quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Os Milagres do Caaró e os Santos Mártires das Missões.

por José Roberto de Oliveira*

As Missões começam a criar coragem de falar abertamente dos milagres que vêm ocorrendo no Santuário do Caaró. Gente de todo o País e países vizinhos têm vindo para agradecer as curas realizadas. Os turistas que visitam as Missões dizem “Aqui é um lugar que se sentem coisas”, há uma aura espiritual potente e que posiciona a região como um dos locais mais importantes de turismo místico e religioso do mundo.

A canonização dos Três Santos Missioneiros [Roque Gonzáles, Afonso Rodrigues e João de Castilho] se deve a cura de câncer da Senhora Maria Catarina Stein, moradora em São José do Inhacorá. O milagre foi reconhecido e no dia 16 de maio de 1988 o Papa João Paulo II canonizou-os, declarando-os Santos oficialmente. Os Santos são reconhecidos como do local onde são mortos e os nossos morreram na Região das Missões.

Nos últimos tempos se têm muitas informações de casos de curas. Na última vez que tivemos com a Globo News no Santuário do Caaró, após falar sobre as diversas ocorrências de milagres, um casal de Curitiba, que estava na Igreja disse que estavam ali agradecendo a cura de câncer na laringe do marido.

Na Romaria Mirim que ocorreu no dia 15 de agosto de 2013, mais um relato foi dado, neste caso de uma professora da região. O Pároco do Caaró se refere a muitos casos que são falados em termos de “confissão”, não podendo ser divulgados.

O certo é que a “Água milagrosa do Caaró” e as energias que a acompanham estão fazendo seus efeitos para as pessoas que ali buscam seus alívios.

Uma pergunta não quer calar: Se temos informações, por que não olhamos com entusiasmo e reconhecimento a presença dos Três Santos e os fatos que ali vêm ocorrendo?

A primeira hipótese que vem, é que a História das Missões não foi assumida pelos moradores da Região. Desconhece-se a importância das Missões para o mundo:

Voltaire chamou de ”Triunfo da Humanidade”. Montesquieu de ”Primeiro Estado Industrial da América”. O Padre Lugon, afirma que foi a mais original das sociedades realizadas. Paul Lafargue, em conjunto com Bernstein, Kautski, Plechanov explica que o projeto constituiu um das experiências mais extraordinárias, que jamais tiveram lugar. Charlevoix e Muratori reconheceram-na como um modelo sem precedentes de sociedade cristã. A revista Lês Lettres Edificantes et Curieuses, dirigida pelos jesuítas, comparava os guaranis aos primeiros cristãos e descrevia suas comunidades como a “realização ideal do cristianismo”. O Abade Carbonel chamou de ”coletivismo espontâneo”. Pablo Hernandez na Organización Social de lãs Doctrinas Guaranies, escreve que o maravilhoso surge a cada passo. O filósofo Rayal escreveu: Aí se observavam as leis, reinava uma civilidade exata, os costumes eram puros, uma fraternidade feliz unia os corações, todas as artes de necessidade estavam aperfeiçoadas. A abundância era ai universal.

Uma segunda hipótese sobre o não reconhecimento é de que os Jesuítas não nasceram aqui e como tal não são nossos. Para isto a obviedade de que foram os primeiros a chegar: Roque Gonzales de Santa Cruz nasceu na cidade de Assunção no ano de 1576. Seu pai, Bartolomeu Gonzales de Valverde, e sua mãe, Maria de Santa Cruz. Afonso Rodrigues nasceu aos 10 de março de 1598, em Zamora, Espanha. João de Castilho nasceu em Belmonte na Espanha em 14 de setembro de 1595.

Não custa lembrar que qualquer lugar do mundo renderia homenagens imensas aos seus Santos. Nós Missioneiros e Povo Gaúcho temos três Santos reconhecidos e canonizados, todavia, ainda são poucos os que buscam divulgar, orar e valorizá-los. Quem sabe se com a aprovação de Roma do processo que está em andamento sobre a Basílica dos Santos Mártires passemos a crer e prestar mais atenção nos milagres que estão ocorrendo a nossa volta. E para aqueles que só pensam em ganhar dinheiro, o tema está precisando de bons empreendedores.


* José Roberto de Oliveira é pesquisador sobre o tema das Missões e o processo de desenvolvimento regional.


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