quinta-feira, 5 de março de 2015

População ribeirinha intensifica luta contra hidrelétricas no RS

Atingidos e ameaçados por Garabi e Panambi preparam mobilizações para a segunda semana de março 

As famílias ribeirinhas estão cada vez mais ameaçadas pelas hidrelétricas de Panambi e Garabi, previstas para a fronteira entre o Brasil e a Argentina, no Rio Uruguai. Durante a semana do 14 de março, dia internacional de luta contra as barragens, pelos rios, pela água e pela vida, atingidos e ameaçados do Rio Grande do Sul realizarão uma série de mobilizações com o objetivo de dialogar com a sociedade e repudiar a construção das hidrelétricas. 



O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), juntamente com o Sínodo Noroeste da Igreja de Confissão Luterana no Brasil e a Diocese de Santo Ângelo, já vem organizando diversos encontros formativos com as populações ribeirinhas. Além disso, o MAB busca mediar negociações entre as empresas e as famílias ameaçadas e pressionar os governos a cumprir o que está estabelecido na política estadual de direitos das populações atingidas, estabelecida pelo governo gaúcho no ano passado. 

De acordo com a militante do MAB, Cecilia Zarth, a população repudia a construção da obra devido aos inúmeros problemas sociais e ambientais que já foram causados em outras barragens na Bacia do Rio Uruguai e, principalmente, pelo caso da empresa Engevix. “A empresa faz parte do consórcio que está realizando os estudos das obras, sendo a mesma empresa que alguns anos atrás fraudou os Estudos e o Relatório de Impacto ambiental (EIA/RIMA) da barragem de Barra Grande, entre os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.”, denuncia. 

Vários são os problemas causados e não solucionados pela construção das barragens na bacia do Rio Uruguai. “Pela total falta de respeito com a população demonstrada pelas empresas, estamos mobilizados denunciando mais esta violação dos direitos humanos. Exigimos o imediato cancelamento dos trabalhos que estão sendo feitos pelas empresas”, afirma. 

O exemplo recente e negativo é a construção da barragem de Belo Monte, que tem sido foco de muitos conflitos, tensão e de seguidas paralisações. A UHE de Belo Monte, igualmente a Garabi e Panambi, é de responsabilidade do Governo Federal/Eletrobrás. Outra semelhança é que havia uma promessa de que lá tudo seria diferente das demais obras, que os aspectos social e ambiental teriam prioridade, mas novamente ficou só na promessa. “Não queremos deixar nossas propriedades para dar lugar a uma barragem”, afirma o agricultor Pedro Pessoa, ameaçado pela construção da barragem de Panambi, residente no município de Alecrim. “O método das reuniões que a empresa vem realizando nas comunidades não esclarece a população e quer convencer que essas barragens trarão desenvolvimento, boas indenizações e o progresso para região. O discurso utilizado é o mesmo das outras barragens que já foram construídas e que acabaram deixando muitas famílias sem terra e comunidades inteiras desestruturadas”, salienta. 


Fonte: Neudicléia de Oliveira

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