sábado, 22 de dezembro de 2012

[Cultura] Entrevista com Anderson Farias

O futuro Secretário de Cultura Anderson Farias expõe suas ideias em entrevista exclusiva para a edição_38 da Revista Afinal. Confira!


1 - Qual o teu conceito de Cultura?
Cultura é tudo aquilo que a sociedade produz, de bem intelectual e artístico. A cultura está no nosso jeito de vestir, falar e em toda a relação criativa que temos com o meio que nos cerca. Enfim a cultura permeia toda a nossa vida, a vida do grupo social do qual fazemos parte. Desta maneira, entendo que o conceito de cultura é bastante abrangente e as pessoas devem “exercitar” a cultura, se apropriar desse “fazer” de uma forma natural, espontânea e prazerosa.

2 - O que muda na Secretaria de Cultura?
Ainda não começou o processo de transição política. Infelizmente, o prefeito Orlando só vai abri-lo a partir de dezembro. O que deixa pouco tempo para nos inteirarmos sobre todos os aspectos relevantes da prefeitura e consequentemente da Secretaria de Cultura. Mas considero, como artista, que esta pasta apresentou importantes conquistas nos últimos anos. Mas entendo que é preciso fazer uma avaliação criteriosa de todos os projetos e ações da Secretaria para avaliarmos os resultados obtidos. Todos os projetos que alcançaram resultados relevantes e que foram importantes para a comunidade serão mantidos e ampliados. Também considero que algumas áreas fundamentais podem receber uma atenção especial, como é o caso do teatro e das artes plásticas. Mas outras áreas também poderão receber ações de incentivo para que sejam fomentadas em nossa cidade. Tudo isso será discutido e elaborado junto com artistas e a comunidade. O Conselho Municipal de Cultura será fundamental nesse processo também.

Considero que o Fundo Municipal de Cultura foi uma importante conquista, mas entendo que ele pode e deve ser mais técnico em suas avaliações, tanto no que diz respeito à escolha dos projetos incentivados, quanto na avaliação da execução dos mesmos. A comunidade precisa perceber mais fortemente os resultados dos projetos incentivados. Esse ano, lamentavelmente, foram cancelados eventos importantíssimos para a cultura de Santa Rosa como o Musicanto, o Santa Rosa Mostra Gramado, O Festival de Vídeo. A justificativa é que faltou dinheiro para os eventos e que estamos em um ano político. Esse tipo de situação não deve ocorrer. É preciso trabalhar com antecedência, planejar. Quando se deixa para os meses que antecedem o evento para começar as articulações financeiras, corre-se um grande risco de não executar o projeto. E ano eleitoral existirá de quatro em quatro anos e temos que saber nos organizarmos para isso. Mas penso que em relação aos eventos culturais de Santa Rosa, é preciso fazer uma profunda avaliação. O evento em si não é suficiente para fomentar uma determinada área artística. Considero que o evento deve coroar um conjunto de ações que devam ser realizadas anteriormente a ele. Só assim iremos verdadeiramente solidificar um evento cultural, alicerçando-o em ações culturais que darão respaldo e consistência para aquela determinada área.

Então, considero que podemos obter mais avanços pela cultura aproveitando as experiências positivas, incorporando novas ações para mexer com a estrutura cultural da cidade e solidificar ações junto à comunidade. Quero contar com o apoio do quadro de servidores da cultura, que sempre foi muito dedicado e também com os organismos culturais de nosso município, para que juntos possamos trabalhar pela cultura de Santa Rosa.


3 - Política cultural de eventos ou política cultural permanente? Como?
Santa Rosa, ao longo de sua história, tem privilegiado a cultura de eventos. O que não é ruim. Mas particularmente considero que uma área cultural deve ser trabalhada a partir da base através de diferentes ações como oficinas, cursos, palestras, workshops, entre outros. Construir essas ações levará o fazer artístico e cultural para a comunidade que deve apoderar-se desse conhecimento e produzir o próprio olhar a partir da sua realidade. A prática desperta o interesse, ajuda na formação de plateias críticas e de possíveis artistas - atores de seu tempo! Com isso, o evento será uma consequência natural e ganhará respaldo e força. Oxalá termos o tempo em que grupos artísticos organizados possam fazer seus eventos independentes do poder publico.


4 - Como administrar Cultura, Turismo e agora, Esportes, numa mesma secretaria quando todas os indicativos sugerem o desmembramento dos setores citados e, principalmente, da área Cultural, setor que és oriundo?
O prefeito Vicini assumiu o compromisso durante a campanha de reduzir a máquina, enxugar os gastos com pessoal e fazer uma administração competente. É o desafio que está posto. A Secretaria de Esporte e Lazer não será extinta, ela será incorporada. Todos os projetos que vinham sendo desenvolvidos passarão pela mesma analise criteriosa para termos conhecimento dos resultados. O que é bom será mantido e ampliado. Toda a estrutura do esporte será mantida. Temos um quadro de colaboradores competentes que darão continuidade aos trabalhos. Com exceção do governo Orlando, todos os outros governos tiveram essa formatação. Entendo que seja possível fazer um bom trabalho mesmo tendo uma Secretaria de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo.


5 - Qual o papel que terá o Conselho Municipal de Cultura na tua administração?
Assim como todos os conselhos municipais será fundamental na gestão pública. Queremos que Santa Rosa assine o convenio com o Sistema Nacional de Cultura, que trará uma nova formatação para a administração do setor. Funcionará como a saúde é hoje, com recursos e responsabilidades repartidas entre os governos federal, estadual e municipal. Dentro desta nova politica o conselho se fortalece, inclusive muda a nomenclatura, e passa a ter um papel mais importante do que já vinha tendo.



NR: uma síntese da entrevista foi publicada na via impressa da Revista Afinal_38 que circula desde a última quinta-feira (20) nas cidades de Três de Maio, Horizontina e Santa Rosa.


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