segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Perdida na política, mídia vira polícia

Brizola Neto*

Cada um de nós deve estar consciente que, nestas três semanas finais até as eleições, as editorias políticas dos grandes veículos de comunicação se transformarão – algumas já se transformaram – em delegacias de polícia. Não tendo como contestar os avanços e sucessos na economia, nas políticas sociais, nos salários e na renda, a direita brasileira tenta, de todas as formas achar um caso de corrupção ou mesmo de tráfico de influência que substitua o programa que não tem para o país.
Os jornalistas converteram-se em detetives, o jornalismo em inquérito criminal e as reportagens em boletins de ocorrência. À disputa política, querem reduzi-la a isso, a questões policiais.
Todas as denúncias devem ser investigadas, quem delinquiu deve ser punido, mas não é justiça o que procura: o que se deseja é o linchamento moral e político da força que unificou a vontade brasileira de ser um povo e um país.
Não li ainda os jornais, sei que a Veja promete gravações, sei que a Ministra Elenice Guerra prepara-se para enfrentar judicialmente a revista – e, espero, os que a ela se associarem na campanha de acusações até agora improvadas.
É inevitável que tenhamos de acompanhar estes fatos e factóides, até porque eles são e serão o discurso da candidatura Serra, as capas dos jornais, o noticiário das televisões, o programa que a direita não tem a apresentar ao povo brasileiro.
Nosso papel, na internet, é informar, contestar o que deva ser contestado, publicar o que for escondido, não ter medo ou receio de expor a verdade.
Mas não são estes fatos – ou factóides – a razão de nenhum alvoroço. Os fatos já não importam à imprensa, o que importa é o uso político que possam ter, pouco se lhes dando se são ou não verdadeiros ou pontuais.
A razão que os move é a mudança de rumos do país. É isso o que não aceitam.
Por mais que seja importante, neste momento, esclarecer acontecimentos ou suposições de acontecimentos, mais importante é esclarecer a população dos interesses que os grupos de comunicação sustentam com eles. E não ter medo de dizer que a democracia, no Brasil, não pode conviver com a máfia de comunicação que, confessadamente, tenta substituir a legítima, mas desmoralizada, oposição política a este Governo.
É a retomada de uma história golpista que, meio século depois de 54 e de 64, se reedita, agora em papel e imagens coloridas.
O processo eleitoral, embora já pareça ter um resultado previsível, pode ter outro, imprevisto e positivo.
Se em matéria de desenvolvimento econômico, justiça social, salários, consumo, emprego, produção e soberania, o Brasil está se transformando e provando que é possível outro modelo – mais aberto, mais democrático, mais inclusivo – tornou-se evidente que é indispensável mudar, também, em matéria de comunicação e informação.
E esta batalha, ao contrário da eleitoral, não vai se encerrar a 3 de outubro. Prosseguirá e será dura, ao longo do próximo governo, o de Dilma.
Um combate se trava atento a cada golpe, mas uma batalha só se vence quando não se tira os olhos do horizonte.
Deputado federal e editor do blog Tijolaço 
fonte: http://sul21.com.br

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