domingo, 6 de outubro de 2013

Cláudio Joner solta a voz

Saiu no SEGUNDO CADERNO, da ZH, neste dia 05/10/13, texto assinado pelo Juarez Fonseca.

Cláudio Joner solta a voz



Às vezes um músico leva tempo para descobrir uma aptidão que julgava não ter. É o caso de Cláudio Joner, que durante anos foi compositor e baixista da banda de rock Estado das Coisas (com a qual gravou quatro discos) e que em 2008 lançou um CD solo mas chamando outro para cantar suas composições. Agora, finalmente, ele resolveu mostrar a voz no álbum Desordem – e acertou em cheio. Não apenas é um dos melhores trabalhos produzidos no RS este ano, como mostra que ele deveria ter cantado sempre, pois suas canções crescem com a própria voz, de timbre semelhante ao de Duca Leindecker. Inserido em uma capa em formato de livro, cada página funcionando como obra de arte (na frente uma escultura de Elida Tessler), Desordem também amplia os horizontes de Joner ao estabelecer parcerias e fazer do pop-rock apenas parte do processo criativo.

Lápis, que abre o disco, é um pop-folk de clima meio beatle, com letra do conhecido psicanalista Edson Luiz de Souza. Em seguida vem uma valsa pop moldada por acordeom e uma letra de outro parceiro, Larry Wizniewsky: "O céu que nos protege, não é céu. É um oco, um beco escuro, é um breu. Herança de alguém que nem nasceu. A vida pelo avesso que num sonho se perdeu". As letras seguem mais ou menos nesse teor, envolvidas por melodias de efeito instantâneo, como na bossa-jazz Mesmo, nos sambas Adeus às Instruções e Atravessei o Meu Samba, no rock explícito O Corte. Os arranjos são exatos para sublinhar o resultado vigoroso do trabalho que conta com músicos à altura, entre eles Marcelo Perez (teclados, sax, flauta), Léo Chitolina (violão, guitarra), Sandro Cartier (bateria), Bruno Esperon (violino) e Adriano Justen (acordeão). Joner é também psicólogo e coordenador do Musicanto na cidade de Santa Rosa.

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