texto de Alexandre Haubrich
Enquanto grandes empresas de comunicação e as faculdades por elas coordenadas formal ou formalmente tentam fazer com que esqueçamos a função social do jornalismo, enquanto a prática jornalística adentra cada vez mais ao “mercado” e à sua lógica, espalhados por aí, geralmente desarticulados, às vezes sem nem cogitar a existência de seus semelhantes, estão jornalistas preocupados com o que fazer de sua arte.
O jornalismo tem um poder gigantesco. Esse poder está, portanto, nas mãos das empresas jornalísticas, mas os jornalistas independentes também podem se utilizar dele. É um poder que, como todos, pode ser usado de diversas formas. Pode ser usado pensando apenas no salário no fim do mês, trabalhando burocraticamente, e isso é legítimo. Porém, quem eu quero homenagear agora são os jornalistas que, mesmo precisando também manter-se economicamente, fazem do jornalismo uma luta, uma defesa de princípios, tentam usar o poder da comunicação para buscar mudanças sociais, de uma forma ou de outra, com todas as limitações impostas pelas dificuldades econômicas, políticas e logísticas, pelas dificuldades impostas por um sistema que não admite a igualdade e o respeito entre as pessoas ao mesmo tempo em que impede a divergência de pensamento.
São blogs, revistas, jornais e rádios críticos, independentes, comunitários que, mesmo contra os meios hegemônicos e contra o preconceito da sociedade, buscam seu espaço, constroem alternativas para essa mesma sociedade que prefere dar credibilidade para os grandes meios, que a tratam como massa de manobra.
Através da cultura, da política, da literatura ou seja lá do que for, esses jornalistas inconformados com qualquer coisa são os que realmente podem fazer o mundo se mexer. Ninguém muda nada sozinho, mas as ideias questionadoras, subversivas, fazem, sim, diferença. É uma batalha de ideias travada diariamente contra caladores de vozes, contra censores modernos, contra a ditadura do pensamento único.
Portanto, nesse Dia do Jornalista, há sim o que comemorar. Precisamos comemorar o fato de que nenhum de nós está sozinho na defesa de uma sociedade democrática e, por consequência óbvia e inseparável, de uma mídia democrática. A internet, através dos blogs e das mídias sociais, tem ajudado a unir quem já estava unido pelas ideias. O caminho está aí em direção a novos paradigmas está aí, o objetivo está lá, ainda muito longe. Que os jornalistas – com ou sem diploma – interessados nesses objetivos saibam encontrar-se pelo caminho, ou ao menos trilhar caminhos paralelos que, juntos, levem todos até lá.
De qualquer forma, é preciso lembrar-se sempre, em especial nesse dia, da frase de Henfil: “Nós não vamos vencer nunca. Nosso prazer vai ser só o de saber que estamos lutando. Só.”
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