quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Elmar Bones defende jornalismo alternativo

do site Coletiva.net / www.coletiva.net

Diretor do jornal JÁ fala sobre a sustentabilidade econômica do jornal e o processo movido pela família Rigotto contra a publicação

Em uma longa entrevista ao site Sul21, o jornalista Elmar Bones defendeu o jornalismo alternativo praticado pelo JÁ, que está há 36 anos sob o seu comando. Segundo ele, hoje, as redações praticam o que chama de jornalismo engessado, que é sustentado por anunciantes, industrializado e “com uma certa homogeneidade de texto e de abordagens”. Aos 67 anos, Elmar afirma que ainda encontra forças para resistir e que o seu jeito é fazer um jornalismo mais ativo, explorando basicamente a reportagem e buscando os temas que estão fora da pauta da mídia.


Apesar da paixão pelo que faz, Elmar confessa que é difícil manter um jornal independente, pois ele trabalha contra a sustentabilidade financeira. “Esse tipo de projeto tem uma grande dificuldade, porque a sustentação via banca é praticamente impossível. As bancas são controladas pelos grandes distribuidores, não temos muito acesso, e a logística é uma coisa cara”, explica. O jornalista também critica a forma como as pautas são entregues aos repórteres, hoje em dia: “Vem de cima. No JÁ, preferimos que o repórter indique a pauta”. E completa: “Hoje nas redações as pessoas nem se falam, é tudo compartimentado e isolado, as ordens vêm de cima e todos cumprem. Essa forma de organização poda os talentos e as capacidades individuais”. Para Elmar, o jornalismo implica um certo risco e uma certa ousadia, e “os grandes jornais estão pasteurizados em decorrência da lógica deles, vinculada a grandes interesses”.


Elmar também comentou o processo movido pela família do ex-governador Germano Rigotto (PMDB). Na ação por dano moral, o jornal foi condenado a pagar uma indenização de R$ 17 mil. Por outro lado, a matéria que gerou a condenação resultou em uma outra sentença (no processo criminal) do mesmo tribunal, estabelecendo que a reportagem era correta, de interesse social e não ofendia ninguém. “Mas ao se arrastar, o processo foi gerando efeitos colaterais políticos”, explica, para em seguida protestar: “Como o governo é o principal anunciante do Estado, estar mal com ele é estar mal com todas as maiores agências de publicidade. Sentimos isso pesadamente. Isso foi somado a um conjunto de fatores conjunturais que nos levou a uma situação de insolvência”.


Por fim, o jornalista comentou a ideia da cooperativa de leitores, que está em fase de discussão entre um grupo de cerca de 20 pessoas. “É uma estrutura muito democrática. E é simples e desonerada do ponto de vista jurídico. A gestão é por consensos, baseada em conselhos. É um formato bastante interessante e adequado”, esclarece.


Clique aqui para conferir a entrevista na íntegra.

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