sexta-feira, 19 de junho de 2009

Aplausos censurados, o desespero da mídia

Gilson Caroni Filho - www.cartamaior.com.br

Os governos militares censuravam a imprensa para impedir a denúncia de torturas, de escândalos administrativos e quaisquer notícias que evidenciassem as crises e a divisão interna do regime. A censura política das informações, institucionalizada pela Lei de Imprensa e pela Lei de Segurança Nacional, foi um dos pilares de sustentação da noite dos generais. Esse era o preço imposto pela ditadura.


Passados mais de 20 anos da redemocratização, com a crescente centralidade adquirida no processo político, a grande mídia comercial tomou para si o papel de autoridade coatora. Sem qualquer pretensão de exercer papel decisivo na promoção da cidadania, não mais oculta seu caráter partidário e deixa claro quais políticas públicas devem permanecer fora do noticiário.

A construção negativa da persona política de lideranças políticas do campo democrático-popular tornou-se o seu maior imperativo. Invertendo a equação da história "republicana" recente, há seis anos a imprensa passou a censurar o governo. Esse é o preço imposto pelo jornalismo de mercado; pelas relações de compadrio entre redações e oposição parlamentar, e pela crise identitária dos que foram desmascarados quando se esmeravam para definir qual era a “democracia aceitável”.

Com o esgotamento do modelo neoliberal, sentindo-se cada vez mais ameaçada como aparelho privado de hegemonia, a edição jornalística já não se contenta mais em subordinar a apuração ao julgamento sumário de fatos e pessoas. Censurar registros que sejam incômodos aos seus interesses político-econômicos, deslegitimado uma estrutura narrativa viciada, passou a fazer parte da política editorial do jornalismo brasileiro.

Em recente viagem a Genebra, o presidente Lula foi ovacionado ao discursar no Conselho Nacional de Direitos Humanos da ONU. Depois, segundo relato da BBC, " foi aplaudido seis vezes" ao criticar o Consenso de Washington e o neoliberalismo na plenária da OIT. O silêncio dos portais da grande imprensa e a ausência de qualquer referência ao fato nas edições da Folha de São Paulo, Globo e Estadão foi gritante.

Representou o isolamento acústico dos aplausos recebidos. Uma parede midiática que abafa o “barulho insuportável" na razão inversa com que ampliou as vaias orquestradas na cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos em 2007, no Rio de Janeiro. Nada como um aparelho ideológico em desespero.

Se pesquisarmos as raízes do comportamento dos meios de comunicação, veremos que elas nos dirão o quanto já é forte a desagregação da ordem neoliberal a qual serviram desde o governo Collor, passando pelos dois mandatos de FHC. Durante doze anos (de 1990 a 2002), a sociedade civil sofreu rachaduras sob os abalos devastadores da "eficiência" de mercado. Elas afetaram a qualidade da história, as probabilidades de uma República democrática e de uma nação independente.

Lula aparece como condensação das forças sociais e políticas que se voltaram para a construção de um novo contrato social. O tucanato, com apoio de seus porta-vozes nas redações, figura como ator que tenta reproduzir o passado no presente, anulando ganhos e direitos sociais. O que parece assustar colunistas, articulistas e blogueiros é o crescente repúdio á truculência infamante que produzem diariamente. Salvo, claro, a parcela da classe média que tem no denuncismo vazio e no rancor classista elementos imprescindíveis à sua cadeia alimentar. Aquele restolho que costuma pagar a ração diária com comentários insultuosos, sob a proteção do anonimato.

É preciso ficar claro que estamos avançando. Ou os de cima aprendem a conviver com os de baixo, ou como na fábula da cigarra e da formiga, poderão descobrir o arrependimento tarde demais. Seria interessante para a própria imprensa que trocasse os insultos de seus escribas mais conhecidos pelo debate verdadeiramente político. Aquele que busca compreender as condições sociais, políticas, culturais e econômicas de uma modernização que, por não promover exclusão, representa revolução democrática combinada com mudança social. Isso inclui aplausos, mesmo que abafados.


quinta-feira, 18 de junho de 2009

Uma vitória da lógica e da democracia

Por Luiz Antonio Magalhães em 18/6/2009

www.observatoriodaimprensa.com.br

Não é mais preciso de canudo para ser jornalista no Brasil. Em uma decisão histórica, o Supremo Tribunal Federal julgou na sessão de quarta-feira (17/06) a questão da obrigatoriedade de diploma específico para o exercício da profissão de jornalista. Foram oito votos contrários e apenas um favorável à exigência. Trata-se de uma vitória do jornalismo e da democracia brasileira, reafirmando as teses da liberdade de expressão e do livre pensamento, garantidas pela Constituição Federal.

Este observador já se manifestou sobre o assunto (aqui e aqui, entre outros tantos comentários neste OI ou no blog Entrelinhas) e sempre apoiou o fim da obrigatoriedade do diploma. Antes que alguém pergunte, cabe logo o esclarecimento: jornalista desde 1995, quem assina este texto não tem o diploma específico, é formado em História pela Universidade de São Paulo e abandou, no terceiro ano, o curso de Administração Pública na Fundação Getulio Vargas para abraçar a profissão (opção esta que acarretou algum prejuízo material, certamente). É preciso, portanto, desde logo esclarecer que não se trata aqui de advogar em causa própria, pois ao longo desses quase 15 anos a falta de diploma jamais foi óbice para o trabalho em veículos tão diferentes quanto a Folha de S. Paulo, Correio da Cidadania, PanoramaBrasil, DCI, Valor Econômico, além, é claro, deste Observatório, desde o ano 2000.

A questão da exigência do diploma para exercício do jornalismo é na verdade até simples: a profissão de jornalista dispensa a formação universitária específica porque não existe nenhuma técnica, norma ou regra que não se possa aprender nas redações, trabalhando, ou seja, fora das salas de aula. Há diversas profissões com as mesmas características, além da de cozinheiro, citada ironicamente pelo ministro Gilmar Mendes. Publicitários, músicos, artistas, escritores são alguns assemelhados: é perfeitamente possível realizar o trabalho sem ter aprendido a teoria na escola.

Tudo que um bom jornalista precisa é de talento, curiosidade e vontade de aprender a exercer a profissão, seja na universidade ou no dia a dia de seu trabalho. E de preferência manifestar esta vontade ao longo de toda a sua vida, continuamente.

Salvo exceções, os melhores profissionais acabarão sendo os mais bem formados e para isto só há uma coisa a fazer: estudar bastante. Este observador recomendaria a um jovem que deseja ingressar na profissão que curse qualquer faculdade – pode ser Direito, Economia, Engenharia, qualquer das Ciências Humanas ou até mesmo Medicina, Química ou Matemática. Uma pós-graduação em Comunicação complementaria maravilhosamente a formação, mas isto não é uma necessidade imperiosa.

O fim da exigência do diploma acaba com uma barreira corporativista tacanha, levantada por um sindicalismo medíocre, e não significa em absoluto o fim das escolas de jornalismo. De fato, o fim da exigência não impedirá que muitos jovens continuem cursando jornalismo para ingressar na profissão. Atualmente existem excelentes faculdades de Publicidade e Marketing, embora o diploma não seja obrigatório para o exercício da profissão. Muitos profissionais que se destacam neste meio são recrutados nas universidades. Por outro lado, gente com talento especial e até sem educação formal alguma poderá exercer o jornalismo sem os constrangimentos dos defensores de um canudo que no fundo só servia para a manutenção de seus próprios feudos no meio sindical. Ou alguém imagina, em sã consciência, um sindicato dos escritores lutando pela exigência de diploma específico para a profissão de escritor; um sindicato dos atores tentando impor a frequência em escolas de arte dramática para que seus pares subam nos palcos?

É claro que a Fenaj e as faculdades privadas (ou seriam fábricas de diplomas?) não vão dar a batalha por perdida, certamente vem aí algum projeto de lei estapafúrdio como o do Conselho Federal de Jornalismo para reinventar a obrigatoriedade do diploma. Afinal, ninguém larga a rapadura assim de graça, portanto esta briga ainda vai longe, muito longe.

Tudo somado, porém, a verdade é que o STF tomou a decisão mais acertada. Não que a questão do canudo seja central na discussão sobre mídia e imprensa no país hoje, mas o fim do diploma obrigatório foi bom para o Brasil, bom para o jornalismo, bom para os leitores. O futuro vai mostrar a correção da decisão tomada em uma fria quarta-feira de junho.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Minc se defende e reafirma apoio à legalização da maconha

Renata Camargo do site http://congressoemfoco.ig.com.br

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, defendeu nesta terça-feira (16) que sua participação na Marcha da Maconha, realizada no Rio de Janeiro em maio, não significou apologia às drogas. Em audiência na Comissão de Segurança Pública da Câmara, na qual foi convocado para prestar esclarecimentos sobre a manifestação, Minc afirmou que participou do ato porque defende mudanças na legislação e na política antidrogas.

"Não entendo que cometi nenhuma apologia, porque participei de uma manifestação autorizada pela Justiça Federal. Eu próprio não portava camisetas nem cartazes. Não defendi o uso, não defendo o uso, não vejo benefício no uso, não defendo a desobediência à lei. Defendo a mudança da lei", disse Minc.

O requerimento de convocação do ministro foi feito pelo deputado Laerte Bessa (PMDB-DF), que avalia que Minc deve ser enquadrado em crime de apologia ao uso de drogas ilícitas. Durante a audiência, Bessa voltou a criticar o ministro e disse que irá entrar com denúncia contra Minc no Ministério Público.

"Eu tenho a convicção que o senhor cometeu o crime de apologia. Ao ir à marcha, o senhor assumiu o risco. O senhor estava em uma marcha com cartazes incentivando o uso da maconha, com várias camisetas estampadas com a folhinha da maconha e isso, por si só, já configura crime de apologia. Assumiu o risco e quem concorre para o crime está sujeito às penas. Vossa excelência talvez não tenha participação direta, mas indireta, vossa excelência praticou o crime de apologia", defendeu Bessa.

Embate

Em resposta às acusações, Minc aproveitou para atacar o projeto de lei apresentado em abril por Laerte Bessa. O PL 4.981 prevê que quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, qualquer tipo de droga terá a pena de detenção de seis meses a três anos, além do pagamento de multa.

"Eu considero que a questão do uso e da dependência é uma questão de saúde pública e que, ao contrário do deputado Laerte, a alternativa não é colocar o usuário dentro da prisão, e sim construir alternativas na arte, na ciência, na informação, para que as pessoas possam viajar na literatura, na música, no teatro, sem se dopar, sem se escravizar com drogas legais ou ilegais", argumentou Minc. "Quem acha que vai resolver o problema das drogas prendendo jovens está errado. Por isso peço que os deputados votem contra esse projeto", defendeu.

Irritado, Laerte Bessa defendeu que a principal proposta de seu projeto é aumentar a participação do usuário no sentido da identificação do traficante. "Eu entendo que ele, ao ficar preso, vai entregar o traficante. O meu projeto é incluir essa vontade do usuário de colaborar com a polícia, pois nós sabemos a dificuldade que é chegar ao traficante", justificou Laerte.

Para amenizar o clima de confronto, o ministro Carlos Minc atribuiu o embate a uma "grande diferença no campo das ideias". Como exemplo, Minc usou a lei estadual nº 4.074, de 2003, de sua autoria enquanto deputado estadual no Rio de Janeiro.

"Essa lei fala que a dependência de drogas, mesmo a mais prolongada, deve ser considerada provisória. O que eu quis dizer com isso é que há a oportunidade de você recuperar as pessoas, de apoiá-las, de dar dignidade, dar uma saída justa, e não estigmatizá-las, tratá-las como criminosas, e aí sim empurrá-las para o colo do crime organizado. Então essa é que é a grande diferença que tenho com Vossa Excelência no campo das ideias", concluiu o ministro.

Legalização

Durante a audiência, o ministro defendeu ainda a legalização da maconha como medida para combater o tráfico de drogas. Minc classificou a criminalização da maconha como fator motivador da "guerra do tráfico" e disse que o álcool e o cigarro são problemas "tão ou mais prejudiciais à saúde".

"Eu sou favorável a legalização da maconha, como o ex-presidente Fernando Henrique, como o governador [do Rio de Janeiro] Sérgio Cabral, como um prêmio nobel da economia, pela razão que, segundo os médicos, a letalidade dela é semelhante ao álcool e cigarro", disse o ministro. "Na verdade, há 30 milhões de alcoólatras no Brasil e não vi nenhum deputado defender a ilegalidade do álcool", alfinetou.

domingo, 14 de junho de 2009

Festival de Gramado encerra inscrições dia 20 de junho

Estão abertas as inscrições para as mostras competitivas do 37º Festival de Cinema de Gramado, que ocorre entre os dias 9 e 15 de agosto na serra gaúcha.
Podem participar filmes na categoria longa nacional e estrangeiro, curtas nacionais e curtas gaúchos.
As fichas de inscrição e o regulamento estão disponíveis no site oficial do evento www.festivaldegramado.net .
As inscrições vão até o dia 20 de junho.

Por que e a quem o blog da Petrobrás incomoda?


A imprensa mercantil – aquela dirigida por oligarquias familiares de empresas fundadas no lucro das grandes publicidades privadas – está profundamente incomodada com o blog da Petrobras. Diz que se ofende aos órgãos de imprensa, revelando as perguntas enviadas pelas empresas da mídia à Petrobras, se sente como que violada na sua privacidade (?) quando o blog responde as acusações (que vida de regra, como fica claro, são simples insinuações sem nenhum fundamento na realidade).



Por que órgãos de imprensa, que supostamente estariam interessados na melhor e maior difusão informativa, se sentem incomodados com um blog que dá o ponto de vista da maior empresa brasileira e uma das maiores do mundo, empresa estatal, que deve – não apenas agora, mas sistematicamente – regularmente dar conta da sua atuação, pelo próprio caráter publico da instituição?

Acontece que essa mídia empresarial quer continuar sendo o único instrumento de intermediação entre os governantes e o povo, entre o Estado e a opinião pública. Quer ser o filtro que decida que projetos do governo devem ser difundidos e com que versão. Que declarações de governantes ou parlamentares devem chegar ao povo e sob que forma. Que temas são essenciais ao país e como devem ser encarados. Querem ocupar um lugar de monopólio na formação da opinião pública, o que lhes permitiu, ao longo do tempo, dar as pautas ideológicas e políticas do país.



Grande parte do que se publica na mídia mercantil são simples insinuações, mas que ganha ares de verdade se não são imediatamente respondidas por argumentos reais. Isto é inassimilável para a imprensa privada, porque ela vive disso – de transformar insinuações em supostas verdades., (Reveja-se a lista de supostos escândalos que alimentou do governo Lula – do aerolula ao apoio de Cuba à campanha eleitoral de Lula, entre tantos outros -, de que nunca se autocriticaram quando se revelaram mentirosas.) Por isso acreditam que criam uma opinião pública que tem sido sistematicamente derrotada pelo governo – como tem acontecido na maioria dos outros países da região – e que as pesquisas revelam como reduzidas a cerca de 5% de rejeição do governo. A isso se reduzem e querem falar “em nome do país”, quando falam em nome da família que os dirige, dos funcionários que de forma absolutamente autoritária e não democráticas contratam para escrever e falar e dos grandes interesses econômicos que os mantêm.



Que se multipliquem os blogs alternativos – estatais e públicos não governamentais -, para quebrar esse monopólio fundado no dinheiro e na mentira, para que fiquem reduzidos ao que são – órgãos da ditadura privada do dinheiro e da opinião mercantil – e que se possa construir no Brasil uma opinião pública democrática e pluralista, sem a qual nunca seremos um país democrático e soberano.

* Emir Sader - sociólogo.

Leia mais: www.cartamaior.com.br

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Luís Nassif: Estudo do PSDB desmascara a CPI

Do blog de Luis Nassif: (via RS Urgente)

Como se monta ou se prorroga uma CPI? Conta-se uma inverdade, cria-se a marola, depois pouco importa se o fato relatado era mentiroso.

Exemplo 1 - O relatório com conclusões falsas que a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) passou para a revista Veja, sobre suposta escuta ambiental no órgão. Era falso. Resultou na prorrogação da CPI do Grampo. Tempos depois, na entrevista concedida à UOL, Gilmar Mendes candidamente admitiu que os dados poderiam ser furados, mas eram “verossímeis”. Em qualquer país com mídia séria, seria um escândalo.

Exemplo 2 - A operação contábil da Petrobras, visando reduzir o pagamento de impostos quando a crise interrompeu a liquidez do sistema financeiro.

Escrevi na época que era bobagem, que toda grande empresa recorre à engenharia fiscal, que a medida tinha fundamentação jurídica, mesmo podendo ser questionada pela Receita.

Hoje, no Valor, matéria de César Felício: “Manobra contábil da Petrobras é usada por grandes empresas, sugere estudo”.

Que estudo é esse? Preparado por José Roberto Afonso, consultor do PSDB para assuntos fiscais e tributários, um dos pais da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Diz a matéria:

Estopim para a criação de uma CPI no Senado, a manobra contábil da Petrobras, que deixou de recolher três meses de contribuições, reforçando seu caixa em R$ 4 bilhões este ano, pode ter sido seguida pela maioria dos grandes contribuintes do País. Um estudo preparado pelo economista José Roberto Afonso, consultor do PSDB, com base em dados coletados no gabinete do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que tem acesso ao Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), detalha a queda na arrecadação tributária federal no primeiro quadrimestre deste ano, que é desproporcional à redução do PIB . Enquanto o Produto Interno Bruto teve uma redução de 1,8% no primeiro trimestre de 2009, em comparação com o mesmo período no ano passado, as receitas federais tiveram uma redução de 7,2% de janeiro a abril, percentual que sobe a 8,7%, caso se retirem as receitas previdenciárias. Em termos absolutos, houve uma perda de R$ 11 bilhões.

(…) Um sinal neste sentido é a retração maior na arrecadação do IRPJ pelo lucro real, regime de recolhimento das grandes companhias. Enquanto o IR do lucro real caiu 19% até abril, a arrecadação do imposto pelo lucro presumido, regime das pequenas e médias empresas, cresceu 4,6% no mesmo período. “Uma hipótese para explicar o resultado é que grandes contribuintes estejam deixando de recolher para ter mais acesso a crédito, com mecanismos de compensação tributária”, observa o texto. Entre os pequenos e médios contribuintes o desempenho é diverso em função do menor acesso a ferramentas de compensação tributária.

(…) Os dados mostram que, mesmo depois da Petrobras encerrar a sua compensação tributária e voltar a recolher as contribuições em abril, a arrecadação federal acelerou a queda: de retração de 4,4% em março para 8,8% em abril, quando comparada com igual mês no ano anterior, o que pode ser um indicativo de que os mecanismos de compensação tributária foram seguidos por outras grandes empresas.

(…) O estudo mostra ainda outro sinal de queda desproporcional da arrecadação, ao abordar as instituições financeiras. A redução no primeiro quadrimestre da estimativa mensal do lucro no IRPJ deste setor foi de 28%.

Ou seja, o PSDB sabe que a denúncia é um factóide, sabe que traz intranquilidade para o país em um momento de esforço nacional para superar a crise, sabe que lança suspeitas sobre o partido, de que os interesses em jogo são a regulamentação do pré-sal, mas segue em frente.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

R$ 150 milhões para a Souza Cruz: "decisão de Yeda é vergonhosa"

“É vergonhoso dar R$ 150 milhões para um empreendimento que gera 250 empregos. Qualquer que seja o ponto de vista que se olhe, isso não faz sentido”. 

A afirmação é do economista Roberto Iglesias, estudioso da indústria do cigarro, com trabalhos publicados pelo Banco Mundial, criticando a decisão do governo Yeda Crusius (PSDB) de conceder R$ 150 milhões em isenções fiscais para a Souza Cruz. Em matéria publicada segunda-feira (8), na Folha de São Paulo, Iglesias e outros especialistas da área criticam duramente a decisão do governo tucano. Os R$ 150 milhões correspondem ao que a empresa gastou para construir um parque gráfico na Região Metropolitana de Porto Alegre.

Para o economista Clóvis Panzarini, ex- coordenador tributário da Secretaria da Fazenda de São Paulo, nos governos de Mário Covas e Geraldo Alckmin, o incentivo de R$ 150 milhões para um negócio de 250 empregos não é um bom negócio para as finanças públicas. Cada emprego custou R$ 600 mil. Com esse dinheiro, você poderia pagar R$ 1.300 por mês para um professor por 35 anos. E ele daria aula, não fabricaria cigarro”.

Tânia Cavalcanti, coordenadora da área de controle de tabagismo do Instituto Nacional de Câncer, lembra, na mesma matéria, que o incentivo à indústria do cigarro contraria recomendações da Organização Mundial da Saúde e da Convenção Quadro, o primeiro tratado internacional na área da saúde. No final de 2008, o governo brasileiro assinou em Durban, na África do Sul, um tratado da OMS em que o país se compromete a “não dar incentivos, privilégios ou benefícios fiscais para a indústria estabelecer ou tocar seus negócios”. “A indústria lucra e deixa o prejuízo do tratamento para a sociedade como um todo. Não tem o menor sentido essa política. O governo gaúcho “está na contramão das boas práticas contra o fumo”, diz ainda a especialista.

A reportagem cita um estudo do Banco Mundial que mostra que a política de incentivos é ilusória. “O governo arrecada mais impostos a curto prazo, mas no longo prazo as mais de 50 doenças causadas pelo tabaco custam mais do que o valor arrecadado. Para cada dólar arrecadado, o governo gasta US$ 1,5 com o tratamento de doenças. O incentivo é ilusório do ponto de vista da arrecadação, segundo a pesquisa, porque demora de 25 a 30 anos para as doenças se manifestarem”.

do site: www.rsurgente.opsblog.org


sábado, 6 de junho de 2009

Blog da Petrobras

Petrobras cria blog e os jornalões se desesperam!


Acompanhe todos os passos da CPI e conheça a versão da companhia.

A PETROBRAS É DE TODOS OS BRASILEIROS!

Correio do Povo denuncia campanha pérfida de Zero Hora e critica puxa-saquismo do jornal da RBS

Correio do Povo publicou editorial, ontem (5), denunciando que Zero Hora vem fazendo uma campanha pérfida contra o jornal “com a publicação de notas e insinuações como a reproduzida ontem em sua coluna de “opinião política” (Rosane de Oliveira), na qual tenta imputar comprometimento partidário ao Correio do Povo”. E isto aconteceu, acrescenta o editorial, “na mesma edição em que aquele jornal omitiu informações importantes sobre a percepção dos gaúchos quanto à possibilidade de corrupção no governo estadual, como a de que uma parcela relevante dos entrevistados defende o impeachment da governadora, no âmbito de uma pesquisa do Instituto Datafolha cujos dados essenciais foram publicados com destaque pelo Correio do Povo”.

Além disso, o jornal do Grupo Record critica “o papel vergonhoso desempenhado por alguns veículos de comunicação que, não satisfeitos com seu próprio puxa-saquismo desenfreado, tentam transformar a bajulação em virtude e a independência de outros em defeito”. “Buscando parecer imparciais o mais perto que chegam do que imaginam serem as tradições gaúchas é agir como o quero-quero, que grita bem longe de onde está o ninho verdadeiro”. E conclui:

“É esta história (de 113 anos de CP) que os gaúchos conhecem e que não precisa ser reescrita, ao contrário de outros, que, talvez por vergonha de seus próprios caminhos, estão sempre à espreita de uma mudança de rumos que coloque o Correio do Povo ao seu lado na senda indigna que eles escolheram”.

do site do Marco Weissheimer: www.rsurgente.opsblog.org 

quarta-feira, 3 de junho de 2009

O governo Yeda Crusius no fundo do poço

Pesquisa Datafolha publicada hoje pelo Folhão atesta que mais da metade da população gaúcha - 57% - vê casos de corrupção na administração da governadora Yeda Crusius (PSDB) e que, de novo mais da metade - 51% - faz avaliação negativa de seu governo, classificando-o como ruim e péssimo. 

É claro que esse não é um sentimento que aflorou da noite para o dia, ou no momento em que os pesquisadores em campo faziam o levantamento.

São avaliação e percepção que, com certeza permeiam há muito tempo o sentimento dos gaúchos nesses 30 meses em que Yeda governa e que são sinônimos de crise e instabilidade política em que as denúncias e escândalos que enlameiam sua administração mantém o Estado.

Mas, nem assim a tucanada deixa instalar CPI

O fato é que a gestão Yeda Crusius constitui um exemplo claro de como se desenvolve um governo do PSDB, do jeito tucano de governar (leia nota abaixo).

Mas, sua administração, o repúdio da população gaúcha a esse governo em seu Estado, e mais a cassação do governador tucano da Paraiba, Cássio Cunha Lima, são elementos, eu diria sintomas, de uma crise maior do PSDB.

São as provas concretas de um partido sem propostas e sem idéias para o país, e que só se mantém pela cumplicidade de parte da midia com os governos medíocres que José Serra, de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas, fazem nos dois principais Estados do país. Com a agravante de que, em São Paulo os tucanos estão no governo há 15 anos


Avaliação do Zé! Acesse lá: www.zedirceu.com.br


terça-feira, 2 de junho de 2009

Festival de Cinema Digital em Porto Alegre

Tá no site www.coletiva.net acessa lá!

A iniciativa de um estudante do último ano do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista, do IPA, fará com que Porto Alegre tenha seu primeiro Festival de Cinema Digital. O aluno Manoel Canepa, de 28 anos, formulou e colocou em prática a ideia proposta pela disciplina de Projeto Experimental VII (Projeto Jornalístico) – uma espécie de “TCC prático” da instituição que visa desenvolver o lado empreendedor dos futuros jornalistas. “A tecnologia digital promove a democratização da produção audiovisual. Daí, a ideia de se produzir um festival que dê vazão às novas produções originadas pela tecnologia digital. Não adianta produzir e não ter onde veicular!”, disse Canepa.


O I Cinedigipoa – Festival de Cinema Digital de Porto Alegre está programado para ocorrer entre os dias 3 e 7 de agosto, na sede da instituição (Rua Cel. Joaquim Pedro Salgado, 80). É destinado a cineastas independentes e estudantes universitários e tem como objetivo “abrir uma nova vitrine para produções audiovisuais independentes ou de baixo orçamento”, conforme Canepa. O festival contemplará obras que tenham sido produzidas nos anos de 2008 e 2009. 


Os interessados podem inscrever suas peças até o dia 10 de julho nas seguintes categorias: Mostra Curtas-metragens (Ficção; Documentário; Animação e Experimental); Mostra Longas-metragens (Ficção e Documentário); Mostras Especiais (Novas tecnologias: Filme de celular/1 minuto; e Cinema + Música: Videoclip).


Concorrerão ao prêmio, que é um troféu que será entregue no encerramento do evento, três obras selecionadas por categoria. Os vencedores serão escolhidos através de duas formas: Júri Oficial e Júri Popular. Mais informações através do site http://metodistadosul.tempsite.ws/cinedigipoa/.

Lula anuncia em mais de cinco mil veículos de comunicação

Tá no site www.coletiva.net

No ano passado, a propaganda do governo Lula chegou a 5.297 veículos de comunicação. O número aponta um crescimento de 961% em relação aos 499 que recebiam verba para divulgar o Governo em 2003. De acordo com informações do site Adnews, essa diversificação alcançada pela presidência é incomum ao que é registrado por empresas privadas. Em 2008, por exemplo, a Fiat anunciou em 206 e o Itaú em 176 mídias diferentes, conforme o Ibope Monitor.

Para a Folha de S.Paulo, o Palácio do Planalto usa a regionalização como estratégia, ao contrário de seus antecessores. O jornal destaca que, nos últimos meses, com a disseminação de comerciais pelo interior do país, a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva cresceu. Porém, o valor total gasto com publicidade não aumentou: os maiores veículos estão recebendo menos e, com isso, mídias menores, do interior, saem ganhando.

Anualmente, desde 2003, o governo Lula gasta cerca de R$ 100 milhões com peças feitas pelas agências que trabalham para a presidência. No início do mandato, a publicidade petista chegava a 270 rádios e 21 TVs, já no fim de 2007, esse número saltou para 2.597 e 297, respectivamente. Com a regionalização, o número de municípios que recebem peças publicitárias da Presidência também cresceu, cerca de 531%. Em 2003 eram 182 e agora são 1.149.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Um terceiro mandato, peloamordedeus!

do site: http://brasiliaeuvi.zip.net


Autor: Leandro Fortes


A imprensa brasileira não vai descansar enquanto não arrancar do presidente Lula, ou de algum ministro de Estado, uma declaração favorável ao terceiro mandato. A insistência com que a mídia tem tratado do tema, em ondas ciclotímicas cada vez mais curtas, revela aquele tipo de interesse que nada tem a ver com os fatos ou, no limite, com demandas jornalísticas. Trata-se de uma campanha infernal para colar na imagem de Lula a pecha de “ditador chavista” às vésperas de um ano eleitoral, como se fosse possível, a essa altura do campeonato, estabelecer semelhanças ideológicas e de ação governamental entre o presidente brasileiro e seu colega, Hugo Chávez, da Venezuela. Há mais de dois anos, escrevi uma matéria na CartaCapital (“Eterno factóide”) a respeito do assunto, quando a onda do terceiro mandato tinha como objetivo contaminar as bases eleitorais do governo, com vistas às eleições municipais de 2008, quando ainda rescendiam brasas sobre os escombros do chamado “mensalão”. Lá, pelas tantas, escrevi:

 

“O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, além de ter sido beneficiado com a manobra da reeleição, colocada em prática via mudança da Constituição, foi um dos avalistas internacionais do terceiro mandato de Alberto Fujimori, do Peru. Tanto, e de tal forma, que Fujimori, atualmente às vésperas de ser julgado por crime de corrupção, tráfico de armas e genocídio pela Justiça peruana, arrolou FHC como testemunha”.

 

Incrível, né? Fernando Henrique Cardoso alterou a Constituição Federal, à custa de um escândalo de compra de votos no Congresso Nacional, para emendar um segundo mandato, com apoio irrestrito da mídia nacional. Em outro front, dava apoio político e diplomático a Fujimori, conhecido bandoleiro internacional, dado a censurar jornalistas e assassinar opositores, para que “El Chino” conseguisse um terceiro mandato no Peru. Sobre o que estamos falando mesmo? Ah, sobre o terceiro mandato, idéia rejeitada, sistematicamente, pelo supostamente (vocábulo adorado dos jornais, nos últimos tempos) principal interessado, a saber, o presidente Lula.

 

A insistência sobre o tema, ainda tocado em clima de factóide, é tão óbvia que chega a ser cansativo dissertar sobre ela. Estancado em níveis de popularidade jamais alcançados por outros presidentes na história deste país, Lula vive em franca liberdade de movimento para emplacar seu sucessor, no caso, sucessora, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef. Feliz, gordo e corado, Luiz Inácio conseguiu estabelecer com o eleitorado uma ponte de comunicação praticamente imune aos ruídos da mídia, de qualquer mídia. A este povo sem mídia, e sobre o qual a mídia nada entende ou atinge, Lula fala a língua da distribuição de renda, da segurança alimentar e da identidade nacional. De certa forma, conseguiu converter em ganho eleitoral todos os males a ele atribuídos pela zelosa elite intelectual e econômica brasileira, da falta de educação formal à aparência física.

 

Quisesse mesmo se empenhar na luta pelo terceiro mandato, Lula teria todas as condições, dentro e fora do Congresso, para conseguir sucesso no intento, sem a necessidade de comprar votos, pelo menos no sentido literal do expediente utilizado na Era FHC. Foi-se o tempo, no entanto, em que o presidente se cercava de assessores que o incitavam a atitudes insanas, como a de querer expulsar o correspondente do New York Times do país, por quem foi acusado de ser cachaceiro militante. Agora, a cada investida da mídia, Lula desmancha-se em desencanto: é contra, diz, o terceiro mandato. Ainda assim, como quem oferece crack a um viciado, o Datafolha gastou tempo e dinheiro na tentação de divulgar uma pesquisa na qual mostra um “país dividido”, 47% a favor, 49% contra o terceiro mandato.

 

A mensagem é clara: então, porque não arriscar, presidente? A resposta também: porque Lula não é bobo.

 

Para uma oposição perdida e enterrada num pré-sal de indefinições, nada seria mais providencial do que o surgimento de um Lula ditatorial, finalmente revelado em toda a sua essência autoritária e aparelhadora, um Chávez tropicalizado e, melhor ainda, a tempo de ser trabalhado em infinitas edições de domingo. Viriam especialistas, cientistas políticos, blogueiros de repetição, colunistas, deputados e senadores a denunciar a quebra das regras democráticas, a incutir pânico na classe média, a convocar as senhoras de Santana a marchar sobre a Paulista, o horror, o horror!

 

De qualquer maneira, não custa deixar essa pauta na gaveta. Quem sabe ela não emplaca no ano que vem?