Educação & Desenvolvimento
As próximas duas décadas deverão ser de
maiores mudanças e transformações na região do que um século de colonização
O Professor Pedro Luís Büttenbender, Pró-reitor da UNIJUÍ Campus Santa Rosa e presidente do Corede Fronteira Noroeste, conversou com o editor da revista e analisou detidamente, questões como educação, desenvolvimento regional e, no final, simula uma projeção futurística de como será a região em 2032.
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Perfil
Pedro Luís Büttenbender, filho de Aloisio e Ancila Büttenbender, 45 anos, nascido em Santo Cristo, casado com Dóris Clarita Nonnemacher Büttenbender (30.12.1989).
Dois Filhos: Bruno, com 20 anos, cursando Administração na Unijuí e atualmente em intercâmbio na Universidade de Adelaide, Austrália; e Matheus, com 17 anos, concluindo o Ensino Médio no Colégio Dom Bosco.
Professor do UNIJUÍ, no DACEC, e Pró-reitor da UNIJUI Campus Santa Rosa. Pela Unijuí, presidente do Corede Fronteira Noroeste.
Trajetória na educação
Filho de pequenos agricultores iniciou em 1974 a 1ª série na Escola Imaculada
Conceição de Santo Cristo/RS. O Ensino Médio cursou no Colégio Concórdia em Santa
Rosa, de 1982 a 1984. A formação Superior iniciou na Fidene/Unijuí, 1985, onde
se formou em Tecnólogo em Cooperativismo e Bacharel em Administração. Pós-
Graduado em Cooperativismo (Unisinos, 1992) e em Administração Estratégica (Unijuí,
1995). Mestre em Gestão Empresarial (FGV/RJ, 2001) e atualmente Doutorando em
Administração pela UNaM - Universidad Nacional de Misiones, Misiones, Argentina.
Atuação por mais de 10 anos em Cooperativas da região. Atua como docente
Universitário desde 1990. Na Unijuí desde o dia 20.02.1996, e professor convidado
em outras Universidades, em programas de pós-graduação, tanto no Brasil como no
exterior.
Ambiente de mudanças
A vida toda é uma permanente evolução. Cada vez mais
aceleradas e intensas, as inovações e as transformações da sociedade são
motivadas por nós próprios. Assim como na natureza pouco se cria e quase tudo
se transforma, também nós evoluímos na forma de enxergar e interpretar a realidade
que nos rodeia. Esta realidade que também é viva e evolui. Somos, portanto,
frutos e protagonistas da atualidade, da nossa história e assim seremos de
nosso futuro.
A sociedade, pelas suas diferentes relações sociais,
econômicas, tecnológicas, culturais ambientais .... e de crenças, nos ambientes
de competição e de cooperação, nos chama à responsabilidades adicionais nesta
trajetória e evolução da educação, das diversas ciências, da região e do mundo.
Lutamos contra as desigualdades, e que muito afetam a vida. Como atores
sociais, pelo planejamento e a gestão, requer papéis e funções distintas, desde
o estratégico ao operacional.
Cada um se posiciona frente ao meio que vive, a partir das
condições dadas, e da sua própria iniciativa, capacidade e competência, seja
individual ou coletiva, para enfrentar os desafios presente e futuro, e
influenciar os ambientes onde vive.
Universidade é
diferente
Diferente do que uma faculdade isolada, que só atua no
ensino, a Universidade é um espaço para todas as concepções de sociedade. A
universalidade dos saberes e a necessária atuação no ensino, na pesquisa e na
extensão, nos níveis da graduação e da pós-graduação, sustenta a formação de
profissionais com competências tecnológicas, sociais e humanas e visão crítica de
sociedade.
Educação e
Desenvolvimento Regional
Em três dimensões. Na primeira, a educação que é referência e protagonista da evolução da sociedade,
e é espaço para a autonomia, democracia e liberdade da sociedade, evoluiu muito
nos últimos anos. A transformação é tão grande e veloz que a educação é
continuada e estão desafiados a aprender em todos os ciclos e estágios da vida.
Sepultou-se o tempo em que eram
separados os períodos de estudo e os períodos de trabalho e produção. Temos que
aprender em todas as coisas que fazemos e vivemos.
Os professores, na condição de profetas em suas áreas de
saber, são requeridos a novas competências e que também se renovam
constantemente. Associado, estão a modernização das ofertas (infra-estrutura,
laboratórios e tecnologias), articuladas com as propostas político-pedagógicas
de ensino em todos os níveis.
A segunda, a dimensão
do desenvolvimento. Tema e palavra fácil e o seu uso está na moda. Todo
mundo usa. Se desenvolver é a capacidade de abrir e tirar de dentro, requer novas
competências educacionais, tecnológicas, econômicas, sociais e ambientais.
Estamos regionalmente muito mais preparados para as
condições requeridas no passado
e atuais, do que as exigências políticas, profissionais,
tecnológicas e de governança que ainda estão por vir. Muitos esforços e
iniciativas importantes e qualificadas estão sendo empreendidas tanto nos
estudos sobre o tema do desenvolvimento, e seus apêndices, como desenvolvimento
integrado, regional, territorial, sustentável, etc, quanto também em políticas
públicas, programas governamentais, iniciativas cooperativas e empresariais e
sociais.
Daqui a 20 anos:
Muitos dos fundamentos e conceitos atuais de ‘educação’ e de
‘desenvolvimento’ estarão de bengala, sepultados ou
cremados. Ao leitor, nos permita um pouco de futurismo.
Viveremos nas próximas duas décadas
maiores mudanças e transformações na região do que as conhecidas desde este um
século de colonização na região.
Os jovens de hoje, chamados de gerações Y e Z nos
oportunizarão muitas surpresas positivas. Muitas delas, porém estarão
associadas às capacidades e escolhas que os cidadãos de hoje e seus líderes
serão capazes de empreender no curto prazo. Os desafios e riscos são grandes.
Porém, os excessivos atrelamentos a experiências, costumes e hábitos do
passado, nos apresentam maiores riscos, do que a capacidade criativa e de inovação
destas novas gerações. No futuro breve, com a responsabilidade muito grande das
decisões e escolhas dos líderes atuais, teremos melhores condições de
reconhecer que a região noroeste do RS é uma melhores regiões do país e do
mundo para investir, para trabalhar, para estudar, para viver e ser feliz.
Cadeias produtivas
Estamos em pleno processo de empreender em novas atividades
produtivas que se agregam as anteriores. Não substituem outros. Na cadeia de
alimentos, o leite é referência
importante pelo crescimento do volume, produtividade e qualidade, bem como, a
ampliação da sua capacidade de industrialização. Exemplo são os investimentos
adicionais da BRF na fábrica de Três de Maio. Os suínos, também crescente a produção e sua industrialização, assim
como na bovinocultura. Agregam-se vários empreendimentos agroindustriais de
pequeno e médio porte, que necessitam de apoio, capacitação e redes de
cooperação. Nas demais cadeias, a metal-mecânica
está com investimentos grandes que fortalecem as máquinas agrícolas, mas também
na diversificação, com ingresso na cadeia de suprimento da indústria
automotiva, transportes, energias, etc. O que é importante, a produção de
produtos finais pelas empresas, com tecnologias próprias. Na cadeia de móveis, além da expansão,
está acumulando novas competências tecnológicas, acessando inclusive mercados
internacionais. A cadeia de confecções
está crescendo, com produtos próprios, com comercialização em mercados
nacionais e internacionais, e sendo fornecedora de várias outras cadeias de
suprimentos.
Duas outras cadeias emergentes se expressam na região. A da tecnologia da informação, que carece de
programas de fomento e estímulo, podendo transformar o noroeste gaúcho em um
polo da tecnologia da informação. Várias experiências positivas de empresas na
área. Politicamente muito de se fala, pouco se conhece sobre a área e quase
inexistem projetos e ações de apoio. O turismo,
a partir de novos investimentos em estrutura turística, fomento e
profissionalização de recursos humanos. Serviços de transporte e logística complementam
as demais cadeias.
Portanto, neste ambiente efervescente e empreendedor
avançamos para a estruturação de grupos de integração produtiva, em diferentes
cadeias, com o princípio da cooperação e da ação conjunta dos empresários,
governos, universidades, e demais agentes, poderemos galgar para novos níveis
de geração de trabalho e renda, com competência para melhor competir em
mercados nacionais e internacionais. Agregam-se os temas da produção de
energias (barragens) e a qualificação da infraestrutura logística (rodoviária, estradas
e pontes, aeroviária, ferroviária e fluvial).
[Futurismo] Projeção de como será no ano 2032?
Primeiro relendo esta matéria na Revista Afinal, e constando
que algumas afirmações em 2012, e muitas outras aqui não escritas, consideradas
por muitos como malucas, estarão se confirmando. É muito bom fazer uma viagem
no tempo, construindo uma realidade futura imaginária, mas que não é de ficção.
Portanto, estamos no ano 2.032.
Segundo, vejo com muita esperança e muitas coisas boas, com
pessoas entrando para a história pela sua audácia, espírito empreendedor e
comprometimento com o desenvolvimento e a vida. Também com muitas pessoas novas
fazendo história, assumindo funções de liderança, coordenando projetos e ações.
Por isto, elenco alguns itens difíceis de explicar só com palavras escritas:
• Pessoas consumindo alimentos saudáveis, produzindo poucos
resíduos, se comparado ao lixo de 20 anos atrás (2012), com seletiva,
reciclagem e tratamento de 100% dos resíduos sanitários.
• Crianças, jovens, adultos e idosos, com mais de 120 anos,
expressando a sua espiritualidade e fé com liberdade, em comunas e instituições
fortalecidas e múltiplas.
• As pessoas participando da gestão pública, com definição
de prioridades e acompanhando com transparência a gestão dos recursos de
interesse comum.
• Maioria das residências com funcionamento e operação com
equipamentos inteligentes, com energia híbrida e reserva de águas da chuva,
acessadas com rodovias pavimentadas ou construídas a beira das rodovias.
• As pessoas e os animais consumindo água com tratamentos
específicos, motivada pela escassez de água potável e contaminação dos lençóis
freáticos e os mananciais de água.
• Acessibilidade tecnológica e de mobilidade, desde o local
ao internacional, com muitos projetos e empreendimentos novos. Se comparado a
20 anos atrás, com ruas sem degraus, buracos até pontes e aeroporto
internacional).
• Classe alta e média emigrando dos centros populacionais
para regiões afastadas geograficamente, como por exemplo, o noroeste gaúcho ou
a missioneira
trinacional.
• As pessoas aprendendo em diferentes espaços e línguas, com
educação pública e professores com atendimento coletivo e individual, à
distância, via canais eletrônicos de comunicação. Muitas dos educandários de
hoje, transformados em centros de convivência e de negócios múltiplos.
• A mobilidade das pessoas feita em cápsulas autopropelidas
e flutuantes e os veículos motorizados como equipamentos do passado (museus).
Será mais carro pagar pelo destino de um carro velho do comprar ou assumir um
veículo no conceito atual.
• O transporte coletivo reconhecido como melhor, mais ágil e
sustentável. Espaço de convivência, de interação e diálogo físico com os
outros.
• Praças abertas, equilibradas com a natureza, com a
presença de serviços profissionais, varejo e outras convivências.
• Uma dezenas de espaços de convivência e interação com a
natureza, alguns públicos e outros privados, no interior e na beira de rios e
lagos, com a presença de pessoas de diversos continentes.
[Da redação: na edição_38 da Revista Afinal, distribuída no mês de dezembro de 2012, publicamos duas páginas com a síntese do texto acima.]
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