terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Piratas, pipocas e ditadores


Recentemente li uma charge publicada num jornal, onde um sujeito olhando televisão, dizia que após ouvir as notícias ficou deprimido. Em outra publicação, havia a citação e um pensador, que disse que o bom do passado é que ele já passou.

Entre o humor e os pensamentos lúdicos, acabo por discordar de ambos. Não pelo fato de simplesmente discordar, mas por crer que as evidências do mundo civilizado demonstram que estamos sempre com um pé na caverna e uma mão no tacape.

Pessoalmente me deprimo mais com estratégia não inteligente do meu time em querer ganhar tudo e ficar sem nada, o que não vem ao caso. O caso é que o passado está mais vivo que nunca. Se passou no tempo verbal, não passou no tempo presente. Seja na volta dos Beatles, seja o retorno de algum político que se imaginava estar desintegrado.

No entanto, o motivo mesmo para a reflexão é a pipoca, o silêncio e algumas pedradas nos ditadores de antanho, que continuam seu reinado e que, por ora assumem a bola da vez. Serem o bode expiatório, para livrar o primeiro ministro taradão das garras da imprensa, vai saber.

Se o passado já passou, o que dizer dos ataques dos piratas somalis, que sequestram embarcações, petroleiros, iates, caíques, canoas e pranchas de surfe que cruzam pela frente? Isso remonta ao Capitão Gancho, do saudoso Peter Pan. Passado? Passado. Presente!

Na outra ponta do convés, toda a vez que fui ao cinema no Centro Cívico, ficava indignado com aqueles que comiam pipoca, pelo barulho e também pelo cheiro insuportável de margarina derretida. Daí era comprar uma pipoca também, ou relaxar e pensar que tudo faz parte.

Mas nem todos são pacíficos como eu. Num desses noticiários deprimentes, consta que o cidadão estava assistindo seu filminho, numa boa, e outro cidadão ao lado fazia o maior barulho comendo pipoca. O índio que não é de levar cheiro de pipoca para casa, levantou-se de sua cadeira, sacou seu 38 e disse que não era para o sujeito fazer tanto barulho e pimba. Matou o sujeito em prol da tranqüilidade de se curtir a sétima arte.

É trágico, deprimente e ao mesmo tempo é uma síntese do ser humano em tempos de faça o que eu digo e não diga o que eu faço. O que de tão absurdamente violento gera uma sensação de humor, como nos filmes do Tarantino.

E voltando aos piratas somalis, estes, por supuesto, pertencem a Somália, que teve seu ditador deposto e que agora se encontra sem governo, atirado nas garras do Capitão Gancho, que sem o Peter Pan, que foi obrigado a crescer, esperam a ajuda do Johnny Depp, enquanto recebem o açoite, deveras que mudou o algoz, porém, a surra continua a mesma. 




* Sávio Hermes é advogado.
   email: jshermes@gmail.com 

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