sábado, 16 de junho de 2012

Em defesa do bom jornalismo

Alguns empresários da comunicação, principalmente no Interior, não entendem que a maior fortaleza de um jornal é sua credibilidade.

Qualquer ameaça a essa força maior é um tiro de bazuca no próprio pé.

Elementar, meu caro manager.

Os prefeitos, vereadores, empresários da cidade, candidatos a qualquer cargo, precisam do apoio da mídia local para alavancar seus interesses.

Jornais e rádios locais precisam de dinheiro, anúncios.

Esse troca-troca é muitas vezes obsceno. Esconde-se escândalos de prefeitos em troca de alguns reais. Evita-se falar de problemas em empresas para poupar os administradores, enquanto milagrosamente aparecem mais anúncios da mesma empresa na mídia.

Acontece que o mundo mudou - ainda que muita gente não se dê conta.

Hoje a mídia é muito mais do que rádio, jornal e TV.

A democratização da informação revela os abusos de quem tem a mídia na mão. Quem não tiver visão de que seu negócio é muito mais do que mídia tradicional - ou seja, é credibilidade - vai morrer.

Por isso é muito revoltante ver jornais como Diário dos Campos (Ponta Grossa, PR), Correio de Uberlândia (Uberlândia, MH) e Diário do Grande ABC (Santo André, SP) abrindo enormes espaços a políticos em ano eleitoral. É um recibo de que sua credibilidade vem bem abaixo da necessidade de caixa, em uma escala de valores.

Se esse espaço nobre não veio em troca de interesses econômicos significa que há uma tremenda incompetência editorial no comando - o que é ainda mais preocupante.

Outros jornais do Interior - alguns de capitais também - têm demitido editores competentes, comprometidos com o bom jornalismo, substituindo-os por profissionais que aceitam o jogo do toma-lá-uma-matéria-favorável-e-dá-cá-um-novo-anúncio.

Isso é um absurdo. Uma derrota do jornalismo.

O único consolo é que o leitor - a audiência - é soberano. Ele sabe selecionar o que vai consumir.

Jornais, rádios e TVs que preferem apoiar pessoas e empresas em troca de dinheiro, misturando comercial e editorial de maneira escandalosa, permitindo que a seriedade de um meio de comunicação seja contaminada pelos interesses inescrupulosos, estão condenados à morte.

O tempo dará a resposta.

por Eduardo Tessler do Mídia Mundo

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