quarta-feira, 27 de maio de 2009

Yeda mãe de todos: "mamãe eu quero mamar!"

http://caraspintadasrs.blogspot.com


A Folha de São Paulo teve acesso a trechos de um inquérito da Polícia Federal, que corre sob segredo de justição. Segundo a matéria de Graciliano Rocha "As atividades de Walna chamaram a atenção da PF depois que ela se encontrou com a empresária Neide Viana Bernardes e Edgar Cândia, dono da Magna, em abril do ano passado.".

A empresária Neide Viana Bernardes, suspeita de superfaturar as obras das barragens de Jaguari e Taquarembó, foi apanhada pela PF afirmando que a “progenitora maiordo Estado” estaria a par de tudo.

Segundo a Polícia Federal, a "progenitora maior do Estado" seria referência à governadora Yeda Crusius.
no diálogo, gravado com autorização judicial no dia 16 de maio de 2008, época em que o edital para a licitação das obras de construção das barragens estava sendo elaborado, Neide diz para Edgar Cândia, dono da empresa Magna: “tá tudo combinado”, “progenitora maior do Estado sabe”.

A Magna é uma das empresas vencedoras da obra de Taquarembó. A assessora Walna Meneses é apontada pela Polícia Federal como “elemento de ligação” entre o Piratini e o esquema.

Neide e Cândia já foram indiciados por crimes de corrupção, fraude em licitação e formação de quadrilha.
O inquérito conduzido pela Delefaz (Delegacia de Combate a Crimes Fazendários) descreve a assessora de Yeda como "elemento de ligação". "Conclui-se que todo o engendramento político parte através de Neide e aí é partilhado com Walna, de onde é repassado a seu escalão superior, com ênfase neste momento em relação a Chico Fraga", diz trecho do inquérito a que a Folha teve acesso.

Como bem lembrou o RS Urgente:

"Já avisei que mamãe não protege mais. Cada um cuida do seu nome”. (Governadora Yeda Crusius, ZH, 13/05/2009, ao comentar a onda de denúncias que recai sobre seu governo.)

Tá tudo combinado. A progenitora maior do Estado sabe” . (Neide Viana Bernardes em conversa com Edgar Cândia, dono da Magna Engenharia, no dia 16 de maio de 2008, sobre licitação das barragens de Jaguari e Taquarembó.)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Internet vs. Mídia tradicional: mudança sem retorno

Do site da Carta Maior: www.cartamaior.com.br


Pesquisa revela que 83% dos consumidores de mídia no Brasil produzem seu próprio conteúdo de entretenimento usando, por exemplo, programas de edição de fotos, vídeos e músicas. O público de faixa etária entre 26 e 42 anos é o mais envolvido com atividades interativas na rede.


Duas pesquisas divulgadas recentemente mostram, de forma inequívoca, a dimensão das mudanças que estão ocorrendo no “consumo” de mídia, tanto no Brasil como no mundo. Elas são tão rápidas e com implicações tão profundas que, às vezes, provocam reações inconformadas de empresários e/ou autoridades que revelam sérias dificuldades para compreender ou aceitar o que de fato está acontecendo no setor de comunicações.

Internet supera TV
A primeira dessas pesquisas é “O Futuro da Mídia” desenvolvida pela Deloitte e pelo Harrison Group. A Deloitte é a marca sob a qual profissionais que atuam em diferentes firmas em todo o mundo colaboram para oferecer serviços de auditoria e consultoria. Essas firmas são membros da Deloitte Touche Tohmatsu, uma verein (associação) estabelecida na Suíça. Já oHarrison Group é uma consultoria independente com sede nos EUA.

A pesquisa, realizada simultaneamente nos EUA, na Alemanha, na Inglaterra, no Japão e no Brasil, identificou como pessoas entre 14 e 75 anos “consomem” mídia hoje e o que esperam da mídia no futuro. A coleta de dados foi feita entre 17 de setembro e 20 de outubro de 2008 e a amostra foi dividida em quatro grupos de faixas etárias: a “Geração Y”, com idade entre 14 e 25 anos; a “Geração X”, que tem entre 26 e 42 anos; a “Geração Baby Boom”, formada por pessoas entre 43 e 61 anos; e a “Geração Madura”, que compreende os consumidores entre 62 e 75 anos. No Brasil, foram ouvidas 1.022 pessoas, classificadas nas quatro faixas etárias.

Vale a pena transcrever o que a própria Deloitte relata sobre alguns dos resultados referentes ao Brasil (cf. Deloitte, Mundo Corporativo n. 24, abril/junho 2009).

O levantamento mostra que o Brasil, com um mercado formado essencialmente por um público jovem é, dos cinco países participantes da pesquisa, aquele em que os consumidores gastam mais tempo por semana consumindo informações ofertadas pelos mais variados meios de comunicação e se mostram especialmente envolvidos com atividades on-line. Os consumidores brasileiros gastam 82 horas por semana interagindo com diversos tipos de mídia, incluindo o celular. Para a grande maioria (81%), o computador superou a televisão como fonte de entretenimento. Os videogames e os jogos de computador constituem importantes formas de diversão para 58% dos entrevistados. (...) (grifo nosso)

Uma das principais informações reveladas é que o usuário quer participar, interferir. De acordo com as entrevistas realizadas com o público nacional, 83% dos consumidores de mídia produzem seu próprio conteúdo de entretenimento usando, por exemplo, programas de edição de fotos, vídeos e músicas. O público de faixa etária entre 26 e 42 anos é o mais envolvido com atividades interativas na rede. Quanto mais jovem, mais propenso a produzir seu próprio conteúdo on-line.

Um dado extremamente revelador é que assistir à televisão é a fonte de entretenimento preferida pelos entrevistados de todos os países participantes da pesquisa, com exceção do Brasil. Entre nós, a TV aparece em terceiro lugar, as revistas em sétimo, o rádio em nono e os jornais em décimo. 

O quadro (adaptado) abaixo revela as preferências brasileiras.

Fontes de entretenimento favoritas - Brasil

1º - Assistir a filmes em casa (não inclui filmes na TV) .........55 % 
2º - Navegar na internet por interesses pessoais ou sociais..53 % 
3º - Assistir à televisão .........................................................46 % 
4º - Ouvir música (usando qualquer dispositivo ....................36 % 
5º - Ir ao cinema .................................................................30 % 
6º - Ler livros (impressos ou on-line) ...................................25 % 
7º - Ler revistas (impressas ou on-line) ...............................16 % 
8º - Jogar videogames ou jogos de computador .................14 % 
9º - Ouvir rádio .....................................................................13 % 
10º - Ler jornais (impressos ou on-line) ...............................12 % 


Para um país acostumado – há décadas – à hegemonia não só da televisão, mas de uma única rede de TV, esses dados não deixam de ser surpreendentes.

Participação ativa
Já a vontade majoritária de participar e interferir na construção do conteúdo, revelada pelos entrevistados brasileiros, acaba de vez com a idéia do obtuso “Homer Simpson” (cf. L. Leal Filho, “De Bonner para Homer”, Carta Capital, 7/12/2005) e com o mito da passividade dos nossos leitores, ouvintes e telespectadores.

Mais do que isso, os dados colidem frontalmente com as práticas históricas dos principais grupos de mídia brasileiros que, salvo raras exceções, sequer admitem a existência de ouvidorias ou de ombudsman em suas empresas.

A supremacia das redes sociais
A pesquisa Deloitte/Harrison faz referencia a outra pesquisa divulgada em junho de 2008 pelo Ibope/Net Ratings sobre o surgimento das “redes sociais virtuais”, ou seja, os sites de relacionamento que reúnem internautas com os mesmos interesses. Segundo esta pesquisa, 18,5 milhões de pessoas haviam navegado neste tipo de site em maio de 2008. Se somados os fotologs, videologs e programas de mensagens instantâneas, o número salta para 20,6 milhões.

Pois bem. No painel de abertura do 8º Tela Viva Móvel, dia 20/5, em São Paulo, o gerente de conteúdo e aplicações da Oi, Gustavo Alvim, informa que as redes sociais já desempenham papel mais importante que o acesso a emails no cenário da internet mundial. Em média, enquanto 65,1% dos usuários mundiais de internet acessam emails, 66,8% acessam redes sociais. "E o Brasil é o líder absoluto em redes sociais, com 85% de seus internautas que acessam pelo menos uma rede social".

Os dados vêm confirmar a aplicabilidade da hipótese do “long tail” (Chris Anderson) à “cultura convergente” – como faz Henry Jenkins – e, particularmente, reafirmar a tendência já prevalente da contextualização, análise e organização capilar de conteúdos, inclusive os jornalísticos, em sites e blogs, deixando para trás os velhos modelos dos jornais impressos diários. 

“Pendurados na internet”
Diante desses dados – e das importantes transformações que sinalizam – é que se deve compreender a recente declaração do senhor ministro das Comunicações na abertura do 25º Congresso Brasileiro de Radiodifusão, no dia 19/5, em Brasília. 

Segundo relata Mariana Mazza do Televiva News, depois de fazer uma vigorosa defesa da radiodifusão e registrar o abismo entre o faturamento da radiodifusão e das telecomunicações – "o setor de comunicação fatura R$ 110 bilhões por ano. Desse total, somente R$ 1 bilhão é do rádio e R$ 12 bilhões das TVs. O resto vocês sabem muito bem onde está" –, o ministro sugeriu que os jovens devem usar menos a internet e assistir mais programas de TV e de rádio. "Essa juventude tem que parar de só ficar pendurada na internet. Tem que assistir mais rádio e televisão".

Ao que parece o senhor ministro – e os radiodifusores que ele tão bem representa – estão realmente perdendo o “bonde da história”.


Venício Lima é Pesquisador Sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da Universidade de Brasília - NEMP - UNB


quarta-feira, 13 de maio de 2009

Deixem o MPF trabalhar

Do site RS URGENTE - www.rsurgente.blogspot.com 


Há uma fala que une, neste momento, o senador Pedro Simon (PMDB), a deputada Luciana Genro (PSOL), a OAB e um contingente grande de colunistas da imprensa: todos querem que o Ministério Público Federal se manifeste. Pedir, tudo bem. Mas criticar os procuradores porque eles não disseram, ainda, se há, ou não, provas da corrupção no governo Yeda, aí já é demais.

Simon, que por muito menos usou toda a sua verve para pedir a derrubada de ministros e que, no caso de Yeda empresta uma solidariedade suspeitíssima, provavelmente só está querendo saber a hora certa para dar a ordem de desembarque ao seu PMDB. Fidelidade, se sabe, nunca foi, mesmo, o forte do partido.

Luciana segue a linha PSOL e alarma: mais pessoas, além de Marcelo, podem morrer! As provas podem sumir! Tudo bem, são argumentos que guardam alguma lógica com os últimos acontecimentos mas, convenhamos, não é para tanto.

A Ordem dos Advogados dá contorno jurídico a sua manifestação: se todo mundo já está falando, se já há até reportagens sobre o tema, não há mais porque manter o segredo. Alto lá. Melhor do que ninguém, os advogados sabem que um simples vazamento de uma investigação que corre em segredo de Justiça pode gerar a nulidade do processo e culminar com a absolvição dos acusados. Pela forma, não pelo conteúdo.

No caso da imprensa, a grita revela uma certa incompetência. Ou o bom jornal não é aquele que faz a fonte oficial correr atrás dele?

Isto posto, cabe perguntar se não ocorre aos reclamões de plantão, a possibilidade de que o material em mãos do Ministério Público Federal seja tão potencialmente bombástico que, uma vez revelado, possa derrubar um governo legitimamente eleito? E que, justamente por assim ser, devem os procuradores ter o máximo de cuidado com a busca das provas? E que isso leva tempo, muito tempo? E que este tempo não deve ser alterado em nome do que quer que seja porque, afinal, se está tratando de fazer justiça? E que nem mesmo a idéia de que esta demora paralisa o Estado pode ser alegada já que, se há mesmo paralisia, ela não se dá por culpa dos procuradores mas justamente pelo envolvimento dos que deveriam fazer andar a administração?
Não há razão para que se ponha em dúvida, ao menos até agora, a seriedade do trabalho do Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul quando se trata de corrupção no governo Yeda. A participação deles na força-tarefa que desbaratou a quadrilha do Detran, foi decisiva.

Fundamental compreender, então, que os tempos da justiça, da política e da imprensa, são distintos. Talvez Simon, Luciana, a OAB e até a imprensa possam pensar em apoiar abertamente o pedido de CPI que se discute na Assembleia Legislativa porque este, sim, parece estar no tempo e no lugar certo, além de, como instância investigatória, tem legitimidade para requerer provas e documentos que estejam em mãos do MP. (Maneco)