sábado, 19 de setembro de 2015

PINCELADAS CULTURAIS

por Luciane Miranda*


Santa Rosa vive uma cena cultural efervescente, não apenas pela quantidade de eventos, mas também pela maturidade cultural que estamos adquirindo. Ações transversais, diálogo entre setores, pensar e se apropriar da cidade de forma independente têm sido realidade cada vez mais frequente e parece ser este o momento de instrumentalizar políticas culturais que permitam que este engajamento se fortaleça.

Então... Plano de Cultura pra quê?

Tudo fica mais claro quando sabemos onde estamos, para onde vamos e como faremos para chegar lá. Como imaginar a saúde ou a educação sem um plano contínuo? O caso da cultura não é diferente. Planejar a curto, médio e longo prazo, garante que as políticas culturais aplicadas sejam eficientes e correspondam às reais necessidades do setor, tendo como objetivos a garantia dos direitos culturais, o desenvolvimento equilibrado das diversas áreas de produção e o alinhamento às políticas nacionais de cultura.

Imprescindível pensar a cultura e a gestão cultural como parte efetiva da vida e planejamento político, de forma que a cultura encontre apoio não apenas no âmbito de uma secretaria específica, mas em todo o corpo administrativo.

O Conselho Municipal de Políticas Culturais com apoio de entidades culturais e Secretaria de Cultura e Turismo, após três anos de muito estudo, articulação e trabalho coletivo, concluiu no mês de julho, a elaboração do PLANO MUNICIPAL DE CULTURA. Para conclusão do processo falta apenas a aprovação pela Câmara de Vereadores e finalmente teremos um plano contínuo e independente de posições partidárias, ou seja, a concepção de cultura e suas políticas de gestão não mudarão a cada quatro anos com a mudança de governo. Acompanhemos atentos.

Preservar a história também é uma questão de cultura?!

Cada indivíduo é parte de um todo e constrói com os demais a história dessa sociedade, legando às futuras gerações registros capazes de propiciar a compreensão do desenvolvimento e da história humana, o rompimento desta corrente de conhecimento, acarreta uma sociedade que não conhece sua história e que por este motivo não se sente pertencente ao lugar onde vive e ao não se sentir parte, não aprende a reconhecer, amar e cuidar, ou seja, o indivíduo passa a ter dificuldades de integrar-se de forma humanizada ao mundo em que vive.

Antiga sede da Comissão de Terras.

Você conhece a cidade velha? A comissão de Terras? Logo ali na Praça da independência, local onde iniciou a cidade de Santa Rosa, lembra da Casa Zeni? Primeiro bolichão e que já foi ao chão sob os olhos coniventes de muitos. Sabe o Ginásio Moroni? Aquele que também corre risco de desaparecer? Pois o poder público está convencido de que deve demolir e vender o terreno. Parece que algo nos instiga a conhecer, amar e pertencer à nossa cidade, não chegamos até aqui nas asas de uma borboleta, há em nós muito daqueles que já se foram, assim como nós também iremos um dia. Preservar a história construída por nossos antepassados é dar um sentido de continuidade à nossa própria vida. 

Que a Constituição Federal e as demais leis de preservação sejam respeitadas!

Para refletir...

Como o espaço é curto e a pauta longa, vou me deter apenas à pergunta e retomamos sobre economia da cultura na próxima edição: remunerar o artista pra que? Nosso edital do Fundo Municipal de Cultura diz que NÃO, não é possível que o artista receba pela sua arte!

Posição veementemente contestada pela Secretaria de Cultura e Turismo e Conselho Municipal de Políticas Culturais. Que o próximo edital evolua a ponto de tratar a produção de arte como profissão. Sem mais.


*Luciana Miranda é artista plástica. Preside o Conselho Municipal de Políticas Culturais de Santa Rosa.


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