domingo, 30 de dezembro de 2012

O jornalismo pós-industrial

A expressão foi cunhada em 2001 pelo norte-americano Doc Searls para identificar o que ele, na época, classificou de “jornalismo sem rotativas”. O termo ganhou nova roupagem no fim de 2012 com a publicação de um documento de 196 páginas, editado pelo Tow Center para Jornalismo Digital , da Universidade Columbia, nos Estados Unidos.

O que há mais de uma década era uma vaga ideia sobre um futuro possível para o jornalismo transforma-se agora num diagnóstico bem mais preciso, embora ainda contenha muitas incógnitas. Mas os três professores responsáveis pelo texto — C.W. Anderson, Emily Bell e Clay Shirky — não têm dúvidas de que é inexorável a substituição do jornalismo atual por uma nova forma de exercer a atividade.

A constatação fundamental é a de que a essência do jornalismo continua, mas a forma atual de praticá-lo, baseada na associação com o papel, fitas magnéticas e celuloide, criou uma cultura que perdeu agora sua base material e está sendo substituída por outra com valores, rotinas e modelos de negócios totalmente diferentes, pois sua principal característica é ser imaterial.

Dito assim parece até simples, mas as consequências dessa transformação foram classificadas simplesmente como “tectônicas” pelo documento que dedica quase 15 páginas para mostrar como a imprensa atual tornou-se insustentável pela falência da secular associação entre donos de jornais e anunciantes.

Não se trata apenas de trocar as rotativas e máquinas de escrever pelos computadores e pela internet. O texto cita uma pesquisa mostrando que 90% das empresas que implantaram redações digitais sem alterar a forma de praticar o jornalismo acabaram pagando caríssimo pela mudança e quase todas faliram ou foram vendidas. O problema não está na tecnologia, mas na identificação das consequências que ela está provocando na forma como os profissionais e o público passaram a se relacionar no campo da comunicação jornalística.

É aí que os principais conglomerados da imprensa mundial estão falhando e, segundo a previsão do texto, provavelmente a maioria deles não conseguirá sobreviver. Para os autores, o grande dilema da imprensa contemporânea está nessa transição para o jornalismo pós-industrial, no qual o culto do papel como valor máximo da profissão será substituído por outra cultura, provavelmente a da colaboração informativa, segundo Anderson, Bell e Shirky. [C.W. Anderson lança agora em janeiro o livro Rebuilding the News (Reconstruindo a Notícia), pela editora Temple University Press.]

O jornal The New York Times foi escolhido para uma análise das características e consequências da transição para o jornalismo pós-industrial porque nos últimos 20 anos foi, segundo o texto, a empresa jornalística que mais arriscou nas mudanças em seu modelo de negócios. “Deixou de ser um jornal de referência no mundo inteiro para tornar-se uma instituição cultural de padrões globais, criando uma categoria de um só componente”.

Mesmo reconhecendo o mérito dos riscos assumidos pelo jornal da família Sulzberger, o documento assinala que as consequências das mudanças feitas e o futuro da empresa ainda estão mergulhados numa grande incerteza. Os autores preferem analisar e discutir a natureza das mudanças como um exemplo do que está sendo feito na transição de modelos, capaz de ser avaliado por outras organizações.

A transição do modelo industrial de produção de notícias para um formato pós-industrial é parte dosurgimento da economia digital, um sistema de produção baseado em bens imateriais (conhecimento, informação e sabedoria). Não se trata de substituição de um modelo por outro, porque já existem dados suficientes para comprovar que ambos coexistirão ainda durante muito tempo, da mesma forma que o sistema feudal ainda sobrevive em várias partes do mundo dominado pelo capitalismo industrial.

Também no jornalismo não haverá uma substituição completa das formas analógico-industriais pelo sistema digital. O papel, celuloide e processos eletromagnéticos ainda serão usados em nichos especializados, a exemplo do que acontece com os discos de vinil que ainda sobrevivem ao CD-ROM que, por sua vez, perdeu a hegemonia para o MP3 digital como plataforma para a publicação de músicas.

O grande dilema do jornalismo atual não é o que fazer com a indústria do papel, mas como enfrentar as incertezas da transição para a era pós-industrial. A experiência tem mostrado que o jornalismo contemporâneo enfrenta dois tipos de medo: o da perda da segurança de um modelo conhecido e o medo das incertezas do futuro. A realidade já demonstrou que o primeiro leva à paralisia, o que pode ser fatal para uma empresa jornalística nos dias de hoje. Medo por medo, talvez a melhor opção seja apostar na mudança.



A miséria da cultura

por Vladimir Safatle

Aqueles interessados na produção cultural brasileira devem ter percebido uma equação inusitada. Enquanto a última década foi marcada por um crescimento econômico real e pelo advento de uma dita nova classe média, a cultura brasileira parece em ritmo de estagnação.
Interessante notar que os momentos de crescimento econômico brasileiro foram acompanhados pela consolidação da produção cultural.

O melhor exemplo foi o boom de crescimento do fim dos anos 1950 e começo dos anos 1960. Ele foi acompanhado da maturidade de nossa melhor produção literária (Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto), pelo melhor de nossas artes visuais (Hélio Oiticica, Lygia Clark e o grupo Neoconcreto), pela bossa nova, pelas experiências teatrais de vanguarda e pelo aparecimento do cinema novo. Nada sequer parecido foi identificado nesta última década.

Não é possível colocar a conta da improdutividade em alguma espécie de espírito geral de época. Vemos vários exemplos de países que conseguiram nesses últimos anos apresentar produção cultural significativa. A Argentina e seu cinema de alta qualidade, que vem desde as produções de Lucrecia Martel, é um exemplo paradigmático. Poderíamos lembrar ainda do Chile e de sua literatura (Roberto Bolaño foi sem dúvida um dos grandes escritores do começo do século). Mesmo a China com seu crescimento tem apresentado bons artistas plásticos, além de uma impressionante quantidade de intérpretes relevantes de música erudita.

Várias são as razões que podemos levantar para esta miséria da cultura brasileira, com suas honrosas exceções. Podemos começar pensando sobre o cinema nacional. Desde Cidade de Deus (Fernando Meirelles, 2002), o cinema nacional parece ter se acomodado à exposição da vida social, a partir das lentes da violência espetacular e da visualidade de alto impacto herdeira da estilização publicitária. Uma via coroada com Tropa de Elite e que parece expor como o desejo de constituir uma indústria do entretenimento transformou-se na essência da produção cultural nacional.

Não é sem interesse comparar essa via com aquela traçada pelo cinema argentino. A diferença entre as duas experiências não deve ser posta apenas na conta da ausência de dinheiro do cinema argentino ou do fato de seus principais diretores não terem vindo, como no Brasil, do mercado publicitário. Na verdade, está em jogo aqui a maneira com que sociedades decidem como integrar seus conflitos, os impasses de seu passado. A maneira com que a sociedade pensa a si mesma, narra para si mesma seus próprios impasses.

De fato, a avaliação da produção brasileira em setores como artes plásticas e música apenas reitera como a verdadeira preocupação nacional é a inserção do Brasil como player no mercado internacional de entretenimento e de glamour de alta comercialização. Dificilmente poderíamos descrever de outra forma produções de artistas como Beatriz Milhazes ou Vik Muniz.

No interior desse processo, o Brasil perdeu, inclusive, a capacidade de transformar sua música popular e seus músicos em debatedores preferenciais da vida sociocultural nacional. Por mais que se possa discordar das intervenções de músicos como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé ou Chico Buarque, é fato que não se espera mais de músico popular algum uma capacidade de reflexão sobre os meandros da vida nacional.

Nesse sentido, o modelo de financiamento público da cultura apenas aprofunda essa tendência. Ao transformar indiretamente os departamentos de marketing das empresas em atores que decidem sobre qual produção será financiada, instrumentos como a Lei Rouanet acabam por reforçar a tendência de vazio cultural no campo da cultura. Corre-se assim o risco de a cultura brasileira do século XXI ser lembrada pela sua bem-sucedida inserção mercantil e pela incapacidade de ser o que toda arte deve ser: a imagem daquilo que a sociedade ainda não é capaz de pensar.


Fonte: Carta Capital


Ruínas de São Miguel atraem turistas para a passagem do ano

Uma das principais atrações turísticas do Rio Grande do Sul e reconhecidas como Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO servirá de palco para o réveillon de passagem de ano.

A Secretaria de Turismo de São Miguel das Missões preparou uma programação junto ao Sitio Arqueológico que vai das 19 até 24 horas.

Márcia Reck, Secretária Municipal de Turismo, diz que a cada ano aumenta o número de turistas que chegam a região das Missões para comemorar a passagem do ano.

No dia 31 de dezembro, o acesso das pessoas é franqueado junto ao Sitio Arqueológico, onde fica as Ruínas de São Miguel.

Às 19 horas será realizado um ritual especial de passagem de ano com a presença de um grupo de benzedores locais.

Para as 21 horas apresentação do espetáculo de Som e Luz, onde em 48 minutos é narrada a saga da história das Missões.

Em seguida acontece dentro da antiga igreja jesuítica de São Miguel Arcanjo, celebração religiosa e mística com a presença do bispo emérito de Santo Ângelo dom Estanislau Amadeu Kreutz.

Das 23h20min até a meia-noite estão programadas apresentações musicais ao vivo com artistas locais, como contagem regressiva para entrada de 2013.

A meia-noite acontece show pirotécnico com a queima de fogos e brinde de espumantes entre as pessoas presentes no Sitio Arqueológico.

A operadora de turismo Caminho das Missões, com sede em Santo Ângelo, possui roteiros exclusivos para os turistas que tiverem interesse em passar o réveillon na região.

Os roteiros variam de 2 dias, 5 dias e um de 7 dias que inclui as Missões localizadas no lado brasileiro, assim como reduções jesuíticas na Argentina e no Paraguai.


fonte: www.radiosantoangelo.com.br



O jornalismo de celebridades emburrece

por Paulo Nogueira*

“Qual a sua visão sobre jornalismo de celebridades?”, me pergunta Caio, repórter da Trip, por telefone.

“Jornalismo de celebridades bom é jornalismo de celebridades morto”, respondo.

Penso num instante se estou exagerando e logo concluo que não. Jornalismo pode não ser um sacerdócio, como alguns românticos pensam – mas também não é o comércio abjeto de fofocas e intrigas que é o jornalismo de celebridades.

O jornalismo de celebridades deseduca o leitor. Contribui para que ele permaneça no hades da ignorância que o faz acreditar que é importante saber que a atriz da novela das 8 está namorando com o galã da novela das 9.

Some publicações como as revistas Quem, Caras e Contigo, e mais as assemelhadas que copiam a fórmula, e você vai chegar a zero em dignidade jornalística. Você não vai sair do zero se acrescentar as primas-irmãs deste tipo de publicação, as colunas sociais dos jornais.

É chocante que Quem, Caras, Contigo et caterva sejam impressas no chamado “papel isento” — um velho benefício fiscal supostamente destinado a estimular a produção de conteúdo educativo.

Se o jornalismo de celebridades fosse uma escada rumo a leituras mais sérias, haveria algum sentido nele. Mas não. É uma jornada que leva do zero ao menos 1, e daí para baixo. Lamentavelmente, até a mídia digital foi infestada de jornalismo de celebridades. O que os internautas mais consomem, no mundo inteiro, são futricas – e bizarrices.

Há um notável contraponto no jornalismo digital: o Wikileaks. Passados alguns anos, eu imaginava que já teriam surgido outros Wikileaks ao estilo do de Julian Assange. Mas o combate feroz de que é vítima o Wikileaks parece ter desestimulado iniciativas do gênero. (Assange está enclaururado há meses na embaixada do Equador porque duas mulheres que quiseram dormir com ele quando ele era o “cara mais legal do mundo”, nas palavras de uma delas, o acusaram de forçá-las.)

O jornalismo de celebridades é um Big Brother em forma de notícias: não há milagre que o melhore. Rastejará qualquer que seja o formato. Na Inglaterra, como lembra o jornalista John Pilger, os tablóides começaram a morrer como alguma coisa editorialmente significativa quando se renderam ao jornalismo de celebridades. Daí a invadirem criminosamente caixas postais de pessoas em busca de furos foi apenas um passo.

Os tablóides ingleses são agressivos em relação às celebridades. São, nisso, o oposto do jornalismo de celebridades do Brasil, onde todos os personagens são lindos, íntegros e felizes.

Nenhuma das duas fórmulas – agredindo ou louvando — salva o jornalismo de celebridades da espantosa mediocridade a que ele condena a si próprio e aos leitores.

Jornalismo sem nada de educativo não é jornalismo. Exclamação. E o jornalismo de celebridades apenas deseduca.

Não sei se era exatamente isso que Caio, o repórter da Trip, esperava ouvir. Mas uma vida inteira passada em redações consolidou em mim não diria nem aquela opinião – mas aquela convicção plena, total, reluzente de tão clara e límpida.


*Paulo Nogueira é jornalista e vive em Londres. Antes de migrar para o jornalismo digital e dirigir o site Diário do Centro do Mundo foi editor assistente da Veja, editor da Veja São Paulo, diretor de redação da Exame, diretor superintendente da Editora Abril e diretor editorial da Editora Globo.

>> Acesse o site Diário do Centro do Mundo


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Uma mulher comanda o CTG em Três de Maio

Alessandra com a filha.
Pela primeira vez em 54 anos de tradicionalismo uma mulher vai assumir o comando do CTG Tropeiros do Buricá de Três de Maio.

Alessandra Castro Reinehr, 36 anos, foi eleita na noite desta quinta-feira (27) Patroa do Tropeiros do Buricá. O vice dela é o especialista em cozinha campeira Francisco de Gaspari.

Alessandra assumirá o comando do Centro de Tradições Gaúchas local a partir de março de 2013 no lugar do atual patrão Leandro Schimidt, para uma gestão de dois anos. Uma de suas metas será investir em melhorias no prédio principal do CTG.

A produção de jornalismo da Rádio Colonial AM, conversou com a patroa eleita na manhã desta sexta-feira e ela confirmou entrevista na emissora quando retornar de viagem que fará com a família a partir de hoje para anunciar suas propostas para administrar o CTG três-maiense.




quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Dilma sanciona o vale-cultura

Benefício mensal de R$ 50 pode ser utilizado no consumo de produtos culturais, como livros, discos e ingressos de cinema

A presidente Dilma Rousseff sanciona nesta quinta-feira a Lei do Vale-Cultura, benefício de R$ 50 mensais para o trabalhador que tenha seus direitos regidos pela CLT e que ganhe até cinco salários mínimos. A estimativa é que a medida beneficie 17 milhões de trabalhadores.

A partir da sanção, abre-se prazo de 180 dias para regulamentação da nova lei. No segundo semestre de 2013, o Vale-Cultura já deverá estar em uso para acessar serviços e produtos nas áreas de artes visuais, artes cênicas, audiovisual, literatura, humanidades e informação, música e patrimônio cultural.

“A instituição deste importante benefício trará ao trabalhador acesso e opções de escolhas aos bens culturais produzidos em todo o país. Na outra ponta, teremos o incentivo e estímulo à produção cultural e à criatividade dos artistas brasileiros”, destacou a ministra Marta Suplicy, no Palácio do Planalto.

O texto sancionado pela presidenta Dilma Rousseff foi aprovado no último dia 21 de novembro na Câmara dos Deputados e depois passou pela aprovação no Senado, em 5 de dezembro.

O Vale-Cultura já tinha sido aprovado pela Câmara, com um texto alternativo ao PL 5798/09, do Executivo. O Senado também revisou o projeto, enviando emendas à Câmara. Entretanto, não houve acordo sobre o mérito para votar esse texto.

Com apoios do presidente da Câmara, Marco Maia, da deputada Jandira Feghali, a ministra Marta Suplicy conversou com deputados e senadores e buscou consenso nessa nova proposta agora subscrita por 60 parlamentares.

fonte: Band


Consciência negra e resistência


Consciência negra e resistência

Por Clarice Tomaz*

O mês de novembro é marcado por diversas manifestações, atos e homenagens reverenciando Zumbi dos Palmares, um dos maiores ícones da população negra brasileira, pois Zumbi representa a resistência e a busca pela liberdade dos negros escravos no Brasil, e hoje dos negros excluídos, marginalizados ou invisibilizados na nossa sociedade. O mês tem como ápice o dia 20 de novembro, aniversário de morte de Zumbi.

Idealizado pelo gaúcho Oliveira Silveira, poeta, pesquisador, professor, grande liderança do movimento negro nacional e um dos fundadores do Grupo Palmares, esta data foi estabelecida pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003, sendo uma grande conquista do movimento negro e de suas lideranças.

Hoje colhemos os frutos de nossos guerreiros e nos multiplicamos em muitos outros, partindo da força da Lei 10639/03, do compromisso de gestores, professores, instituições apoiadoras e instituições promotoras construímos um mês de atividades significativas em toda a região. O Instituto Federal Farroupilha - Campus Santa Rosa, Grupo Capoerê, Prefeitura Municipal de Santa Rosa, 17ª Coordenadoria Regional de Educação, Universidade Federal Fronteira Sul - Cerro Largo, Etnia Afro de Santa Rosa, uniram forças e deram visibilidade para o debate do mês da Consciência Negra em diferentes temáticas. Percorreram a região dialogando sobre esta data, sobre racismo, preconceito, políticas e ações afirmativas, o que sabemos sobre esta cultura que é uma das bases da nossa brasilidade.

Não há povo brasileiro 
sem a presença do negro e do índio.

Entre palestras, oficinas, debates, sessão de cinema, rodas de capoeira, e muitos outros eventos nos deparamos com situações animadoras, outras nem tanto. O olhar evasivo daqueles que apenas estão cumprindo horas de uma formação, o entusiasmo daqueles professores que estão redescobrindo a história reconstruindo valores, o abraço daquela criança que se depara com o diferente e entende que isto é bom. A inquietação daqueles que não entendem que o Brasil tem uma dívida histórica, moral e humana com sua população negra. O quase que total desconhecimento da cultura negra brasileira e gaúcha e do quanto nós regionais estamos inseridos nesta cultura.

Não há povo brasileiro sem a presença do negro e do índio. Vivemos em uma região que nega esta presença, mas que aos poucos está se redescobrindo através destas ações de conscientização e de novas pesquisas históricas. O 20 de novembro não é uma data somente da comunidade negra e sim, uma conquista do povo brasileiro.

*Clarice Tomaz é assessora pedagógica na 17ª CRE.

Texto publicado na via impressa da Revista Afinal #38.


Editais para criadores e produtores negros

Editais estão abertos e contemplam áreas de Livro e Leitura, Audiovisual e Artes



A Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura (SAv/MinC) vai premiar, por meio do Edital Curta-Afirmativo, seis curtas metragens dirigidos ou produzidos por jovens negros, na faixa etária de 18 a 29 anos. Cada obra terá o investimento de R$ 100 mil. As inscrições estão abertas até o dia 7 de janeiro. Acesse o edital na página da SAv.

Outros editais do MinC voltados para criadores e escritores negros também estão abertos. Os editais fazem parte do projeto do Ministério da Cultura e da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) de valorização e fomento de produtores, criadores e escritores negros.

O objetivo é formar novos escritores, elevar o número de pesquisadores e de publicações de autores negros, bem como incentivar pontos de leitura de cultura negra em todo o país, de forma a se estabelecer novo paradigma em todas as linguagens apoiadas pela Pasta.
Fundação Biblioteca Nacional
O primeiro edital da FBN, vinculada ao MinC, vai selecionar um projeto que implante 27 pontos de leitura e desenvolva atividades de mediação de leitura, criação literária, publicação, seleção de acervo e pesquisa que tratem de ações voltadas para a preservação da cultura negra e ações afirmativas de combate ao racismo no país. O prazo de inscrições vai até 4 de fevereiro de 2013, sendo que o Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse do Governo Federal (Siconv), será aberto a partir de 15 de janeiro.


O segundo edital selecionará até 23 projetos para concessão de bolsas, propostos por pesquisadores e pesquisadoras negras, visando incentivar a produção de trabalhos originais, em território brasileiro, em qualquer uma das áreas e subáreas do conhecimento definidas pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). As inscrições podem ser feitas até 20 de março do próximo ano.

O terceiro edital visa a formação de parcerias para o desenvolvimento de projetos editoriais sob a forma de coedição, a fim de produzir publicações de autores brasileiros negros, na forma de livros, em meio impresso e/ou digital, com o propósito de divulgar, valorizar, apoiar e ampliar a cultura brasileira dos afrodescendentes. As inscrições podem ser feitas até 30 de abril de 2013.



Funarte

O Prêmio Funarte investirá em criações e produções que contemplem toda uma diversidade de expressões artísticas. Serão quatro prêmios de R$ 200 mil, 12 prêmios de R$ 150 mil e 17 prêmios de R$ 100 mil.

O objetivo é que artistas e produtores negros ocupem palcos, teatros, ruas, escolas, galerias de arte de todo o país. Para isso, a Funarte vai fomentar 33 projetos nas categorias artes visuais, circo, dança, música, teatro e preservação da memória. As inscrições vão até o dia 4 de fevereiro.

Editorial / # 38


O valioso tempo dos maduros

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de cerejas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturas.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
"As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos".
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa.
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade.
Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!
[Ricardo Gondim]


Agradeço a apoio de todos e desejo um Feliz Natal e Ano Novo cheio de alegrias!

Gerson Rodrigues / editor


'Livros Falados' do Cairu estão na final

Projeto de criação de audiobooks do curso técnico em publicidade do Cairu é premiado nacionalmente

Entre mais de 1.780 participantes do 3º Concurso Aprender e Ensinar – Tecnologias Sociais, promovido pela Revista Fórum e Fundação Banco do Brasil, foram escolhidos 64 projetos que participarão do Seminário Nacional sobre Tecnologias Sociais na Educação, em Brasília, no próximo mês de fevereiro. 

Na nominata dos classificados, destaca-se em 1º lugar do sul do país, na categoria “Institutos Federais e Escolas Técnicas Públicas” a professora orientadora do projeto “Audiobooks”, Maritê de Oliveira, de Santa Rosa. 

O projeto desenvolvido por estudantes do curso técnico em publicidade, do Instituto Estadual de Educação Visconde de Cairu, teve como proposta contribuir para a acessibilidade à informação a alunos cegos matriculados em escolas públicas. Diante do pouco acervo em braile disponível em bibliotecas e a partir da matrícula de um aluno cego no Instituto Estadual Visconde de Cairu, surgiu a necessidade de proporcionar maior acessibilidade à alfabetização e à dignidade. A partir dos recursos disponíveis na escola – desde estudantes em capacitação até aparato técnico – foram produzidos “livros falados”, conhecidos como “audiobooks”. A proposta é que sejam atendidas demandas de outras escolas públicas, que necessitarem de apoio para o atendimento a alunos cegos.

No evento que será realizado na capital federal, com a participação dos 64 finalistas, serão divulgados os nomes dos seis vencedores, que viajam à Tunísia, em março, para participar do Fórum Social Mundial.

No ano de 2012, o curso técnico em publicidade do Cairu já havia sido premiado no eixo tecnológico do qual participou na Mostra de Escolas de Educação Profissional. Da mesma forma, o projeto “Acessibilidade Arquitetônica e de Informação para estudantes com deficiência física do curso técnico em Publicidade”, desenvolvido por alunos do curso técnico em Comunicação foi premiado em nível regional e estadual, além de ser classificado para Mostra Internacional.



quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Jornalismo

Tomar partido é uma coisa. Vender-se é outra história.

As pessoas vêem e sentem o mundo de formas diferentes. Cada um “filtra” o dia-a-dia da sua maneira e constrói diferentes realidades. Cada um possui preconceitos, medos, interesses pessoais que mudam a forma como entendemos e interpretamos as coisas. Duas pessoas que estão lado a lado vendo um mesmo fato podem não contar a mesma história.

A melhor forma de contar uma história é assistindo-a pessoalmente. Se for impossível isso, deve-se ouvir o maior número possível de pessoas que viram ou participaram do fato. Cada um vai dar sua versão, recheada de opiniões pessoais. Cada um vai contribuir com a reconstrução de uma realidade que passou. Com a sobreposição de versões é possível montar um retrato aproximado do fato. Quanto mais versões ouvidas, mais completo será o retrato.

Veículos de comunicação não são imparciais ou independentes. Pertencentes a empresas, a governos ou entidades da sociedade civil, eles têm opiniões e interesses. O que não é ruim – ruim é esconder isso do leitor. Quando determinado jornal declara voto em um candidato logo no começo da campanha ajuda o leitor a entender o que vai ler. Pois, querendo ou não, isso vai influenciar muita coisa internamente.

O alinhamento automático de um jornalista com as opiniões do veículo e de seus proprietários faz com que uma boa notícia morra antes mesmo de nascer. Tendo interiorizado as posições da empresa, repórteres, fotógrafos e – principalmente – editores aderem alegremente e passam a reproduzi-las. Agem de forma orquestrada, sem necessidade de serem orquestrados. Mas a manipulação não é a única forma de distorção dos fatos, por incrível que pareça. Nem a mais comum. A preguiça, a arrogância e a incompetência de colegas de profissão diante do trabalho pode fazer estragos incalculáveis.

Mesmo tendo o seu alinhamento, muitas empresas de mídia recomendam que seus empregados evitem alinhamento público com um dos lados de uma questão. Exigem uma atitude “profissional”. Porém, se a imparcialidade é impossível, não seria melhor ser sincero com o leitor e revelar seu “lado” na história ao mesmo tempo em que se abre espaço para ouvir o maior número possível de lados de uma questão?

Já cobri guerra e locais com conflitos armados. Sempre tentei ouvir ao máximo os dois lados – no caso de Timor Leste, fiz mais de 70 entrevistas em dois meses de trabalho. Por isso, falo com todas as letras: não existe observador independente. Você vai influenciar aquela realidade e ser influenciado por ela. E vai tomar partido, como tomei e deixei claro ao leitor. Sei que há colegas de profissão que discordam, que dizem que é necessário buscar uma pretensa imparcialidade. O que só seria possível se nos despíssemos de toda a humanidade. Há quem tente ferozmente e ache bonito. Nessas situações tomei partido de quem estavam sofrendo graves violações de direitos humanos e não me arrependo.

Tomar partido se reflete na escolha da que pauta você vai fazer, sob a ótica de quem. Concordo com Robert Fisk, o lendário correspondente para o Oriente Médio do jornal inglês Independent, que diz que em situações de confronto, de limite, deve-se tomar opção pelos mais fracos. Ou, mais especificamente, dos empobrecidos e marginalizados, no que se refere à realidade política, econômica, social, cultural e ambiental.

Tomar partido não significa distorcer os fatos, pelo contrário, é trazer o que historicamente é jogado para baixo do tapete, agindo conscientemente no sentido de contrabalancear junto à opinião pública o peso dos lados envolvidos na questão. Distorcer é má fé, preguiça ou incompetência – coisa que muito jornalista que se diz imparcial faz aos montes, aplaudido por quem manda. Aqui ou lá fora.

Investimento – Não seria ótimo se nós, jornalistas, avisássemos aos leitores quando estamos reportando ou opinando a respeito de um assunto sobre o qual temos, direta ou indiretamente, algum interesse pessoal? Não estou falando de preocupações universais e sim de temas que podem trazer ganhos ao jornalista no curto prazo. Por exemplo, quando escrevemos uma matéria sobre determinada empresa de capital aberto da qual temos ações.

Já vi jornais, como o The New York Times, publicarem artigos de análise econômica e no seu rodapé, naquele espaço em que explicam quem é o autor, detalharem que alguns papéis tratados no texto poderiam ter relação com os papéis comercializados por um dos autores.

Sem entrar no mérito da discussão, fico imaginando quantos colegas que soltaram artigos – e mesmo reportagens – inflamados contra a manuitenção do preço da gasolina pela Petrobras (não estou entrando no mérito da política) possuem ações da empresa. Ter ações pode não influenciar na crítica que você publica, é claro. E uma crítica sozinho pode não ter forças para influenciar o futuro econômico da empresa. Mas o leitor tem o direito de saber.

Isso pode ser pequeno, até besta. Mas passar a sensação de transparência ao consumidor da notícia apenas agrega valor à qualidade de imprensa. E afasta dúvidas incômodas.

Não é de hoje que colegas que atuam na área de moda arrancam os cabelos ao contar histórias de gente do jabá que, em troca de viagens, mordomias, produtos ou do velho e bom dindim, elevam esterco à categoria de produtos de qualidade internacional. Há quem faça qualquer negócio – até porque não se preocupa com o interesse público, mas com sua imagem e conta bancária.

Vender, contudo, produto publicitário como jornalístico para tentar se valer da suposta credibilidade da profissão é o fim da picada, o ó do borogodó, a xepa. Descontados os casos de falta de ética crônica de colegas que se dizem independentes mas que trabalham a soldo de governos e partidos ou de anunciantes nacionais ou estrangeiros, alugando o seu ponto de vista, temos casos tragicômicos no varejo.

Colunistas sociais que ganham carros importados e pedem para trocá-los por blindados para falar bem do lançamento do possante.

Chefes de redação que acertam com empresas de turismo pacotes para eles, os filhos e os sobrinhos poderem ir à Disney antes de autorizar a publicação de matéria elogiosa para a referida empresa.

Editores que, para escrever sobre barcos, ganham barcos de presente.

Gente que recebe uma fortuna para tuitar a favor de algo, mas “esquece” de avisar ao leitor disso e depois reclama quanto é criticada.

É. O povo diz que tem que sobreviver de alguma forma.

Anúncios com cara de reportagem feitos por jornalistas têm sido cada vez mais comuns. De blogs a revistas, aparecem como material noticioso sem o “Informe Publicitário” ou “Publieditorial” – que já é insuficiente por si, a bem da verdade. É papel de uma marca tentar melhorar sua imagem. Mas é dever de quem assume o papel de jornalista não deixar ser usado como escadinha ou lava-rápido da reputação alheia.

Tem muita gente vendida por aí? Sim, claro, como este post bem lembra. Porém, o que assusta muitas pessoas é que existam aqueles que não estão à venda. Neste mundo que cisma em ser pós-moderno é difícil explicar que ainda há alguns nortes que valem a pena ser seguidos. Não grandes discursos de Verdade, pois isso não existe. Mas noções éticas básicas que, construídas e compartilhadas, melhoram a nossa existência. Como já disse aqui antes, para quem acredita que a vida não é um grande “cada um por si e Deus por todos”, isso é extremamente desesperador.



Ataque cibernetico ao Ira

Irã diz ter frustrado ataque cibernético norte-americano


Caracas, 26 Dez. AVN
.- O governo do Irã informou nesta quarta-feira (26) que frustrou um novo ataque cibernético gerado a partir de Dallas, nos Estados Unidos, contra os servidores de seu Ministério da Cultura.

De acordo com a agência de notícias iraniana Fars, a agressão eletrônica foi lançada empregando servidores na Malásia e Vietnã. A ação foi repelida por especialistas do Centro de Apoio às Obras de Arte e Cultura do Irã.

Este é o segundo ataque cibernético de grande magnitude desde abril passado, segundo as autoridades iranianas. Daquela vez, o fato aconteceu contra o Ministério do Petróleo e obrigou a paralisação por várias horas das operações de extração da matéria-prima, a principal fonte de receita da República islâmica.

O governo do Irã tem denunciado por várias vezes incursões similares originadas dos Estados Unidos e Israrel contra centrais nucleares do país. Por esse motivo, Teerã se viu obrigada a criar um “batalhão” de especialistas cibernéticos que trabalham 24 horas por dia para criar a defesa dos sistemas de informática.

fonte: EBC


Aulas durante a Copa

Parecer do CNE autoriza o funcionamento das instituições, contrariando a Lei Geral da Copa


Parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE), aprovado por unanimidade no dia 5, autoriza instituições públicas e privadas de todo o País a manter atividades escolares durante a realização da Copa do Mundo de 2014. A decisão do conselho, que funciona como órgão consultivo do Ministério da Educação (MEC), aumenta a controvérsia criada com a sanção da Lei Geral da Copa, que determina que as férias escolares compreendam todo o período entre a abertura e o encerramento do Mundial.

Entidades, sindicatos e representantes do próprio governo questionam a obrigatoriedade de suspender as aulas durante a competição, sob o argumento de que a Lei Geral da Copa fere a autonomia garantida pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Segundo a LDB, o calendário escolar da educação básica (níveis fundamental e médio) "deverá adequar-se às peculiaridades locais, até mesmo climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino", desde que respeite a carga horária de 800 horas-aula distribuídas por um mínimo de 200 dias.

"Por que uma criança de um município no interior de qualquer Estado brasileiro obrigatoriamente terá de ficar sem aula por causa de uma partida entre Japão e Camarões em Brasília?", questiona a presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Amábile Pacios. "A Lei Geral cria uma camisa de força, sufoca a liberdade de ensinar e de aprender. Ninguém prevê férias em junho. As férias, quando existem, são em julho. A maioria das escolas dá recesso de 15 dias, e não de 30 dias." A próxima Copa do Mundo ocorrerá de 12 de junho a 13 de julho de 2014.

De acordo com o parecer do CNE, obtido pelo Estado, a Lei Geral da Copa não revogou a LDB, que "continua plenamente em vigor", conforme voto do relator, Mozart Ramos. "Há um claro conflito entre as disposições da LDB e da lei em estudo, no que diz respeito à elaboração do calendário escolar", diz o parecer, recorrendo a um decreto-lei de 1942 que determina que "a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a anterior". No caso, a lei nova é a Lei Geral da Copa; a anterior, a LDB.

Dois lados. Essa interpretação, entretanto, é polêmica. Juridicamente, uma lei sancionada pelo presidente da República é superior a pareceres emitidos por conselhos. Para Ramos, os sistemas de ensino deverão estabelecer seus calendários com autonomia - o conselheiro recomenda eventuais "ajustes" nos locais onde houver jogos da Copa.

Procurado, o MEC informou que "não tem conhecimento formal do parecer, que está em fase de revisão técnica no CNE". "Tão logo passe pela revisão, o MEC se manifestará sobre o seu teor, emitindo apreciação quanto aos possíveis impactos gerados pelos termos da lei", diz.

Caso seja homologada, a decisão do CNE terá caráter de recomendação. Um dos riscos com a implementação da Lei Geral da Copa é a antecipação do calendário escolar para janeiro, afetando as férias de professores e a programação dos pais. "Os sistemas de ensino no Brasil são muitos diferentes. O verão no Rio Grande do Sul é diferente do verão no Rio de Janeiro. Nosso início de aula é sempre no fim de fevereiro, início de março, depois que as pessoas fazem suas viagens para o litoral", observa a secretária adjunta da Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul, Maria Eulália Nascimento.

A mobilização do setor educacional chegou ao Congresso, e o senador Paulo Paim (PT-RS) apresentou na semana passada um projeto que altera a redação da Lei Geral da Copa. O petista propõe a substituição da palavra "deverão" ("os sistemas de ensino deverão ajustar os calendários escolares", diz trecho do artigo 64 da lei) por "poderão", o que deixaria com cada escola a liberdade de adaptar seu calendário ao do evento.

Para o coordenador da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação, Daniel Cara, a suspensão das aulas durante a Copa é uma estratégia das autoridades para amenizar os problemas de trânsito nas cidades-sede. "Os parlamentares têm consciência de que as obras de mobilidade urbana não serão concluídas a tempo. Aí veio a ideia pragmática de retirar o trânsito criado pelo calendário escolar", critica.

Com informações de Estadão.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Caixa do banco pode se recusar a receber pagamento de conta de luz e telefone?

O Idec buscou as resoluções do Banco Central para mostrar por quais motivos esta restrição dos bancos é inválida

Alguns consumidores notaram que em dezembro de 2012 entraram em vigor algumas restrições de serviços bancários estipulando que os caixas bancários não iriam mais receber pagamento das chamadas contas de consumo - como contas de luz e telefone. Segundo os bancos, o cliente deverá pagar tais contas por meio de caixas eletrônicos, pelo internet banking ou débito automático. Outra alternativa apresentada é a de pagar este tipo de conta em agências lotéricas.

O Idec buscou as Instruções Normativas do Banco Central que determinam como se deve prestar o atendimento nas agências bancárias. Com base nelas, concluímos se essas restrições de serviços bancários ferem os direitos do consumidor ou se há liberdade por parte da agências para estipular tais regras.

Segundo a Resolução nº 1.865/91 do BC, que alterou a anterior (nº 1.764/1990), os bancos têm liberdade para criar convênios referentes a pagamento de serviços básicos, como água, luz, gás e telefone. Todavia, uma vez estabelecido o convênio, não pode haver discriminação entre os clientes e não clientes, além de não poder estabelecer local e horário de atendimento diferentes daqueles previstos para as demais atividades executadas pela instituição.

Além disso, pela Resolução nº 3.694/2009 do BC, é vedado às instituições financeiras recusar ou dificultar o acesso aos canais de atendimento convencionais, inclusive guichês de caixa aos seus clientes e usuários, mesmo na hipótese de oferecer atendimento alternativo ou eletrônico. “A escolha sobre o canal de atendimento deve ser do consumidor. Essas opções devem ser ofertadas e o banco se responsabiliza pela integridade, confiabilidade, segurança e sigilo das transações realizadas, assim como a legitimidade dos serviços prestados, em face dos direitos dos clientes e dos usuários, devendo as instituições informá-los dos riscos existentes”, explica a gerente jurídica do Idec, Maria Elisa Novais.

A única exceção para limitar os canais de atendimento é no caso de haver tal previsão no contrato mantido entre a instituição financeira e a concessionária prestadora do serviço de consumo, restringindo os canais específicos de pagamento. Para ambas as resoluções, o fato de a instituição financeira deixar de receber tais contas de consumo sem aviso, exigiria dela a comprovação de que os termos do convênio sofreram alterações para prever canais de atendimento específicos. Não sendo este o caso, tal restrição se torna inválida.

fonte: IDEC

[Entrevista] O submundo dos agrotoxicos

Recentemente, um escândalo envolvendo irregularidades na liberação de agrotóxicos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) foi parar nos jornais. O inseticida Diamante BR, da Ourofino Agronegócios, usado na lavoura de cana-de-açúcar, e o fungicida Locker, da FMC Química do Brasil, usado no plantio de soja, chegaram ao mercado sem passar pela avaliação obrigatória da agência reguladora antes de o produto ser registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Além desses, mais cinco produtos foram considerados irregulares. O caso é grave, já que a Anvisa é a responsável por impedir que produtos perigosos à saúde humana sejam comercializados e, consequentemente, cheguem à mesa dos brasileiros.

O Idec tem acompanhado esse caso com atenção, já que o uso de agrotóxicos faz parte de sua pauta de trabalho. Para tentar entender melhor essa história, a REVISTA DO IDEC entrevistou uma peça-chave: o ex-gerente geral de toxicologia, Luiz Cláudio Meirelles, que denunciou irregularidades do órgão. Pouco tempo depois, ele foi exonerado do cargo de confiança que ocupou por quase 13 anos.

Em 20 de dezembro, ele volta a integrar a equipe da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que o cedeu à Anvisa em 1999. Até lá, está de férias no Rio de Janeiro (RJ), de onde respondeu, por telefone, as perguntas do Idec

Idec: Você pode relatar o que aconteceu no caso de sua exoneração da Anvisa?
LUIZ CLÁUDIO MEIRELLES: Vou começar pelo final. A justificativa da Anvisa para a minha exoneração foi que eu não obedeci as regras para o encaminhamento das irregularidades que identifiquei e para o pedido de exoneração do gerente geral da Gavri (Gerência de Avaliação de Riscos), além do fato de o MPF (Ministério Público Federal) ter tomado conhecimento do caso antes de ele ter sido apurado. Eu discordei da justificativa, porque ela está muito aquém do que pode estar por trás disso tudo. Se eu perdi a confiança numa pessoa que é subordinada a mim, eu precisava tomar uma decisão. E, em relação ao MPF, eu não encaminhei nada a eles. Eu era um gestor técnico, detectei um problema, o documentei e encaminhei para os departamentos competentes, respeitando a hierarquia interna.

Posteriormente, a Anvisa me acusou de já ter conhecimento de que o gerente da Gavri era um problema. Eu refutei essa afirmação, porque ele gozava da minha confiança, assim como do supervisor, dos outros gerentes e do diretor. E assim que eu descobri coisas erradas, pedi que fosse exonerado. Mas fui surpreendido com a minha exoneração.

Irregularidades podem acontecer. O problema é usar o episódio para destruir o trabalho da gerência e desregulamentar o setor.

A reação à minha exoneração não foi só minha, envolveu mais gente, porque há algum tempo a gente vem levantando questões nessa área de agrotóxicos que estão sendo muito difíceis de conduzir. A proibição do metamidofós, por exemplo, gerou uma série de reações. Foram parlamentares cobrando da Anvisa e tentando derrubar a RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) que proibiu a substância. Vinha sendo assim sistematicamente. Nós respondíamos várias coisas para garantir aquilo que é o nosso papel: retirar os produtos mais tóxicos do mercado e não dar registro para os que são perigosos. Mas a pressão vinha sendo muito grande.

Historicamente dentro da Anvisa, sempre fomos muito pressionados, o meu cargo sempre foi muito pedido por deputados. Teve um tempo em que a senadora Kátia Abreu [PSD-TO] foi para o Congresso falar mal da Anvisa. Nós entramos com representação contra ela, passamos por auditoria dentro da gerência. Mas continuamos tocando o trabalho como tem de ser. Implantamos um programa de resíduo que também foi muito combatido [PARA - Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos]. Não queriam que os dados fossem divulgados, pois isso causava problemas de produção. Então, ao longo dos anos, foi muita pressão. Acho que nos últimos dois anos houve um aumento de questionamento por parte da sociedade civil, levantamento junto à Câmara, filmes veiculados como O Veneno Está na Mesa, do Sílvio Tendler. Isso também está relacionado a uma reação.

Outra fato é que se está fechando uma norma que pode apertar os critérios de avaliação e classificação toxicológica. Houve muita reação a essa norma, que é a revisão da Portaria 3. Se os critérios para definir se um produto causa câncer ou não for muito flexível ou mais rígido, isso poderá representar melhores ou piores resíduos na sua mesa. Resíduo melhor não tem, mas pode ter resíduos de produtos mais ou menos perigosos na sua dieta. Um ponto importante sobre a Anvisa precisa ser pensado: o cliente da Anvisa nunca foi a empresa, muito menos quem usa aquele produto na produção. É o consumidor quem tem de ser o cliente da instituição. Uma norma que fala de avaliação toxicológica de um produto é de interesse principalmente dos consumidores de alimentos porque essa norma interfere justamente nos critérios que definem se um produto é ou não carcinogênico (tem potencial cancerígeno). Se uma norma como essa é muito flexível, o nossa salada terá mais produtos que podem causar câncer, causar alterações embrionárias etc. Essa norma vinha sendo alvo de muita pressão.

Idec: Mais alguém de fora, além do MPF, sabia das denúncias?
LCM: Não sabia, mas na medida em que eu fui apurando os fatos, cancelei o ato administrativo que colocava aqueles produtos no mercado, e isso também gerou indagações. E para as empresas que pediram audiência, eu tive de informar que algumas irregularidades tinham sido encontradas e que elas estavam sendo encaminhadas para que a autoridade competente investigasse.

A razão de ser da Anvisa em relação aos agrotóxicos é fazer a avaliação toxicológica. Se um produto é liberado sem essa avaliação, é preciso cancelar o ato administrativo e começar tudo de novo. Por isso eu cancelei todos os produtos irregulares e comuniquei o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Isso gerou uma reação, principalmente de quem achava que estava tudo resolvido com o seu produto, só que não estava, porque o processo de liberação não tinha sido feito da maneira correta.

Idec: Dá para se ter uma ideia de quando essas irregularidades começaram a ocorrer e de quantos produtos estão envolvidos?
LCM: Eu identifiquei as primeiras irregularidades em meados de agosto, mas teve produto que foi liberado em dezembro do ano passado. A maior parte se concentrou no primeiro semestre deste ano. Foram sete produtos. Pode ser que uma auditoria mostre mais, mas não será uma busca fácil.

Idec: E você acha que vâo aparecer mais produtos?
LCM: Pode ser que sim. Espero que a avaliação descubra se existem outros para que o registro possa ser cancelado até que eles sejam regularizados. Não é algo que se descubra facilmente porque, às vezes, a documentação do produto está toda bonitinha. É preciso ver quem fez a nota técnica e se ela foi feita corretamente. Felizmente, nesse primeiro momento, encontramos um número pequeno de empresas e produtos irregulares se compararmos com o número total.

Idec: E você já havia solicitado, no passado, investigação sobre outras liberações irregulares?
LCM
: Foi a primeira vez que eu detectei irregularidades em relação à avaliação toxicológica e a liberação de produtos formulados. Passamos por auditoria em 2008 e eu nunca desconfiei de que algo errado pudesse estar acontecendo. Esse é o tipo da coisa que você descobre de repente.

fonte: IDEC


domingo, 23 de dezembro de 2012

Autora missioneira lanca livro sobre educacao patrimonial

Educação Patrimonial – História e Memória 

A professora, historiadora e antropóloga Bedati Finokiet, de Santo Ângelo, é autora do livro “Educação Patrimonial – História e Memória”, lançado hoje (23) pela manhã no tradicional Brique da Praça realizado todos os domingos na Praça Leônidas Ribas, da capital missioneira. 

Amigos, colegas e visitantes do “Brique” saudaram a escritora que tem atuado com destaque nas atividades que abrangem a temática indígena, negra e defesa do patrimônio histórico e social de Santo Ângelo e região.

A publicação tem o patrocínio da Prefeitura Municipal de Santo Ângelo, através da Secretaria Municipal de Cultura, com recursos do Fundo Municipal de Cultura. A apresentação do livro é assinada pelo professor Dr. Paulo Afonso Zarth.

Os pontos de venda para aquisição de exemplares são: sede do Caminho das Missões, Tenda da Terra, Banco do Passarinho e Livraria Fecopel. Valor: R$ 15,00

A autora possui perfil no Facebook e os interessados podem contatá-la para reservar seus exemplares. 

Email da autora: bedati@terra.com.br

Morre Ledo Ivo, em Barcelona


O poeta e escritor alagoano Lêdo Ivo morreu na madrugada de hoje (23), aos 88 anos, de infarto. Ele era membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 1987, quando assumiu a cadeira número 10, sucedendo Orígenes Lessa, e um premiado autor de romances, crônicas e poesias.

Segundo a Academia Brasileira de Letras, Lêdo Ivo estava em Sevilha, em companhia do filho, o artista plástico Gonçalo Ivo, quando passou mal e morreu.

Lêdo Ivo nasceu em Maceió, em 18 de fevereiro de 1924, e começou sua carreira literária em 1944, publicando um livro de poesia chamado As Imaginações. Em seu segundo livro, Ode e Elegia, recebeu o Prêmio Olavo Bilac, da ABL.

Seu romance de estreia, As Alianças, publicado em 1947, também foi premiado como o melhor romance, pela Fundação Graça Aranha. Em sua longa carreira literária, publicou dezenas de livros, e teve sua obra traduzida para idiomas como o espanhol, inglês, francês, italiano, dinamarquês e holandês. O último deles foi O Vento do Mar, uma antologia de poesias publicada em 2010 pela editora Contra Capa.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Precisamos falar sobre os EUA

A pergunta que surge depois da comoção pelo novo massacre na escola primária de Connecticut, onde morreram 28 pessoas, a maioria crianças, não é “o que será feito para conter esse flagelo norte americano”, senão “quando e onde será o próximo”. 

Uma sociedade enferma como a dos EUA, sedenta dos recursos naturais ao redor do planeta, o que implica impor os rumos bélicos ao mundo, parece não ter mais condições para torcer esta trágica realidade doméstica, tipicamente norte-americana. Em primeiro lugar porque os seus cidadãos se opõem a qualquer restrição ao porte de armas. Nos EUA, a segunda mais alta taça de homicídios por armas de fogo no mundo, existem nove armas para cada 10 habitantes, mais de 270 milhões de armas! Um número estarrecedor, um barril de pólvora em cada esquina, em cada casa, em cada escola.

Obama e qualquer político norte-americano sabe que esse tema é muito espinhoso. Em julho deste ano, na matança do cinema Aurora e em plena campanha presidencial, tanto ele quanto o seu rival fugiram da discussão do tema da proibição de armas. Agora tampouco houve medidas concretas nesse sentido, apenas declarações de pesar. 

A guerra é a locomotiva dos poderosos fabricantes de armamento que alimenta o complexo militar-industrial do país e como sabemos, para o imperialismo, a guerra é o principal objetivo da guerra, seu objetivo é apenas manter sua continuidade, motor do sistema capitalista. Parece ser que isto vale também dentro das suas fronteiras e o alvo então pode ser qualquer um, até as crianças. 

Em Tiros em Columbine (2002), o cineasta Michael Moore aborda o famoso massacre perpetrado por adolescentes, também numa pacata cidade interiorana, e a escritora Lionel Shriver em Precisamos falar sobre o Kevin (adaptada para o cinema em 2011), coloca uma mulher que reexamina, em longas cartas ao marido, a sua trajetória em busca dos motivos que podem ter transformado seu filho, Kevin, num assassino. 

Nós, cidadãos do mundo inteiro, preocupados por este cenário de insanidade, precisamos urgentemente falar sobre os EUA.

Carlos Pronzato
poeta e cineasta/documentarista
pronzato@bol.com.br
www.lamestizaaudiovisual.blogspot.com

Artigo publicado no jornal A Tarde (Salvador, Bahia), 21.12.12

[Cultura] Entrevista com Anderson Farias

O futuro Secretário de Cultura Anderson Farias expõe suas ideias em entrevista exclusiva para a edição_38 da Revista Afinal. Confira!


1 - Qual o teu conceito de Cultura?
Cultura é tudo aquilo que a sociedade produz, de bem intelectual e artístico. A cultura está no nosso jeito de vestir, falar e em toda a relação criativa que temos com o meio que nos cerca. Enfim a cultura permeia toda a nossa vida, a vida do grupo social do qual fazemos parte. Desta maneira, entendo que o conceito de cultura é bastante abrangente e as pessoas devem “exercitar” a cultura, se apropriar desse “fazer” de uma forma natural, espontânea e prazerosa.

2 - O que muda na Secretaria de Cultura?
Ainda não começou o processo de transição política. Infelizmente, o prefeito Orlando só vai abri-lo a partir de dezembro. O que deixa pouco tempo para nos inteirarmos sobre todos os aspectos relevantes da prefeitura e consequentemente da Secretaria de Cultura. Mas considero, como artista, que esta pasta apresentou importantes conquistas nos últimos anos. Mas entendo que é preciso fazer uma avaliação criteriosa de todos os projetos e ações da Secretaria para avaliarmos os resultados obtidos. Todos os projetos que alcançaram resultados relevantes e que foram importantes para a comunidade serão mantidos e ampliados. Também considero que algumas áreas fundamentais podem receber uma atenção especial, como é o caso do teatro e das artes plásticas. Mas outras áreas também poderão receber ações de incentivo para que sejam fomentadas em nossa cidade. Tudo isso será discutido e elaborado junto com artistas e a comunidade. O Conselho Municipal de Cultura será fundamental nesse processo também.

Considero que o Fundo Municipal de Cultura foi uma importante conquista, mas entendo que ele pode e deve ser mais técnico em suas avaliações, tanto no que diz respeito à escolha dos projetos incentivados, quanto na avaliação da execução dos mesmos. A comunidade precisa perceber mais fortemente os resultados dos projetos incentivados. Esse ano, lamentavelmente, foram cancelados eventos importantíssimos para a cultura de Santa Rosa como o Musicanto, o Santa Rosa Mostra Gramado, O Festival de Vídeo. A justificativa é que faltou dinheiro para os eventos e que estamos em um ano político. Esse tipo de situação não deve ocorrer. É preciso trabalhar com antecedência, planejar. Quando se deixa para os meses que antecedem o evento para começar as articulações financeiras, corre-se um grande risco de não executar o projeto. E ano eleitoral existirá de quatro em quatro anos e temos que saber nos organizarmos para isso. Mas penso que em relação aos eventos culturais de Santa Rosa, é preciso fazer uma profunda avaliação. O evento em si não é suficiente para fomentar uma determinada área artística. Considero que o evento deve coroar um conjunto de ações que devam ser realizadas anteriormente a ele. Só assim iremos verdadeiramente solidificar um evento cultural, alicerçando-o em ações culturais que darão respaldo e consistência para aquela determinada área.

Então, considero que podemos obter mais avanços pela cultura aproveitando as experiências positivas, incorporando novas ações para mexer com a estrutura cultural da cidade e solidificar ações junto à comunidade. Quero contar com o apoio do quadro de servidores da cultura, que sempre foi muito dedicado e também com os organismos culturais de nosso município, para que juntos possamos trabalhar pela cultura de Santa Rosa.


3 - Política cultural de eventos ou política cultural permanente? Como?
Santa Rosa, ao longo de sua história, tem privilegiado a cultura de eventos. O que não é ruim. Mas particularmente considero que uma área cultural deve ser trabalhada a partir da base através de diferentes ações como oficinas, cursos, palestras, workshops, entre outros. Construir essas ações levará o fazer artístico e cultural para a comunidade que deve apoderar-se desse conhecimento e produzir o próprio olhar a partir da sua realidade. A prática desperta o interesse, ajuda na formação de plateias críticas e de possíveis artistas - atores de seu tempo! Com isso, o evento será uma consequência natural e ganhará respaldo e força. Oxalá termos o tempo em que grupos artísticos organizados possam fazer seus eventos independentes do poder publico.


4 - Como administrar Cultura, Turismo e agora, Esportes, numa mesma secretaria quando todas os indicativos sugerem o desmembramento dos setores citados e, principalmente, da área Cultural, setor que és oriundo?
O prefeito Vicini assumiu o compromisso durante a campanha de reduzir a máquina, enxugar os gastos com pessoal e fazer uma administração competente. É o desafio que está posto. A Secretaria de Esporte e Lazer não será extinta, ela será incorporada. Todos os projetos que vinham sendo desenvolvidos passarão pela mesma analise criteriosa para termos conhecimento dos resultados. O que é bom será mantido e ampliado. Toda a estrutura do esporte será mantida. Temos um quadro de colaboradores competentes que darão continuidade aos trabalhos. Com exceção do governo Orlando, todos os outros governos tiveram essa formatação. Entendo que seja possível fazer um bom trabalho mesmo tendo uma Secretaria de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo.


5 - Qual o papel que terá o Conselho Municipal de Cultura na tua administração?
Assim como todos os conselhos municipais será fundamental na gestão pública. Queremos que Santa Rosa assine o convenio com o Sistema Nacional de Cultura, que trará uma nova formatação para a administração do setor. Funcionará como a saúde é hoje, com recursos e responsabilidades repartidas entre os governos federal, estadual e municipal. Dentro desta nova politica o conselho se fortalece, inclusive muda a nomenclatura, e passa a ter um papel mais importante do que já vinha tendo.



NR: uma síntese da entrevista foi publicada na via impressa da Revista Afinal_38 que circula desde a última quinta-feira (20) nas cidades de Três de Maio, Horizontina e Santa Rosa.


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Legislacao antidrogas: aprovado projeto do deputado Osmar Terra


Nos últimos dias de atividade do Congresso neste ano, um projeto de lei polêmico  passou despercebido. Uma comissão da Câmara dos Deputados aprovou texto que altera radicalmente a legislação antidrogas do país, tornando-a muito mais rígida. A proposta está agora na pauta do plenário da Câmara.

O texto, aprovado sem alarde no último dia 11 de dezembro na Comissão Especial do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas, permite que um usuário seja internado involuntariamente por até seis meses e aumenta a penalidade para traficantes. Também cria um sistema de informações de abrangência nacional.
O projeto não revoga a legislação atual, mas acrescenta 33 novos dispositivos à Lei de Drogas (Lei 11.343/06), que instituiu o Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas (Sisnad), e à Lei 10.261/01, que trata da proteção e direitos de pessoas portadoras de transtornos mentais.
A proposta, com o espírito das políticas de “guerra contra as drogas”, segue o caminho oposto de abordagens alternativas para a questão, adotadas em países como Portugal e Espanha.
Para especialistas, no entanto, o projeto de lei antidrogas da Câmara levará ao aumento da demanda por drogas e não é eficaz para combater a violência.
Os integrantes da comissão especial assinaram um pedido de urgência para que o projeto seja um dos primeiros a ser analisados no início do próximo ano legislativo, em fevereiro. O texto ainda pode receber emendas.
Repartição das atribuições
O projeto também amplia a articulação federativa nas ações antidrogas, dividindo a competência nessa área entre a União, estados e municípios. A legislação atual não faz essa separação. Pelas novas regras, os municípios serão os agentes de prevenção. Segundo o relator do projeto, deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL), as cidades são responsáveis pelo ensino fundamental e a prevenção deve ser feita com jovens entre 7 e 18 anos.
Aos estados caberia a responsabilidade de acolher e tratar os dependentes químicos. Já a União ficaria com a competência pela coordenação geral das políticas antidrogas e o suporte financeiro aos estados e municípios. O governo federal também continua responsável pela repressão ao tráfico nas regiões de fronteiras e entre os estados.
Segundo o autor do projeto, deputado Osmar Terra (PMDB-RS), o objetivo do texto é complementar às leis em vigor para extinguir lacunas ainda existentes. “Fui secretário estadual de Saúde por oito anos e pude ver de perto o drama gerado pela dependência química. Vivia esse drama em todo o Brasil. A questão da dependência química na lei atual é muito ineficaz, muito frouxa”, disse.
Inicialmente, a proposta pretendia proibir até mesmo a propaganda de bebidas alcoólicas, mas durante as discussões a comissão entendeu que o assunto deve ser tratado em outro colegiado especial, destinado a discutir especificamente o tema. No entanto, para Osmar Terra, a internação compulsória trará benefícios ao tratamento de dependentes químicos. “A dependência é crônica, não tem volta. O cérebro se modifica e constitui nova memória de longo prazo. Por isso que é tão frequente a recaída. Essa é a lógica que eu vejo hoje”, afirma o parlamentar, que acredita que o texto propõe mais atenção aos dependentes.
Ele explica ainda que vigoram dois tipos de internação no país: a voluntária e a compulsória. A primeira ocorre quando o dependente químico pede por ajuda e a segunda depende de uma autorização judicial. “Isso leva muito tempo. A internação involuntária é benéfica porque é feita a pedido da família ou determinada por um psiquiatra. Isso evita tratamentos de urgência. Ela servirá para aquela pessoa que está na rua, já vendeu tudo o que tem em casa, ameaça a família para ter dinheiro e comprar a droga”.
Traficantes
O projeto torna a punição a traficantes mais rigoroso, elevando o período mínimo de prisão de cinco para oito anos e com possibilidades menores de redução da pena. Para o relator do projeto, deputado Givaldo Carimbão, o objetivo é que os condenados fiquem pelo menos cinco anos na cadeia. Atualmente, estima-se que o tempo médio de cumprimento da pena em regime fechado é de dois anos.
“A droga funciona como uma epidemia viral. Quanto mais gente oferecendo droga no ambiente, mais gente dependente. Por isso defendemos o afastamento dos traficantes das ruas”, afirma Osmar Terra.
Outro ponto importante do projeto que altera a legislação é a obrigatoriedade da contratação de ex-usuários por empresas que fecharem contratos com o governo e que utilizem recursos públicos. As empresas devem destinar 5% dos postos de trabalhos para estas pessoas. No entanto, para ser admitido, o ex-dependente precisa ter cumprido o plano individual de tratamento e não pode mais estar consumindo nenhum tipo de droga.

Memorias da Resistencia


Arquivos inéditos sobre a ditadura militar são tema de documentário “Memórias da Resistência”



O Instituto Práxis de Educação e Cultura (IPRA) da cidade de Franca, interior de São Paulo, com patrocínio do Ministério da Cultura através do Edital de Pontos de Mídias Livres, realiza desde 2011, o projeto “Memórias da Resistência” com o objetivo de dar visibilidade a documentos inéditos sobre o Regime Militar do Brasil resgatando a memória do Golpe de 64 e dos anos que lhe sucederam marcados pelo cerceamento das liberdades individuais e pela violência material e simbólica contra a sociedade brasileira.

O “Memórias da Resistência” está produzindo um vídeo sobre as histórias presentes nos documentos que, em 2007, foram encontrados, no interior de São Paulo, em uma casa abandonada no meio de um canavial. Os documentos pertenciam ao Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) e compreendem, entre outros, 110 fichas de perseguidos políticos e um Manual de Subversão e Contra-subversão.

O vídeo contará algumas das histórias que estavam esquecidas em meio aos documentos, a exemplo do processo 114/69 relacionado às Forças Armadas de Libertação Nacional de Ribeirão Preto-SP e da invasão policial ao Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (Crusp), em 1968. A partir do material encontrado, de pesquisas em arquivos públicos e de entrevistas com pessoas que viveram o Golpe de 64, o filme constrói um riquíssimo e emocionante panorama histórico do Regime Militar brasileiro.

Além do vídeo, o “Memórias da Resistência” mantém portal na Internet para fomentar as discussões sobre a importância do resgate da memória nacional, sobretudo no que se refere à ditadura militar; publica boletins bimestrais sobre o trabalho de realização do filme; e lançará um livro que também pretende trazer detalhes ainda desconhecidos sobre o regime ditatorial.

A história dos documentos

2007. Jaborandi, interior de São Paulo. Cleiton Oliveira, ex-cortador de cana e então estudante de História nas Faculdades Integradas de Bebedouro-SP (Fafibe), encontra em uma casa abandonada, no meio de um canavial, documentos que pareciam ser relacionados à ditadura militar do Brasil.

Intrigado, Oliveira mostrou sua descoberta a um de seus professores, Tito Bellini, coordenador do Instituto Práxis de Educação e Cultura (IPRA) de Franca-SP. Ao constatar a importância histórica do material, Bellini fez uma trabalhosa digitalização e entregou ao Arquivo Público do Estado de São Paulo que, após análise, atestou o caráter inédito dos documentos.

Até então, o órgão possuía mais de 150 mil fichas pertencentes apenas ao Departamento de Ordem Social (DOS), já as novas informações são referentes ao Departamento de Ordem Política (DOP), do DOPS. Ao todo são 110 fichas de perseguidos políticos, além de envelopes, processos da corregedoria da Polícia Civil, panfletos de movimentos estudantis e um Manual de Subversão e Contra-subversão. O montante digitalizado atinge cerca de 1.200 arquivos.

Hoje, sabe-se que o canavial onde o material foi encontrado fazia parte de uma fazenda que pertenceu a um antigo delegado do DOPS o que confirma a prática de ocultação de documentos por parte dos poderosos ligados à ditadura militar.

Lançamento

Depois de mais de 20 entrevistas, num total de 22 horas de gravação, e intensa pesquisa histórica, o documentário “Memórias da Resistência” está em fase de edição e tem seu lançamento previsto para abril de 2013.


>> Para saber mais, acesse: www.memoriasdaresistencia.org.br

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Reducao na conta de energia representara economia de R$ 20 bilhoes para consumidores


Brasília – Ao reconhecer que energia é fator de competitividade para o país e adotar medidas visando à redução de tarifas, o governo federal poderá, em 2013, fazer os brasileiros economizarem cerca de R$ 20 bilhões nas contas de luz. O valor corresponde a uma redução de 20% em relação aos valores atuais. Se o recorte ficar restrito à indústria, a redução deve ser, em termos proporcionais, um pouco menor, entre 9% e 16%, disse o presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa.

“No caso das empresas que compram [energia] no mercado cativo, estimamos que, em alguns casos, o benefício possa ser até superior a 25%. No mercado livre [em que grandes consumidores negociam diretamente a compra de energia com as geradoras ou por intermédio de algum comercializador], deveremos ter uma redução de até 16%”, informou hoje (19) Pedrosa durante almoço com jornalistas.

De acordo com a Abrace, 56% das indústrias brasileiras compram energia no mercado livre. Nas indústrias que usam menores tensões, o benefício deverá chegar a pelo menos 9%.

A previsão de reduções no custo da energia faz com que a Abrace aponte o ano de 2012 como “um marco” para o setor elétrico. “Hoje o governo reconhece que a energia é fator de competitividade, diferentemente do que ocorria no passado, quando era vista como instrumento de políticas públicas e de arrecadação”, destacou o dirigente da Abrace.

“Para cada real economizado em uma conta de luz, há um impacto [positivo] de R$ 8,60 no PIB [Produto Interno Bruto, que é a soma de todas as riquezas geradas no país]. O reflexo das reduções previstas para o custo de energia deverá resultar em um crescimento de 0,5% para o país, além de gerar 6 milhões de empregos e em uma redução de 0,5% da inflação”, estimou Pedrosa, tendo por base estudos encomendados junto à Fundação Getulio Vargas (FGV) e à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Dados da Abrace indicam que, em média, o custo da energia representa entre 25% e 30% do custo final dos produtos fabricados no Brasil. Mas podem chegar a 70%, no caso do oxigênio produzido nas indústrias. Em média, o custo da energia representa 30% do preço final de produtos químicos; 40% do alumínio; e 20% do aço e do cimento. “O alto custo da energia para a fabricação de porcelana [entre 25% e 30%] terminou prejudicando o setor, que acabou tendo seus produtos substituídos pelos fabricados na China”, completou Pedrosa.

fonte: EBC