CRESCE TOLERÂNCIA À TORTURA POLICIAL ENTRE OS BRASILEIROS
Quanto mais jovem o entrevistado, maior a tendência a aceitar práticas de tortura, segundo estudo
Quase metade (47,5%) dos brasileiros concorda total ou parcialmente ou discorda em parte com o uso de tortura para obtenção de provas que contribuam aos tribunais, de acordo com pesquisa divulgada pelo Núcleo de Estudos da Violência, da Universidade de São Paulo (NEV-USP). Em amostragem de 1999, os brasileiros que discordavam totalmente representavam 71,2%. Já em 2010, o índice de discordância caiu para 52,5%.
Segundo o núcleo, responsável pelo estudo, o objetivo foi examinar as relações "entre ser vítima de violência (quer por testemunhar, quer por ser vítima direta) e atitudes, normas e valores em relação à violência e aos direitos humanos e às instituições encarregadas de garantir a segurança dos cidadãos".
Aproximadamente um terço dos entrevistados acham que a polícia deveria usar de algum tipo de ação que pode ser tipificada como tortura: 32,1% para o caso de roubos) e 32,3% quando se constata uso de drogas. No caso de suspeitos de estupro, esse porcentual sobe para cerca de 40%. Quanto mais jovem o entrevistado, maior a tendência a aceitar práticas de tortura, segundo a pesquisa.
"O que os dados mostram é que há muito mais ambivalência a respeito do uso da tortura do que muitas respostas parecem indicar. O certo é que a tortura, nestes casos específicos, nada tem de dilemática. Ou seja, não se estaria buscando informações para impedir que um grave delito com perdas de vida venha a ocorrer, como por exemplo evitar que uma bomba exploda ou que um ato de terrorismo seja praticado. A situação que mais se aproximaria destas seria aquela que envolvesse alguém suspeito de participar de uma gangue de sequestradores", diz texto do NEV-USP.
A “Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar sobre Atitudes, Normas Culturais e Valores em Relação à Violação de Direitos Humanos e Violência" ouviu 4.025 pessoas com 16 anos ou mais em 11 capitais brasileiras durante o ano de 2010. O período da coleta de dados não foi divulgado. As entrevistas foram realizadas em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Belém, Manaus, Porto Velho, Goiânia e Fortaleza.
Publicado originalmente no site Rede Brasil Atual
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