terça-feira, 2 de março de 2010

A pseudo ameaça à liberdade de imprensa...


Publicado em 02-Mar-2010

Após fugirem do debate proposto pela Confecom (1ª Conferência Nacional de Comunicação) que reuniu setores da sociedade civil, governo e representantes da imprensa em torno da elaboração de uma proposta democrática sobre a comunicação no país, os barões da mídia voltam a acenar com o fantasma da ameaça à liberdade de imprensa que haveria no continente.

Agora, eles e seus jornalistas reuniram-se no chamado Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, organizado pelo Instituto Millenium para discutir o que chamam de "liberdade de imprensa". A pauta era óbvia: bradar e dar a máxima publicidade - o que lhes é fácil, por terem todos os veículos nas mãos - à essa "ameaça" no Brasil com governos, atual e futuro, do PT.

Para ajudar o coro dos barões da mídia, estiveram presentes representantes e dirigentes de emissoras latinoamericanas. E o que se ouviu foi a velha cantilena de comparar o nosso país com a realidade de outros, bem a gosto da imprensa defensora da liberdade de ocasião.

Mídia isenta?

Seria cômico, não fosse trágico, o fato de, durante o evento, estarem presentes exatamente os representantes da verdadeira ameaça à liberdade de imprensa no nosso país: os responsáveis pelo monopólio da comunicação, os que lutam dia e noite para que a informação - um direito do povo brasileiro - permaneça nas mãos de poucos, sem nenhuma responsabilidade ou respeito à Constituição, ao sabor de seus interesses econômicos e políticos.

Um apanhado das discussões do Fórum nos jornais de todo o país hoje, revela uma verdadeira piada. Todos sabemos que no Brasil existe liberdade de imprensa e que ela não corre o menor risco neste ou no próximo governo do PT. E mais: a imprensa brasileira é editorializada; tem partido político, por suas práticas constitui-se ela própria numa legenda partidária; cria factóides, heróis e vilões do dia para a noite, sem o menor compromisso com a ética jornalística, a isenção, a imparcialidade ou os direitos do cidadão, ainda que estes estejam escritos na Constituição.

Como sempre repito aqui: o que está por trás desse discurso não é a liberdade de imprensa. Se fosse, não teríamos assistido à vexatória - e infrutífera - tentativa dos seus barões de esvaziar a Confecom. O que está em jogo é a continuidade do monopólio da mídia, o medo de qualquer tipo de regulamentação. O resto é conversa para vender jornal.

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