O cultivo da mente
Contou-me um amigo, que anos atrás,
num debate entre candidatos a prefeito de uma determinada cidade, o mediador
colocou em pauta o tema Cultura. E, sem surpresa nenhuma, um dos candidatos
alardeou: sou a favor da cultura, devemos apoiar a cultura, gosto muito de
cultura, tanto que apoio a apicultura, a suinocultura, a sojicultura, entre
outras ‘culturas’... Seria risível se não fosse trágico. Pois, passados muitos
anos adelante e tenho a impressão que
não mudou muita coisa em relação às ‘culturas’ apregoadas pelo candidato citado
acima.
Mas vamos insistir! Não custa nada!
Vamos colocar em pauta nas discussões com os candidatáveis o tema ‘cultura’.
Saber deles qual o grau de importância? Qual o seu conceito de Cultura? Se
pretendem ampliar os recursos para o setor? Afinal, qual o seu projeto para a
cultura?
Antes, porém, é preciso que se
esclareça que a cultura não pode ser confundida com eventos isolados, que se
bastem em si mesma. Muito menos pode ser reduzida a mero entretenimento ou
restrita às Belas Artes ou à “alta cultura”, erudita e hermética. Cultura é um
pouco disso tudo, mas também as referências históricas, costumes, condutas,
desejos e reflexões. Antes de tudo, Cultura é “o cultivo da mente”. Ou, nas
palavras de Bertolt Brecht, “(...) é pensar, é descobrir“.
Precisamos romper com esta
realidade, difundindo uma cultura que seja instrumento de crítica e
conhecimento, é o caminho para a ampliação da cidadania. Vista deste modo, a
cultura deixa de ser um bem secundário em um país de tantas carências e passa a
ser um bem social, assim como as áreas de saúde e educação. Por estes motivos
uma gestão pública de Cultura deve ser entendida como prioritária e social,
como alavanca de transformações. [Célio
Turino in Revista Princípios].
Gerson Rodrigues / editor
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