Consciência negra e resistência
Por Clarice Tomaz*
O mês de novembro é marcado por
diversas manifestações, atos e homenagens reverenciando Zumbi dos Palmares, um
dos maiores ícones da população negra brasileira, pois Zumbi representa a
resistência e a busca pela liberdade dos negros escravos no Brasil, e hoje dos
negros excluídos, marginalizados ou invisibilizados na nossa sociedade. O mês
tem como ápice o dia 20 de novembro, aniversário de morte de Zumbi.
Idealizado pelo gaúcho Oliveira
Silveira, poeta, pesquisador, professor, grande liderança do movimento negro nacional
e um dos fundadores do Grupo Palmares, esta data foi estabelecida pelo projeto
lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003, sendo uma grande conquista do
movimento negro e de suas lideranças.
Hoje colhemos os frutos de nossos
guerreiros e nos multiplicamos em muitos outros, partindo da força da Lei
10639/03, do compromisso de gestores, professores, instituições apoiadoras e
instituições promotoras construímos um mês de atividades significativas em toda
a região. O Instituto Federal Farroupilha - Campus Santa Rosa, Grupo Capoerê,
Prefeitura Municipal de Santa Rosa, 17ª Coordenadoria Regional de Educação,
Universidade Federal Fronteira Sul - Cerro Largo, Etnia Afro de Santa Rosa,
uniram forças e deram visibilidade para o debate do mês da Consciência Negra em
diferentes temáticas. Percorreram a região dialogando sobre esta data, sobre
racismo, preconceito, políticas e ações afirmativas, o que sabemos sobre esta
cultura que é uma das bases da nossa brasilidade.
Não há povo brasileiro
sem a presença do negro e do índio.
Entre palestras, oficinas, debates,
sessão de cinema, rodas de capoeira, e muitos outros eventos nos deparamos com
situações animadoras, outras nem tanto. O olhar evasivo daqueles que apenas
estão cumprindo horas de uma formação, o entusiasmo daqueles professores que
estão redescobrindo a história reconstruindo valores, o abraço daquela criança
que se depara com o diferente e entende que isto é bom. A inquietação daqueles
que não entendem que o Brasil tem uma dívida histórica, moral e humana com sua
população negra. O quase que total desconhecimento da cultura negra brasileira
e gaúcha e do quanto nós regionais estamos inseridos nesta cultura.
Não há povo brasileiro sem a
presença do negro e do índio. Vivemos em uma região que nega esta presença, mas
que aos poucos está se redescobrindo através destas ações de conscientização e
de novas pesquisas históricas. O 20 de novembro não é uma data somente da
comunidade negra e sim, uma conquista do povo brasileiro.
*Clarice Tomaz é assessora pedagógica na 17ª CRE.
Texto publicado na via impressa da Revista Afinal #38.
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