor obra.





A melhor obra está lá, quase que esquecida, como se adormecida na casa simples da Rua Joaquim Rodrigues, no bairro Cruzeiro, em Santa Rosa. Quase só, lá está a velha obra feita de lembranças, na mente de uma referência em artes plásticas no Estado, Mirka Heinze de Almeida, 80 anos. Ela própria, a melhor arte. Há três anos sem saber o que é pegar numa espátula e dar cores ao mundo feito de relevos, de vento em tela. Agora, só paisagem murcha à espera de alguém que chegue e de tantos outros que já nem lembram. As estações já foram outras entre janeiros e setembros na casa da artista, entre maios e outubros.

Mas num daqueles dias em que algo acontece, numa daquelas estações estranhas, como se Primavera/Outono, Mirka viu o chão e não mais sentiu o lado direito do corpo, quase um fim se não houvesse no meio do caminho, Mirka. Um Acidente Vascular Cerebral (AVC) tirou o movimento de todo o braço direito, guia mestre dos olhos e do coração da artista. Sem mão para pintar, sem Norte, ela decidiu ancorar. Descobriu-se doente e com sérios problemas de dicção. A vida, que até então era vista em detalhes, tornou-se amplidão contida pela casa, ora nas salas, ora varanda, ora no quarto, tudo dividido na mente. “Ai,ai,ai... Eu não lembro!”, repetia a artista, para perguntas simples. A senhora começou a pintar na infância? “Ai,ai,ai...”

A demora é entendida, não há mais pressa, nem bagagem, nem convite para viajar pela Europa mostrando seus quadros. Muitos trabalhos da artista estão espalhados pelo mundo, adquiridos por colecionadores da boa arte, comprados em atelier italiano e alemão. Mas onde ficou Mirka e sua sensibilidade de cores do real? Ela, que era capaz de olhar e reproduzir um momento, um Bresson de saias em telas – o instante decisivo – imortalizado na imagem exposta feita de tinta e espátula.





Nas paredes da casa verdadeiras obras de gênio, algumas já danificadas pelo tempo, pela exposição incorreta, luzes inadequadas, quadros pregados nas paredes. Falta um atelier, uma sala de exposição, um olhar urgente para não perder o que restou. Falta reconhecimento de quem pode fazer e não faz e a arte se esvai feito areia entre os dedos.

Todas as manhãs Mirka tem atendimento especial, é cuidada pela vizinha que divide as atividades de zelo com um sobrinho da artista. Onde antes era lugar de tintas, quadros e mesas, agora ferramentas e peças de mecânica. Mesmo assim, com cuidado, Mirka desce da cadeira e recusa o braço como apoio, quer continuar com as próprias pernas. Da porta olha, espia por uma fresta da memória os dias em que ficava ali a maior parte do tempo, pintando entre a casa e a piscina hoje misturada às folhas trazidas pelo vento e água em tom marrom, cor de abandono em tempos de sobra.

Quem vê os quadros entende. Ali tem mais que imagem, tem conteúdo. A maioria saído de paisagens reais, passeios mundo afora. Como na Alemanha, em que mulheres e seus saiões viraram arte colhendo flores num campo e até de um inverno em que a nevasca foi intensa. Ao lado, um barco, o Manoelito, aconrado em águas de Portugal. Entre as belezas expostas, a lateral de uma casa, onde a artista ficou hospedada na Argentina. Mas um lugarzinho especial na sala de estar guarda um retrato da própria Mirka feito pelas mãos da filha. Como carícia na parede um quadro com fotos dos netos e também uma Xuxa sorridente abraçada à artista, fotos-lembranças.

Nem mesmo um bom observador seria capaz de notar um quadro de aproximadamente dois metros de altura ser porta de acesso à outra área da casa, ou o que aparenta ser apenas uma bela paisagem na parede, surgir como mesa de um barzinho, detalhes moldados à base de criatividade e beleza.





TROFÉU CULTURA GAÚCHA

O acúmulo de homenagens e prêmios soma uma contabilidade feliz na vida da artista e não poderia ser diferente. Na mesa da sala, Troféu Cultura Gaúcha 2004, Artista da Terra, entre outros, dão a sutileza e o significado de sua obra. “Buscava inspiração na minha própria vida e na forma de ver as coisas, a pintura foi uma maneira de expressá-las”, garante.

Além da saudade dos três filhos que moram longe, Mirka sente o vazio do esquecimento, do vácuo que separa passado e presente. “Não vem ninguém. Ai,ai,ai... São poucas pessoas que vem conversar”, lamenta. Com muita dificuldade para se expressar, ela ainda afirmou: - Gostaria de estar pintando (olhos cheios de lágrimas). Mostra a mão esquerda e, com gestos, diz que não consegue. “Só com a direita, imobilizada. A esquerda não faz nada”, silencia.

Mas lá está ela, na Rua Joaquim Rodrigues, no bairro Cruzeiro em Santa Rosa, em silêncio vivendo um dia depois do outro. A espera de tantos que teimam em esquecê-la, mesmo não entendendo porque a arte é tão perturbadora, tal qual um grito nos desertos de cada um. Forte Mirka, a melhor obra.



Texto: Márcio Leandro da Silva / Especial p/ Revista Afinal




quinta-feira, 2 de julho de 2015

Três Passos prepara o 2º Festival de Cinema

O Festival de Cinema de Três Passos é um evento destinado à exibição de obras audiovisuais de curta-metragem produzidas prioritariamente no território brasileiro. As inscrições para a 2ª edição encerram no dia 20 de agosto e podem ser feitas de forma gratuita. O evento é constituído de Mostra Competitiva nas categorias ficção, documentário, animação, experimental, temática ambiental e também por Mostra não Competitiva.

Poderão participar pessoas físicas, exceto os membros que integram a Comissão Organizadora, a Comissão de Seleção (Curadoria), e o Júri Técnico. Serão aceitas produções com a duração máxima de 25 minutos, (incluídos os créditos), faladas ou legendadas em português, de todos os gêneros cinematográficos (exceto filmes institucionais ou publicitários), produzidas no período de 2012 a 2015, até a data da inscrição, e que não tenham sido exibidas na edição anterior do evento.

A inscrição deverá ser feita diretamente no site do festival cinema de Três Passos. Fique atento também ao regulamento.

O 2° Festival acontecerá de 12 a 14 de novembro no Cine Teatro Globo em Três Passos.