quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Em entrevista a rádios comunitárias, presidente Lula defende marco regulatório das comunicações

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou nesta quinta - feira, 2, que a discussão sobre o novo marco regulatório dos meios de comunicação não é uma forma de impor censura à imprensa. Em entrevista a rádios comunitárias, Lula disse que, muitas vezes, os meios de comunicação confundem críticas com cerceamento. “Há uma briga histórica. Os meios de comunicação confundiram isso, como se fosse um cerceamento da liberdade de imprensa. A coisa mais pobre que eu acho é alguém achar que não pode receber críticas, que é intocável”, disse ao acrescentar que nunca pediu para a imprensa “falar bem” dele. “Só quero que falem a verdade, aquilo que aconteceu”, completou.

Lula admitiu que houve críticas quando o governo resolveu fazer o que chamou de “democratização da publicidade”. O número de empresas que atendem ao governo passou de 400 para mais de 8 mil, segundo Lula. “Isso teve uma reação bruta porque você tinha um pequeno grupo que estava acostumado a 'comer' sozinho”, disse.

Sobre o futuro do Ministério das Comunicações e também das rádios comunitárias, Lula disse que, nos últimos 30 dias de seu governo, provavelmente não dará tempo de tomar mais medidas para o setor, mas que a presidenta eleita, Dilma Rousseff, certamente cuidará do assunto.

“Pode ficar certo que Dilma sabe o que tem de fazer para o Ministério das Comunicações ter um papel mais importante do que o que teve no meu governo, exatamente por causa do marco regulatório”, afirmou, ao destacar que ela é favorável à nova regulação da comunicação no Brasil. “Dilma não veio de onde eu vim, mas ela vai para onde eu vou. É uma mulher de cabeça boa, arejada, que vai fazer coisas extraordinárias”, disse.

A missão da nova pasta será de mais responsabilidade que a do ministério anterior por causa das discussões do marco regulatório. Para Lula, a legislação atual precisa ser atualizada. “Temos uma legislação de 1962, quando não tinha nem fax, nem telefone digital. Imaginem a dificuldade que tivemos de criar a TV pública e ainda falta muito pra consolidar. Não é só uma coisa para a sociedade, é uma estrutura que foi montada. ”, disse.

Microcrédito e preconceito
Durante a entrevista, o presidente Lula avaliou que o microcrédito é uma das conquistas mais importantes de sua gestão. “Para quem mora na Avenida Paulista, R$ 10 são gorjeta que se dá [para tomar] um whisky de noite. Mas, para uma dona de casa, é dinheiro que ela leva pra casa”, comentou.

Lula também voltou a falar sobre o preconceito na campanha presidencial. “Não tinha noção que pudessem fazer uma campanha tão preconceituosa como fizeram. O preconceito é uma doença que deixa marcas profundas, quase incuráveis”, disse.

Ele afirmou que as discussões sobre descriminalização do aborto durante a campanha só aconteceram porque quem disputou a Presidência pelo PT foi uma mulher. “Peço a Deus que todos eles estejam mais civilizados e permitam que a Dilma possa governar esse país e que a gente possa ver o Brasil avançar”, disse. “Adversário e sempre adversário. Oposição é sempre oposição. Mas democracia é sempre democracia. E vai prevalecer o bom-senso neste país”, completou.

(Com informações da Agência Brasil)

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