domingo, 6 de janeiro de 2013

[Região Noroeste] Educação e Desenvolvimento na visão de Pedro Büttenbender


Educação & Desenvolvimento

As próximas duas décadas deverão ser de maiores mudanças e transformações na região do que um século de colonização



O Professor Pedro Luís Büttenbender, Pró-reitor da UNIJUÍ Campus Santa Rosa e presidente do Corede Fronteira Noroeste, conversou com o editor da revista e analisou detidamente, questões como educação, desenvolvimento regional e, no final, simula uma projeção futurística de como será a região em 2032. 

Acompanhe! 


Perfil 


Pedro Luís Büttenbender, filho de Aloisio e Ancila Büttenbender, 45 anos, nascido em Santo Cristo, casado com Dóris Clarita Nonnemacher Büttenbender (30.12.1989).

Dois Filhos: Bruno, com 20 anos, cursando Administração na Unijuí e atualmente em intercâmbio na Universidade de Adelaide, Austrália; e Matheus, com 17 anos, concluindo o Ensino Médio no Colégio Dom Bosco.

Professor do UNIJUÍ, no DACEC, e Pró-reitor da UNIJUI Campus Santa Rosa. Pela Unijuí, presidente do Corede Fronteira Noroeste.



Trajetória na educação

Filho de pequenos agricultores iniciou em 1974 a 1ª série na Escola Imaculada

Conceição de Santo Cristo/RS. O Ensino Médio cursou no Colégio Concórdia em Santa

Rosa, de 1982 a 1984. A formação Superior iniciou na Fidene/Unijuí, 1985, onde

se formou em Tecnólogo em Cooperativismo e Bacharel em Administração. Pós-

Graduado em Cooperativismo (Unisinos, 1992) e em Administração Estratégica (Unijuí,

1995). Mestre em Gestão Empresarial (FGV/RJ, 2001) e atualmente Doutorando em

Administração pela UNaM - Universidad Nacional de Misiones, Misiones, Argentina.

Atuação por mais de 10 anos em Cooperativas da região. Atua como docente

Universitário desde 1990. Na Unijuí desde o dia 20.02.1996, e professor convidado

em outras Universidades, em programas de pós-graduação, tanto no Brasil como no

exterior.



Ambiente de mudanças
A vida toda é uma permanente evolução. Cada vez mais aceleradas e intensas, as inovações e as transformações da sociedade são motivadas por nós próprios. Assim como na natureza pouco se cria e quase tudo se transforma, também nós evoluímos na forma de enxergar e interpretar a realidade que nos rodeia. Esta realidade que também é viva e evolui. Somos, portanto, frutos e protagonistas da atualidade, da nossa história e assim seremos de nosso futuro.
A sociedade, pelas suas diferentes relações sociais, econômicas, tecnológicas, culturais ambientais .... e de crenças, nos ambientes de competição e de cooperação, nos chama à responsabilidades adicionais nesta trajetória e evolução da educação, das diversas ciências, da região e do mundo. Lutamos contra as desigualdades, e que muito afetam a vida. Como atores sociais, pelo planejamento e a gestão, requer papéis e funções distintas, desde o estratégico ao operacional.
Cada um se posiciona frente ao meio que vive, a partir das condições dadas, e da sua própria iniciativa, capacidade e competência, seja individual ou coletiva, para enfrentar os desafios presente e futuro, e influenciar os ambientes onde vive.

Universidade é diferente
Diferente do que uma faculdade isolada, que só atua no ensino, a Universidade é um espaço para todas as concepções de sociedade. A universalidade dos saberes e a necessária atuação no ensino, na pesquisa e na extensão, nos níveis da graduação e da pós-graduação, sustenta a formação de profissionais com competências tecnológicas, sociais e humanas e visão crítica de sociedade.

Educação e Desenvolvimento Regional
Em três dimensões. Na primeira, a educação que é referência e protagonista da evolução da sociedade, e é espaço para a autonomia, democracia e liberdade da sociedade, evoluiu muito nos últimos anos. A transformação é tão grande e veloz que a educação é continuada e estão desafiados a aprender em todos os ciclos e estágios da vida.

Sepultou-se o tempo em que eram separados os períodos de estudo e os períodos de trabalho e produção. Temos que aprender em todas as coisas que fazemos e vivemos.

Os professores, na condição de profetas em suas áreas de saber, são requeridos a novas competências e que também se renovam constantemente. Associado, estão a modernização das ofertas (infra-estrutura, laboratórios e tecnologias), articuladas com as propostas político-pedagógicas de ensino em todos os níveis.

A segunda, a dimensão do desenvolvimento. Tema e palavra fácil e o seu uso está na moda. Todo mundo usa. Se desenvolver é a capacidade de abrir e tirar de dentro, requer novas competências educacionais, tecnológicas, econômicas, sociais e ambientais.
Estamos regionalmente muito mais preparados para as condições requeridas no passado
e atuais, do que as exigências políticas, profissionais, tecnológicas e de governança que ainda estão por vir. Muitos esforços e iniciativas importantes e qualificadas estão sendo empreendidas tanto nos estudos sobre o tema do desenvolvimento, e seus apêndices, como desenvolvimento integrado, regional, territorial, sustentável, etc, quanto também em políticas públicas, programas governamentais, iniciativas cooperativas e empresariais e sociais.

Daqui a 20 anos: Muitos dos fundamentos e conceitos atuais de ‘educação’ e de
‘desenvolvimento’ estarão de bengala, sepultados ou cremados. Ao leitor, nos permita um pouco de futurismo.

Viveremos nas próximas duas décadas maiores mudanças e transformações na região do que as conhecidas desde este um século de colonização na região.

Os jovens de hoje, chamados de gerações Y e Z nos oportunizarão muitas surpresas positivas. Muitas delas, porém estarão associadas às capacidades e escolhas que os cidadãos de hoje e seus líderes serão capazes de empreender no curto prazo. Os desafios e riscos são grandes. Porém, os excessivos atrelamentos a experiências, costumes e hábitos do passado, nos apresentam maiores riscos, do que a capacidade criativa e de inovação destas novas gerações. No futuro breve, com a responsabilidade muito grande das decisões e escolhas dos líderes atuais, teremos melhores condições de reconhecer que a região noroeste do RS é uma melhores regiões do país e do mundo para investir, para trabalhar, para estudar, para viver e ser feliz.

Cadeias produtivas
Estamos em pleno processo de empreender em novas atividades produtivas que se agregam as anteriores. Não substituem outros. Na cadeia de alimentos, o leite é referência importante pelo crescimento do volume, produtividade e qualidade, bem como, a ampliação da sua capacidade de industrialização. Exemplo são os investimentos adicionais da BRF na fábrica de Três de Maio. Os suínos, também crescente a produção e sua industrialização, assim como na bovinocultura. Agregam-se vários empreendimentos agroindustriais de pequeno e médio porte, que necessitam de apoio, capacitação e redes de cooperação. Nas demais cadeias, a metal-mecânica está com investimentos grandes que fortalecem as máquinas agrícolas, mas também na diversificação, com ingresso na cadeia de suprimento da indústria automotiva, transportes, energias, etc. O que é importante, a produção de produtos finais pelas empresas, com tecnologias próprias. Na cadeia de móveis, além da expansão, está acumulando novas competências tecnológicas, acessando inclusive mercados internacionais. A cadeia de confecções está crescendo, com produtos próprios, com comercialização em mercados nacionais e internacionais, e sendo fornecedora de várias outras cadeias de suprimentos.
Duas outras cadeias emergentes se expressam na região. A da tecnologia da informação, que carece de programas de fomento e estímulo, podendo transformar o noroeste gaúcho em um polo da tecnologia da informação. Várias experiências positivas de empresas na área. Politicamente muito de se fala, pouco se conhece sobre a área e quase inexistem projetos e ações de apoio. O turismo, a partir de novos investimentos em estrutura turística, fomento e profissionalização de recursos humanos. Serviços de transporte e logística complementam as demais cadeias.
Portanto, neste ambiente efervescente e empreendedor avançamos para a estruturação de grupos de integração produtiva, em diferentes cadeias, com o princípio da cooperação e da ação conjunta dos empresários, governos, universidades, e demais agentes, poderemos galgar para novos níveis de geração de trabalho e renda, com competência para melhor competir em mercados nacionais e internacionais. Agregam-se os temas da produção de energias (barragens) e a qualificação da infraestrutura logística (rodoviária, estradas e pontes, aeroviária, ferroviária e fluvial).

[Futurismo] Projeção de como será no ano 2032?
Primeiro relendo esta matéria na Revista Afinal, e constando que algumas afirmações em 2012, e muitas outras aqui não escritas, consideradas por muitos como malucas, estarão se confirmando. É muito bom fazer uma viagem no tempo, construindo uma realidade futura imaginária, mas que não é de ficção. Portanto, estamos no ano 2.032.
Segundo, vejo com muita esperança e muitas coisas boas, com pessoas entrando para a história pela sua audácia, espírito empreendedor e comprometimento com o desenvolvimento e a vida. Também com muitas pessoas novas fazendo história, assumindo funções de liderança, coordenando projetos e ações. Por isto, elenco alguns itens difíceis de explicar só com palavras escritas:
• Pessoas consumindo alimentos saudáveis, produzindo poucos resíduos, se comparado ao lixo de 20 anos atrás (2012), com seletiva, reciclagem e tratamento de 100% dos resíduos sanitários.
• Crianças, jovens, adultos e idosos, com mais de 120 anos, expressando a sua espiritualidade e fé com liberdade, em comunas e instituições fortalecidas e múltiplas.
• As pessoas participando da gestão pública, com definição de prioridades e acompanhando com transparência a gestão dos recursos de interesse comum.
• Maioria das residências com funcionamento e operação com equipamentos inteligentes, com energia híbrida e reserva de águas da chuva, acessadas com rodovias pavimentadas ou construídas a beira das rodovias.
• As pessoas e os animais consumindo água com tratamentos específicos, motivada pela escassez de água potável e contaminação dos lençóis freáticos e os mananciais de água.
• Acessibilidade tecnológica e de mobilidade, desde o local ao internacional, com muitos projetos e empreendimentos novos. Se comparado a 20 anos atrás, com ruas sem degraus, buracos até pontes e aeroporto internacional).
• Classe alta e média emigrando dos centros populacionais para regiões afastadas geograficamente, como por exemplo, o noroeste gaúcho ou a missioneira
trinacional.
• As pessoas aprendendo em diferentes espaços e línguas, com educação pública e professores com atendimento coletivo e individual, à distância, via canais eletrônicos de comunicação. Muitas dos educandários de hoje, transformados em centros de convivência e de negócios múltiplos.
• A mobilidade das pessoas feita em cápsulas autopropelidas e flutuantes e os veículos motorizados como equipamentos do passado (museus). Será mais carro pagar pelo destino de um carro velho do comprar ou assumir um veículo no conceito atual.
• O transporte coletivo reconhecido como melhor, mais ágil e sustentável. Espaço de convivência, de interação e diálogo físico com os outros.
• Praças abertas, equilibradas com a natureza, com a presença de serviços profissionais, varejo e outras convivências.
• Uma dezenas de espaços de convivência e interação com a natureza, alguns públicos e outros privados, no interior e na beira de rios e lagos, com a presença de pessoas de diversos continentes.

[Da redação: na edição_38 da Revista Afinal, distribuída no mês de dezembro de 2012, publicamos duas páginas com a síntese do texto acima.]

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