POEMA DE ÁLVARO ALVES DE FARIA
POEMA 27
O poema diz o que não sabe
e se transforma no que não é
e nunca será.
O poema esquece e se fere
nas palavras antigas
de um dicionário morto.
O poema exclama na voz do poeta
versos que não cabem numa estrofe,
canta o canto que não existe mais,
distante de seu tempo.
O poema morre no poema,
morta poesia
na paisagem do nada,
onde se guarda a memória,
o que sempre deixa de ser.
O poema não é,
por mais que queira ser,
não é,
apenas pensa existir
no espaço exíguo
da palavra.
O poema não interfere,
o poema cala,
o poema não sente,
o poema que se finge,
o poemorto,
o poemente.
(De “Babel”, 2007.)
http://www.blogstraquis.blog-se.com.br/blog/conteudo/home.asp?idblog=11383
Nenhum comentário:
Postar um comentário