quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Consciência negra e resistência


Consciência negra e resistência

Por Clarice Tomaz*

O mês de novembro é marcado por diversas manifestações, atos e homenagens reverenciando Zumbi dos Palmares, um dos maiores ícones da população negra brasileira, pois Zumbi representa a resistência e a busca pela liberdade dos negros escravos no Brasil, e hoje dos negros excluídos, marginalizados ou invisibilizados na nossa sociedade. O mês tem como ápice o dia 20 de novembro, aniversário de morte de Zumbi.

Idealizado pelo gaúcho Oliveira Silveira, poeta, pesquisador, professor, grande liderança do movimento negro nacional e um dos fundadores do Grupo Palmares, esta data foi estabelecida pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003, sendo uma grande conquista do movimento negro e de suas lideranças.

Hoje colhemos os frutos de nossos guerreiros e nos multiplicamos em muitos outros, partindo da força da Lei 10639/03, do compromisso de gestores, professores, instituições apoiadoras e instituições promotoras construímos um mês de atividades significativas em toda a região. O Instituto Federal Farroupilha - Campus Santa Rosa, Grupo Capoerê, Prefeitura Municipal de Santa Rosa, 17ª Coordenadoria Regional de Educação, Universidade Federal Fronteira Sul - Cerro Largo, Etnia Afro de Santa Rosa, uniram forças e deram visibilidade para o debate do mês da Consciência Negra em diferentes temáticas. Percorreram a região dialogando sobre esta data, sobre racismo, preconceito, políticas e ações afirmativas, o que sabemos sobre esta cultura que é uma das bases da nossa brasilidade.

Não há povo brasileiro 
sem a presença do negro e do índio.

Entre palestras, oficinas, debates, sessão de cinema, rodas de capoeira, e muitos outros eventos nos deparamos com situações animadoras, outras nem tanto. O olhar evasivo daqueles que apenas estão cumprindo horas de uma formação, o entusiasmo daqueles professores que estão redescobrindo a história reconstruindo valores, o abraço daquela criança que se depara com o diferente e entende que isto é bom. A inquietação daqueles que não entendem que o Brasil tem uma dívida histórica, moral e humana com sua população negra. O quase que total desconhecimento da cultura negra brasileira e gaúcha e do quanto nós regionais estamos inseridos nesta cultura.

Não há povo brasileiro sem a presença do negro e do índio. Vivemos em uma região que nega esta presença, mas que aos poucos está se redescobrindo através destas ações de conscientização e de novas pesquisas históricas. O 20 de novembro não é uma data somente da comunidade negra e sim, uma conquista do povo brasileiro.

*Clarice Tomaz é assessora pedagógica na 17ª CRE.

Texto publicado na via impressa da Revista Afinal #38.


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