UM LEGADO CULTURAL QUE MERECE SER PRESERVADO
Teresa Christensen*
No ano de 1919 na Vila 14 de Julho, séde da recém criada Colônia Santa Rosa, teve início a construção da Sociedade Lírica Concórdia. Era o espaço onde descendentes de imigrantes alemães e de outras etnias também se reuniam com a finalidade de incentivar o canto coral. Ali, homens e mulheres, cansados da labuta diária e do pesado trabalho na roça, buscavam nos fins de semana, ou nas comemorações festivas, um espaço de lazer e aconchego, de conversas e de amizades. Ali, se ouvia hinos de louvores e saudosas canções que lembravam à pátria distante. Ali, começavam namoros e celebravam-se casamentos, festas de batizados, enfim todos os acontecimentos da vida cotidiana daqueles pioneiros. Ali, estavam organizados os grupos de Bolão com seus famosos campeonatos, a cancha de bocha que após disputas e torneios tudo terminava com um grande baile. Assim, o enorme casarão de madeira, era o espaço de referência para os nossos antepassados.
Na Sociedade Concórdia, no ano de 1931, foi celebrada a festa de emancipação política do nosso município. Uma festa grandiosa, com a presença de toda a comunidade.
Este espaço foi ao longo do tempo, testemunha de todos os acontecimentos históricos e sociais de Santa Rosa.
A cidade crescia e a modernização da Sociedade Concórdia fazia-se necessária. O local escolhido para a nova sede foi a Avenida Rio Branco. Na década de 50 com ajuda de toda comunidade, foi inaugurada a majestosa sede do novo Clube Concórdia. Era o cartão postal e orgulho de todos os habitantes de Santa Rosa. Enfim o “Palácio Rosado” com as suas belas escadarias e seus grandes lustres assistiu durante longos anos os lindos bailes de debutantes, a presença de elegantes casais, as grandes festas de casamentos, os inesquecíveis acontecimentos sociais, os animados carnavais, os almoços e jantares com as mais diversas autoridades estaduais e federais que visitaram o nosso município, enfim , tudo de bom que acontecia na cidade de Santa Rosa, tinha como local o Clube Concórdia.
Hoje, em decadência, foi posto a venda por milhares de reais. Uma espécie de leilão para ver quem pode mais. Alguns acham até que deveria ser demolido para não atrapalhar os negócios da iniciativa privada. É bom lembrar que um povo que não preserva a sua história, no futuro não terá onde plantar as suas raízes.
Este patrimônio histórico pertence ao povo de Santa Rosa e não tem preço que pague. O respeito a sua preservação implica no estabelecimento de elos indeléveis entre a memória, a história, a vivência e as lembranças. É um legado histórico que junto com a modernidade constituí uma herança valiosa para as futuras gerações.
Assim, Senhores, Senhoras e jovens santa-rosenses se mobilizem EM DEFESA DO CLUBE CONCÓRDIA!
* Historiadora e Mestra em Educação nas Ciências.
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