quarta-feira, 18 de março de 2015

Leite de Qualidade do Noroeste Gaúcho

por Pedro Büttenbender*



Vida saudável, agregando valor e alimentando a economia e o desenvolvimento


O leite é considerado um dos alimentos mais importantes da vida saudável do homem ao longo dos tempos. Sustenta a mais importante cadeia produtiva do Noroeste Gaúcho, reconhecidos os desafios e as tendências da sociedade.

A cadeia produtiva é um sistema formado pelo conjunto das atividades econômicas, congregando todas as etapas do complexo agroindustrial, integrando produção e seus insumos, indústria, comercialização, comercialização até o consumidor final. O leite é reconhecido em estudos nacionais e internacionais, dentre eles com projeto de pesquisa da Unijuí que é por nós coordenado, que irriga uma cadeia com elevada agregação de valor e grandes aportes ao desenvolvimento regional.

O Noroeste Gaúcho tem a sua história somente reconhecida na plenitude com a presença da cadeia produtiva do leite, combinado com as demais cadeias de alimentos, metalmecânica, móveis, confecções e outros. Todas geram uma saudável contribuição à diversificação e progresso da região. O vigor maior é aportado econômica, social e ambientalmente pela cadeia produtiva do leite, envolvendo desde a comercialização de insumos, máquinas e equipamentos à montante da produção (negócios antes da produção rural) e na industrialização, transporte, distribuição e comercialização da produção, a jusante (negócios após a produção rural).

As mudanças e inovações tecnológicas são desenvolvidas e incorporadas com protagonismo pela cadeia do leite, em todos os elos da cadeia produtiva, revelando indicadores de produção e produtividade equivalentes aos melhores do país. A produção está alicerçada num tecido numeroso de produtores, organizados na maioria em cooperativas, que estão combinados com várias indústrias de operações nacionais e internacionais, destacando CCGL, Br Foods/Carbery e DPA-Nestlê, indústrias de médio porte e uma grande número de indústrias de pequeno porte (onde se incluem as agroindústrias) que atendem a mercados estaduais com grandes impactos na economia dos municípios.

A Região Noroeste do RS, abrangendo 77 municípios vinculados ao território dos Coredes Celeiro, Fronteira Noroeste, Missões e Noroeste Colonial, responde por aproximadamente 60% da produção de leite do Estado. Abarca aproximadamente 40 mil famílias, com mais de 160 mil agricultores vinculados, considerando a média de 4 pessoas por unidade familiar. A produção de quase 4 milhões de litros por dia, atingindo um faturamento mensal de R$ 103 milhões. Este representa somente ao nível do produtor um faturamento de mais de R$ 1,3 bilhão.

Pesquisando a região Fronteira Noroeste, com abrangência de 20 Municípios, possui atualmente 11.508 produtores de leite, representando aproximadamente 40.000 pessoas diretamente envolvidas (média pessoas por unidade familiar). São produzidos e comercializados 1.062.744 litros de leite por dia, que ao preço médio de R$ 0,86 por litro, representa um faturamento mensal de R$ 27 milhões. Com maior produção diária na região estão os municípios de Santo Cristo com 160.000 lts, Três de Maio com 120.000 lts, Tuparendi com 85.000 lts, Cândido Godói com 81.000 lts e Santa Rosa com 75.000 lts. Estes dados combinados também com fonte na Emater/RS.

Em síntese, o leite se destaca: pela agregação de valor a economia local; incorporação de produtos e serviços de outras cadeias produtivas; absorção de grande quantidade de mão de obra, com geração de oportunidades de trabalho e renda; Remuneração de fatores de produção tecnologicamente inovadores nos diversos elos da cadeia (alimentação, genética e sanidade do rebanho, máquinas, processos, formação técnica das pessoas, etc); produção de leite com qualidade e indicadores confirmados pelos laboratórios públicos e privados; bons níveis de rastreabilidade da produção no conjunto da cadeia; elevado impacto no comércio e serviços da região; elevado aporte ao valor adicionado dos municípios e da região; elevadas taxas de reinvestimento na economia local-regional da renda gerada pela cadeia e a atração de novos investimentos; sustenta uma rede de programas e projetos de formação técnico-profissional; um dos mais rígidos sistemas do país em termos de fiscalização sanitária e de controle de qualidade de produto; redução abrupta da informalidade no sistema produtivo;

Quanto aos desafios futuros aponta-se para:

· Investir na qualificação da imagem e conceito do produto leite e derivados produzidos no Noroeste Gaúcho, com a valoração da certificação de origem e de marca ao produto produzido.

· Investimentos na qualificação da cadeia produtiva do leite e a sua competitividade em mercados nacionais e internacionais.

· Maior cooperação entre agentes produtivos (produtores e empresários), governos e órgãos de fomento e formação e sociedade, visando qualificação da cadeia produtiva do leite.

· Fomentar a organização cooperativa e associativa entre os operadores integrantes dos elos da cadeia produtiva, em especial, os produtores que são em maior número e diversos;

· Implantar mecanismos de contratualização entre os elos da cadeia de produção, em especial entre indústrias e produtores, indicando sistemas de rastreabilidade da produção.

· Aprimoramento da legislação e das práticas de comercialização, em especial, entre produtores e indústria, ampliando a segurança alimentar e as garantias econômicas entre os elos da cadeia.

Os cenários futuros da cadeia produtiva do leite no Noroeste Gaúcho resultam da combinação, por um lado, das tendências e desafios do sistema que envolve os elos desta cadeia produtiva e as cadeias demais presentes na região. Por outro, o panorama e as projeções sócio-econômicas para as próximas décadas. Isto requer práticas inovadoras nos processos de gestão do desenvolvimento territorial, contemplando o melhor alinhamento estratégico das lideranças e entidades, maior cooperação em torno de um programa de qualificação da competitividade da matriz produtiva, aumento nos investimentos públicos e privados referenciado em projetos sustentáveis, a agregação de valor e a promoção do desenvolvimento.

Outros estudos e documentos, solicite: pedrolb@unijui.edu.br


*Pedro Luís Büttenbender é Doutor em Administração, Mestre em Gestão e Especialista em Cooperativismo e Administrador. Professor Pesquisador da Unijuí,/Dacec. Presidente do Corede Fronteira Noroeste e Coordenador da Rede Internacional de Universidades - Cidir. pedrolb@unijui.edu.br


>> Texto publicado originalmente na edição impressa nº 49 da Revista Afinal.



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