sexta-feira, 3 de agosto de 2012

EDITORIAL_Afinal #36


O cultivo da mente

Contou-me um amigo, que anos atrás, num debate entre candidatos a prefeito de uma determinada cidade, o mediador colocou em pauta o tema Cultura. E, sem surpresa nenhuma, um dos candidatos alardeou: sou a favor da cultura, devemos apoiar a cultura, gosto muito de cultura, tanto que apoio a apicultura, a suinocultura, a sojicultura, entre outras ‘culturas’... Seria risível se não fosse trágico. Pois, passados muitos anos adelante e tenho a impressão que não mudou muita coisa em relação às ‘culturas’ apregoadas pelo candidato citado acima.

Mas vamos insistir! Não custa nada! Vamos colocar em pauta nas discussões com os candidatáveis o tema ‘cultura’. Saber deles qual o grau de importância? Qual o seu conceito de Cultura? Se pretendem ampliar os recursos para o setor? Afinal, qual o seu projeto para a cultura?

Antes, porém, é preciso que se esclareça que a cultura não pode ser confundida com eventos isolados, que se bastem em si mesma. Muito menos pode ser reduzida a mero entretenimento ou restrita às Belas Artes ou à “alta cultura”, erudita e hermética. Cultura é um pouco disso tudo, mas também as referências históricas, costumes, condutas, desejos e reflexões. Antes de tudo, Cultura é “o cultivo da mente”. Ou, nas palavras de Bertolt Brecht, “(...) é pensar, é descobrir“.

Precisamos romper com esta realidade, difundindo uma cultura que seja instrumento de crítica e conhecimento, é o caminho para a ampliação da cidadania. Vista deste modo, a cultura deixa de ser um bem secundário em um país de tantas carências e passa a ser um bem social, assim como as áreas de saúde e educação. Por estes motivos uma gestão pública de Cultura deve ser entendida como prioritária e social, como alavanca de transformações. [Célio Turino in Revista Princípios].

Gerson Rodrigues / editor

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