quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Abestada

Textinho indicado pela Tereza G. [agora, quase internacional!]


"Eu não tenho muito saco pra gente esnobe, mas sem estofo. Gente querendo pagar de chique, culta e viajada, mas que só sabe falar de roupa + sapato + dinheiro, que só lê livros de auto-ajuda, culinária ou os "shopaholic" da Sophie Kinsella e não consegue apontar o Marrocos num mapa. Tipo, quer ser isso tudo e tá feliz? Fabuloso! Mas não queira bancar a esnobe, porque aí fica ridículo, filha.

Eu não sou uma pessoa esnobe. Nem faria sentido; não sou rica, não sou bonita, nem culta (e nem dói não ser nada disso, sinceramente). Tenho um português mediano (e piorando a olhos vistos desde que saí do Brasil), leio clássicos e porcarias (e às vezes gosto mais das porcarias), adoro música brega pra relaxar e no Rio você tanto poderia me achar na fila de uma pré-estréia de filme iraniano quanto comendo pipoca num cartoon da Pixar. Faço compras na Selfridges e em lojas de segunda mão (tenho uma saia favorita que deve ter sido usada por umas quatro gerações de mulheres). Meu inglês escrito é passável mas, apesar de ter uma pronúncia OK, minha auto estima esfarrapada me impede de bater papinho com estranhos no idioma da Lilica. Arrasto tudo com a barriga e já reciclei a carapuça de culpada faz tempo (atualmente eu a utilizo para coar café). Não acredito ser possível virar best-friends-forever-BFF-OMG com gente que, mesmo sem precisar, parece ter alguma coisa a provar para o mundo.

Uma das (poucas) vantagens de sair da adolescência é parar de se importar tanto com o que terceiros possam pensar a seu respeito. Sim, isso é possível! Ainda bem - porque, pra perder os peitinhos empinados dos meus 15 anos, o prêmio de consolação por envelhecer tinha mesmo que ser phoda. O dia em que eu conseguir ignorar completamente o que qualquer pessoa venha a pensar de mim, serei feliz."

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